Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A evidência da hipótese do Agenda Setting

Com o advento do Twitter, a manifestação da hipótese do Agenda Setting [formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970, consiste na hipótese de que a mídia dita, em parte, os assuntos que farão parte da pauta de assuntos a serem discutidos pela sociedade] se torna bem clara. Não raro, assuntos pautados pela transmissão televisiva são alvos de debates em tal rede social.

Um artifício fundamental para percebermos tal hipótese é o Trend Topics, que consiste em uma lista dos dez assuntos mais comentados na rede num dado momento. Os Trend Topics são formados a partir do ranking de hashtags dos assuntos pautados no dia e os hashtags, por sua vez, são formados por expressões escritas sem espaço, precedidas do “#” (jogo da velha). Desde o fim da noite de ontem (9/7) um hashtag que se destaca é o #FaroesteCaBLOco, o qual após uma pesquisa, não consegui chegar ao autor. Coincidentemente, ontem foi veiculada uma matéria no programa Fantástico, da Rede Globo, intitulada “Vida e obra de Renato Russo chegam às telas do cinema”, na qual em 5 minutos e 6 segundos citou dois filmes que estão sendo produzidos sobre o astro e um dos quais é baseado em uma música do ícone chamada “Faroeste Caboclo”.

Por conseguinte, alguém pode ter errado na grafia do título e desencadeado uma repercussão, a qual já está tomando caminho diferente. Até onde consegui pesquisar, um tweet postado no fim da noite de ontem criticava o erro de grafia postado por alguém. Nos últimos posts que acompanhei, já estavam comentando que o nome do filme fora modificado de “Faroeste Caboclo” para “Faroeste Cabloco”, para não pagar direitos autorais, o que não foi citado na matéria do Fantástico.

O fato é que não importa de onde partiu a hashtag, mas a exibição da matéria se tornou pauta dos assuntos tratados na sociedade, ou, como reflete Saperas (1993, p. 55-6): “Quanto maior for a ênfase dos meios sobre um tema, maior será o incremento da importância que os membros de uma audiência atribuem a estes temas enquanto orientadores da atenção pública. Assim, os meios de comunicação, através de sua capacidade para estabelecerem uma agenda pública, não determinam o que as pessoas pensam, mas aquilo sobre que pensam” [SAPERAS, Enric. Os efeitos cognitivos da comunicação de massas: as recentes investigações em torno dos efeitos da comunicação de massas: 1970/1986. Trad. Fernando Trindade. Porto: Asa, 1993].

O link da matéria está disponível aqui. E o da discussão no Twitter, aqui.

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[Julio Cezar Pereira Peres é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da UEPB, Campina Grande, PB]