Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A grande imprensa em 1950, 2002 e 2010

A transformação do jornalismo político anunciado pelo jornalista Franklin Martins no livro Jornalismo Político precisa ser analisada minuciosamente. A obra do experiente profissional da comunicação é excelente. Revela os bastidores da política, a importância de o jornalista ser um bom caráter, entre outros. O autor, logo nas primeiras páginas, analisa as capas dos jornais de 1950, a fim de compará-las à cobertura política das edições de 2002.


Em 1950, a mídia escancaradamente apoiava o brigadeiro Eduardo Gomes. Não queria Getúlio Vargas no poder. Martins avalia que a diferença dos jornais daquela época era que logo na primeira página eles revelavam sua preferência política. Não enganavam a população com a famosa palavra pluralidade.


Já em 2002, quando Lula venceu José Serra, os tradicionais jornalões não expressavam apoio a nenhum dos dois candidatos para presidência na primeira página. Segundo Martins, a neutralidade desses veículos não significava que eles não tinham preferências políticas. Mas nas entrelinhas, os grandes jornais tinham o candidato de sua preferência. E, como todos sabem, era o tucano Serra. Derrotado.


Pois bem, para os apreciadores da política estamos num cenário eleitoral pitoresco. Os grandes veículos de comunicação não expressam seus anseios na primeira página, assim como em 2002, mas dentro delas a cobertura atual política contra o PT é apelativa e, principalmente, manipuladora.


‘Coincidência’ no número e na cor


A população é enganada. E, sabe por quê? Porque os fatos não são cobertos com responsabilidade. A grande imprensa não respeita o leitor. Muitas vezes, cria falas mentirosas e, depois que o estrago está feito, vem dizer que houve interpretação errada do jornal. A Dilma que o diga.


De um lado, José Serra (PSDB), cria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, prega unidade, ampliação do Bolsa Família e atenção aos mais pobres. Apoiado pela grande imprensa, o tucano se sente no porto seguro. E quem não se sentiria? Um dia, a revista Veja dá o candidato Serra na primeira página com a mão no queixo (até parece a Bela Adormecida). No outro, a Globo lança um vídeo de comemoração aos 45 anos da emissora, a fim de indicar o número do melhor presidente para o país. Coincidentemente, no final, ao lado do símbolo global, o 45 é igualzinho ao número do partido tucano, inclusive a cor. Além de tudo, o candidato conta com o auxílio dos jornais Folha, Estadão e O Globo. É covardia ou não é?


Corrigir arestas


Oposto aos pessedebistas, o PT da candidata Dilma Rousseff busca fôlego diariamente para sobreviver. E esse fôlego vem das mobilizações de blogs e sites progressistas, a fim de corrigir inúmeras injustiças contra a candidata. O eixo máximo dessa corrida eleitoral continua sendo o presidente Lula, que tem aceitação espetacular.


Vale registrar que não existe eleição fácil. O PT precisa estar atento e corrigir arestas na corrida presidencial. Uma delas seria expor mais o presidente Lula no site da Dilma. Quanto mais Lula aparecer ao lado de Dilma, mais a população saberá que ela é a continuidade. Os apoiadores da candidata petista precisam estar unidos, a fim de combater os grandes veículos.


Do outro lado, eles estão ‘armados’ e muito bem ‘armados’.

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Jornalista