Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A sociedade não está ao lado dos professores

A cada ano letivo, temos greves nas escolas públicas de boa parte do Brasil. A luta envolve a questão do baixo salário, o sucateamento das escolas, a falta de material pedagógico adequado, a superlotação das salas de aula, o problema dos temporários, o desinvestimento na educação pública…

Na verdade, os problemas são tantos… A greve ocorre quando não há mais diálogo entre a categoria e a autoridade. Portanto, a greve é o último recurso numa negociação. Um dado que não pode ser desprezado: professores, de nível universitário, recebem 57% a menos que outros profissionais de formação semelhante.

Por exemplo, o tucano Geraldo Alckmin, em suas entrevistas, nega insistentemente a existência da greve dos professores, que teve início em 13 de março. Com essa atitude apática, o governador desqualifica o movimento e revela sua indiferença e descaso oficial.

De outro lado, a mídia reproduz o discurso da autoridade ao dizer que os docentes e seu sindicato – Apeoesp – são baderneiros, que estão prejudicando os pais e alunos. Porém, a mídia, que é míope, não percebe, realmente, o que está em jogo.

Alckmin não valoriza professores

Pois bem, é lamentável que a sociedade brasileira, como um todo, não participe e não se envolva nessa luta. Pouquíssimos pais fazem isso. O fato é que os profissionais de educação ficam, quase sempre, sozinhos em suas reivindicações. Contudo, a grande contradição é que muitos pais têm seus filhos na escola pública. Por outro lado, é claro que a greve é política, bem como as ações humanas. Tem mais: temos uma mídia anódina de mãos dadas com o poder. Outra coisa: é lamentável que os jornais insistam em ignorar a luta justa dos profissionais de ensino.

Quanto ao governador paulista, ele não é cobrado pelo seu fracasso na educação, na segurança pública e no desabastecimento. E tudo fica bem, afinal é tucano. A grande imprensa, que entre nós é partido político, fecha os olhos e tapa os ouvidos. Causa estranhamento que não haja críticas à gestão tucana. Uma verdade: no estado mais rico do país, a grande imprensa é submissa ao tucanato. Dessa forma não há reflexão, não há denúncias e não há questionamentos…

Por fim, as perspectivas não são animadoras para os professores… A verdade é uma só: Alckmin e Beto Richa (PR) não sabem o que é valorizar nem respeitar esses profissionais. Ambos não têm um projeto consistente para a educação! Para finalizar, utilizo um parágrafo de um artigo de Maria Alice Setúbal como reflexão: “A valorização dos profissionais da educação passa por sua valorização simbólica, por planos de carreira, salários dignos e, principalmente, formação.”

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Ricardo Santos é professor e jornalista