Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A ofensiva

Desde quinta-feira (25/11) temos acompanhado pelos meios de comunicação uma das maiores ações da polícia e do governo do estado do Rio de Janeiro contra o crime organizado. Tudo começou com o anúncio da transferência de chefes do tráfico de prisões de segurança máxima para outras localizadas do outro lado do país, de modo a dificultar ao máximo a comunicação destes com seus cúmplices.

Em represália ao Estado legal, o Estado paralelo iniciou uma campanha de terror na cidade maravilhosa. Há seis dias, ônibus e carros tem sido incendiados nas vias públicas de toda cidade por marginais com a intenção de intimidar o governo e a população, mas o tiro saiu pela culatra. O que se viu desde ontem, foi uma ação de força nunca antes vista, onde os esforços do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Polícias civil e militar e a Marinha do Brasil, somados ao apoio da sociedade carioca, fizeram a diferença. A sociedade como um todo, aderiu a uma real ofensiva. A hora é das mais tensas e delicadas, mas também e a mais auspiciosa. É a chance! Podemos derrotá-los e recuperar as comunidades antes sob o domínio do crime e trazê-las de volta à normalidade, onde a população já não precise viver sob a ameaça do crime militarizado.

A cena mais forte desse novo capítulo da ‘guerra carioca’ foi a fuga em massa de mais de trezentos marginais do morro São Vicente para o Complexo do Alemão, atravessando o morro e a mata que separam as duas comunidades. Uma fuga emblemática! Que mostra que a nova postura da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, enfim, acertou o passo no combate a violência. Bandidos que, mesmo armados com armas pesadas e de grosso calibre, se encontravam em fuga, debaixo do fogo da polícia carioca.

É preciso mostrar o poder do Estado

O apoio da comunidade à ação da polícia mostra que as pessoas estão cansadas, que os cidadãos de bem querem um fim para essa situação que macula o Rio de Janeiro. A hora de combater as facções criminosas de forma dura e impiedosa chegou. Caiu por terra aquela visão ignorante de que o bandido é uma vítima do sistema. Digo isso, pois existem muitas pessoas que são vítimas do mesmo sistema e que não se tornaram marginais. É uma questão de escolha. Esses homens escolheram viver pela droga e pelo fuzil. Então, que paguem muito caro pela droga e o fuzil também.

O ideal seria resolver isso com o mínimo de violência? Claro que sim. Mas não há mais jeito, a solução imediata do problema envolve de forma irremediável o confronto direto. Vai morrer alguém? Infelizmente, vai, e espero que seja pelo menos a metade daquele batalhão que vimos em retirada ontem. Ao ver aquele contingente criminoso e suas dimensões, creio que o ideal hoje não é usar apenas blindados. Seria o caso até mesmo de utilizar foguetes e artilharia de campo também.

É preciso mostrar o poder do Estado constituído de forma enérgica. Mas isso seria para esse primeiro momento porque senão a solução não sairá da esfera paliativa, do tapa-buraco. Todo mundo sabe que o eixo Rio-São Paulo é a área onde há o maior contingente militar do país, são 20 homens para cada um lotado em Belém, por exemplo. Por que esse contingente ocioso não pode ser remanejado para as fronteiras, que é onde acontece a entrada de armamento e drogas para as facções criminosas e as milícias?

Podemos vencê-los

Vale lembrar que o Rio de Janeiro é vítima de um sistema onde a segurança, a educação e a saúde estão em terceiro plano. Não rende votos aos piores marginais! Aqueles que estão na capital federal. Não sejamos tolos! Muitos destes homens, eleitos pelo voto popular, estão ligados indireta ou diretamente a essas facções criminosas e devem receber por parte da população e do Estado legal o mesmo punho de ferro.

Da mesma forma, o usuário de drogas, que é o principal financiador dos marginais deve, sim, ser também tratado como marginal. Ser preso, caso seja pego portando ou escondendo entorpecentes e ser obrigado pela justiça a se tratar. A meu ver, o viciado é vítima, mas também um criminoso, pois no ato de prejudicar a si mesmo, prejudica a sociedade, pois sustenta o criminoso e lhe provém recursos para compra de mais drogas e armas.

Ao governo do estado do Rio de Janeiro, aos bravos policiais e militares e em especial ao bom povo carioca, minha solidariedade e aplauso. Sejam firmes e nenhum passo para trás! Podemos vencê-los! Mais do que nunca, precisamos encontrá-los e enfrentá-los. Como sociedade e como nação.

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Comunicólogo, Belém, PA