Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

A aventura do jornalismo empreendedor

As voltas que o mundo dá: depois de tantos anos na chamada grande imprensa (Última Hora, O Globo, Manchete, Panorama Brasil), há quatro anos assumi o Imprensa Livre.


Imprensa Livre é um jornal diário do litoral norte paulista, circulando nessa condição há 15 anos. Antes foi mensal, semanal, mas desde então tem essa condição heróica, num mercado como o nosso, que você conhece…


Quando chegamos ao Imprensa Livre, ele circulava diariamente em São Sebastião (a sede), Caraguatatuba e Ilhabela. Expandimos a circulação diária, logo em seguida, para Ubatuba. Desde o ano passado estamos também diariamente em Guarujá.


Uma pesquisa do Instituto Opinião Pesquisa, realizada no ano passado, aponta o Imprensa Livre como 7,3 vezes mais lido em São Sebastião do que a Folha de S.Paulo, o segundo colocado. Na verdade, se se somar a Folha, o Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde, Valeparaibano (de São José dos Campos), Diário de S.Paulo e A Tribuna (de Santos), todos juntos não alcançam a metade do bolo-leitor do Imprensa Livre.


Nas outras cidades do litoral norte a nossa presença, embora não tão acachapante, é maciça.


A edição online tem mais de um milhão de page views/mês (janeiro/2005), o que lhe confere a liderança de audiência na região, de acordo com a Locaweb/Webtrends.


Com gráfica própria (duas rotoplanas), produzimos agora três edições diárias diferentes – Guarujá/Bertioga, São Sebastião/Ilhabela e Caraguatatuba/ Ubatuba –, com venda em bancas e assinaturas de Guarujá a Ubatuba, inclusive praias da Costa Sul do município de São Sebastião, como Maresias, Cambury e Juquehy.


Cadernos especiais


Quando assumimos o jornal, optamos por fazer do Imprensa Livre um jornal diversificado para atender o variado leque de leitores da região. A antiga experiência da Última Hora ajudou nessa decisão. A velha UH carioca produzia edições diferenciadas, com páginas diferentes para a Baixada Fluminense, Centro e Zona Sul.


Tiramos, somadas as três edições regionais, 5.000 exemplares/dia de terça a sexta (2.000 em Guarujá), e 7.000 aos sábados, totalizando 27 mil exemplares durante a semana. Pode parecer pouco, mas se se considerar que a população do litoral norte passa pouco de 200 mil habitantes…


Guarujá desequilibra um pouco essa balança, com seus quase 300 mil habitantes, mas é uma história ainda muito nova, estamos com edição diária lá desde 3 de junho de 2004.


Aos sábados, quando circula com um mínimo de 32 páginas, o Imprensa Livre acrescenta mais quatro cadernos ao seu caderno principal de notícias: o ‘Classificados’ (que circula também nos demais dias da semana), o ‘Automóveis’, o caderno em cores ‘Fim de Semana’ (cultura e variedades) e, uma vez por mês, o ‘Guia Praias&Baladas’, em tamanho tablete, cor, acabamento grampeado, com distribuição, além das bancas e assinantes, nos quartos de hotéis e pousadas da região para atender diretamente ao público turista.


Periodicamente o Imprensa Livre produz cadernos especiais, com reportagens envolvendo as cidades da região a respeito de um tema específico. Semana retrasada, por exemplo, circulou o ‘Primeira Idade’, voltado ao tema criança & adolescente.


Nas datas comemorativas (aniversários das cidades), editamos cadernos especiais, de grande repercussão e bom faturamento de publicidade.


Espaço de serviços


No dia-a-dia, o jornal tem sido pioneiro – a bem da verdade desde sua criação – no espaço dedicado ao meio ambiente, e foi praticamente o estandarte da briga pela preservação do arquipélago de Alcatrazes como parque ecológico – com a proibição, agora obtida provisoriamente, do fim dos exercícios de tiro da Marinha naquele santuário de aves e répteis.


Temas do interesse local, como os derramamentos de petróleo no canal de São Sebastião, a situação dos aterros sanitários (lixões) e outros fazem com que as ONGs sejam nossas interlocutoras freqüentes, desde antes disso virar moda pelo Brasil afora.


Também iniciamos uma parceria com o Grupo VR, o Ação Cidadã, painel de cidadania com as principais realizações de ONGs e da sociedade organizada. Está acompanhado de um site na internet e tende a virar um espaço de serviços destinado ao Terceiro Setor – obtivemos apoio da OAB, que vai dar algum suporte jurídico às entidades da sociedade civil em gestação.


Ossos do ofício


Falando assim, tudo parece um jardim de rosas. Mas tem também muito espinho. A própria decisão de ampliar o jornal, levando-o a circular com cara própria nas quatro cidades do Litoral Norte, mais Guarujá, está ligada à necessidade de aumentar o mercado, até então muito restrito.


Enfrentamos desde o primeiro dia muita dificuldade na formação da redação. Há pouca oferta de jornalistas na região. A mesma dificuldade acontece na área comercial e se repete na gráfica.


No fim das contas, o jornal repousa sobre poucos ombros: o editor-chefe é o meu filho Igor, que tem experiência na sucursal de O Globo e na redação da Folha de S.Paulo. Minha nora, Taís, originalmente fotógrafa, revelou-se no jornal como editora de cultura e cadernos especiais. No Guarujá, é minha neta Marina, que está terminando seu curso de jornalismo, quem chefia a sucursal da Baixada.


Temos, além da redação na sede, correspondentes e representantes em Ubatuba, Caraguatatuba, Ilhabela, Bertioga e Guarujá.


Outro diferencial é o fato de contarmos, sempre, com a colaboração de jornalistas ‘da pesada’, fruto das minhas relações pessoais, dos meus 50 e tantos anos militando na imprensa.


Talvez o mais importante seja verificar que o futuro da imprensa está justamente nessa ação regional, na valorização do que acontece nas pequenas cidades, no que pensa e deseja o nosso leitor, ainda não contaminado, de todo, pela TV e que não se enxerga na grande imprensa. (Nenhum dos grandes jornais tem sucursal na região. Vez por outra eles se valem de frilas, quando não ‘chupam’ o noticiário do nosso site).


Nossa luta, hoje, é convencer as agências de publicidade exatamente disso: nosso jornal fala ao consumidor do Litoral Norte. É um diálogo, uma rua de duas mãos. Uma notícia publicada no Imprensa Livre provoca reação imediata. Uma queixa ou reclamação do nosso ‘Fala o Povo’ encontra resposta (geralmente positiva) das autoridades.

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Jornalista, e-mail (veltman@imprensalivre.com)