Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Adriana Ferreira Silva

‘Os beatlemaníacos têm vários motivos para ficar grudados na TV nos próximos dias. De carona nos 25 anos da morte de John Lennon, assassinado por Mark Chapman em 8 de dezembro de 1980, em Nova York, o GNT exibe dois documentários em que ele é o protagonista, além do inédito ‘Os Segredos dos Beatles’, que conta a ‘história secreta’ dos ingleses. Para complementar o pacote, o canal MGM apresenta a ficção ‘John Lennon – O Mito’.

Aos fãs que sentiram taquicardia só de pensar em perder algum deles, não há motivo para pânico: todos serão reprisados pelo menos uma vez (veja quadro).

Quem prefere ir direto ao que interessa, então a dica é se programar para a estréia de ‘John Lennon e Yoko Ono: Uma Chance à Paz’, longa-metragem do canadense Paul MacGrath que registra um protesto da dupla durante sua lua-de-mel, em 1969.

Naquela época, em sua fase mais ‘riponga’, Lennon e Yoko passaram uma semana de pijama e camisola, deitados em uma cama do hotel Rainha Elizabeth, no Canadá, cantando, tocando e fazendo protestos contra a Guerra do Vietnã. No período, o casal concedeu 2.000 entrevistas e recebeu dezenas de jornalistas, fotógrafos, fãs e amigos famosos, como o psicólogo -e então candidato ao governo da Califórnia- Timothy Leary, famoso por suas experiências com LSD, e o poeta beatnik Allen Ginsberg.

MacGrath faz uma edição caprichada, com imagens de arquivo e entrevistas com pessoas que freqüentaram o local, além da própria Yoko, para relembrar uma época em que o barbudo Lennon foi diversas vezes comparado a um Messias.

A cena mais contundente é a gravação da canção que dá nome ao filme, ‘Give Peace a Chance’, hino contra a guerra. O registro foi feito no quarto, com o ex-beatle acompanhado por um coro emocionado. É de arrepiar.

Outra música pacifista de Lennon, ‘Imagine’, tematiza o documentário ‘Imagine, Imagine’. Menos inspirado, o longa utiliza todo o tipo de clichê, de criancinhas a imagens esotéricas, para falar sobre a repercussão dessa música no planeta.

Vale por depoimentos de Yoko e cenas como a de Lennon em uma balada com Mick Jagger.

Fofocas

Assessores de imprensa, ex-empresários, ‘groupies’, amigos de infância e todo o tipo de coadjuvantes contam os podres do quarteto de Liverpool em ‘Os Segredos dos Beatles’, exibido em dois episódios também no GNT.

Farto de imagens de arquivo de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, desde a adolescência até o fim da banda, em 1970, o filme apimenta a trajetória do grupo com histórias sobre sexo e drogas.

Uma mulher que diz ter sido amante de McCartney, Francie Schwartz, conta como um dia ele a convidou para ir ao quarto dizendo: ‘Hoje é dia de f…’.

Não faltam especulações sobre a sexualidade de John Lennon, que teria mantido encontros com o empresário Brian Epstein, descrito como ‘homossexual e sadomasoquista’.

Por fim, o diretor David Carson romanceia a biografia do grupo em ‘John Lennon – o Mito’, uma historinha para ouvir Beatles.’



Adriana Del Ré

‘Produções inéditas lembram 25 anos sem Lennon’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/12/05

‘Na quinta-feira, o mundo lembrará dos 25 anos de morte de John Lennon, assassinado pelo ensandecido americano Mark David Chapman, que afirmou recentemente, num documentário, de que nada poderia detê-lo em sua missão de abater o ex-Beatle. Na TV, as homenagens já começaram. A partir de hoje, o canal pago GNT exibe três documentários inéditos. O primeiro, John & Yoko – Uma Chance à Paz, que vai ao ar hoje, às 21 horas, traz o registro inédito do protesto de Lennon e Yoko contra a Guerra do Vietnã. O momento foi histórico: deitados numa cama do quarto do hotel Rainha Elizabeth, no Canadá, os dois, recém-casados, deram quase 2 mil entrevistas ao longo de oito dias de protesto.

Há histórias curiosas envolvendo o episódio, contadas por quem esteve lá. Como o relato do músico Allen Radu, que falsificou um passe de imprensa, porque era fã de Lennon. Após saber o motivo que levou o músico a tentar se fazer passar por jornalista, o ex-Beatle lhe deu livre acesso ao seu quarto durante os dias que permaneceu no hotel.

Amanhã, às 21 horas, o documentário Imagine, Imagine agrupa mais um punhado de material inédito. No foco, uma viagem pelo processo de criação das composições de Lennon. Mas o interessante mesmo são as imagens inéditas encontradas por acaso, que mostram o casal Lennon e Yoko em sua mansão, além de cenas inéditas de Lennon com Mick Jagger.

O canal exibe ainda, em duas partes, uma na quarta e outra na quinta-feira, o documentário Os Segredos dos Beatles, a partir das 21 horas. Avançando cronologicamente na trajetória da banda, a produção tem como ponto de partida o ano de 1956, quando a Liverpool, na Inglaterra, descobre o rock’n’roll americano. Naquela época, o então adolescente John Lennon ouve um tal de Elvis Presley. Com 15 anos, ele formava sua banda.

Os Segredos dos Beatles traz à tona uma rotina nada comportada da banda, que costumava viver no submundo inglês, entre cafetões e prostitutas, à procura de sexo. Apresentando-se exaustivamente, eles não encontravam muito tempo para dormir ou comer, o que serviu de atalho para o consumo de drogas e álcool, como artifícios para mantê-los em pé.

O Multishow também preparou um especial para reverenciar Lennon. Na quarta, às 23h15, o programa Revista Comportamento prepara uma edição especial, na qual a apresentadora Domingas Person visita um bar paulistano inspirado em Yellow Submarine e conversa com fã-clube brasileiro dos Beatles. Na quinta, às 21h45, o canal destaca o último show em que Lennon e Yoko tocaram juntos, ao lado da Plastic Ono Elephants Memory Band, no Madson Square Garden, em Nova York.’



TV PAGA
Bia Abramo

‘Nem o sobrenatural desafia caretice dos seriados’, copyright Folha de S. Paulo, 4/12/05

‘O sobrenatural, vira-e-mexe, dá as caras nas séries de TV. Nesta última leva que estreou em novembro, pelo menos três (ou quatro, se considerarmos que extraterrestres são um assunto afim) lidam com fenômenos de explicação nebulosa. ‘Ghost Whisperer’ e ‘Medium’ (às 19h e às 20h, segunda na Sony), ‘Supernatural’ e ‘Invasion’ (terça e domingo, às 22h, na Warner) tentam pegar carona no sucesso de ‘Lost’ ou recuperar o charme de ‘Arquivo X’, mas nenhuma delas chega nem sequer perto de um ou outro.

O engraçado é que, noves fora espíritos, fantasmas, seres de outro planeta, mortos-vivos, maldições etc., em todas elas o entorno é de uma caretice sem igual. Os humanos dessas séries vivem imersos em questões comezinhas da vida doméstica, dramas familiares ordinários e personalidades muito, muito comuns. Os elementos não-humanos, por sua vez, pertencem a uma galeria já bem explorada de clichês.

‘Ghost Whisperer’, por exemplo, recicla um motivo bastante recorrente de ficção fantástica. A doce, meiga e absolutamente inexpressiva Jennifer Love-Hewitt, que depois de ‘Party of Five’ não teve nenhum papel relevante, ouve gente morta que ainda não conseguiu ‘passar para o outro lado’. E, claro, as ajuda a resolver suas pendências sentimentais na Terra para poder ‘fazer a travessia’. O cinema já usou essa idéia muitas vezes, com resultados de médio para baixo; na TV, episódio após episódio, certamente não será melhor.

‘Medium’, pelo menos, tem Patricia Arquette, uma atriz com alguns recursos, mas tem o terrível defeito de se levar a sério. Os poderes paranormais da jovem mãe representada por Arquette são usados para resolver crimes, quase que tão mecanicamente quanto o povo de ‘CSI’ reúne as provas ‘científicas’. De resto, há a família e seus problemas cotidianos com a clássica contraposição entre a filha ‘ajustada’ e a ‘esquisita’, só que aqui o assustador é que não se tratam de adolescentes, mas de duas crianças com menos de 10 anos.

Em ‘Supernatural’ há dois irmãos em busca do pai, que era, por sua vez, um caçador de criaturas malignas e desaparece misteriosamente. Com os agentes Mulder e Scully, eles enfrentam manifestações do mundo sobrenatural diferentes a cada episódio. Mais sombrio e misterioso que os outros, o seriado entretanto enreda-se excessivamente no drama – de novo, a rivalidade entre irmãos e uma mãe morta prematuramente em circunstâncias inexplicadas dão pano para a enrolação sentimental.

Em ‘Invasion’, pelo menos, há um mundo mais caótico. As coisas estranhas envolvendo a presença de extraterrestres começam a acontecer em uma cidade devastada por um furacão. Se o cenário é menos comportado, por outro lado, há uma paranóia: é a ex-mulher do herói a principal suspeita de estar sob influência maléfica dos invasores…’



TV DIGITAL
Elvira Lobato

‘Brasil e Argentina fecham acordo para a TV digital’, copyright Folha de S. Paulo, 3/12/05

‘Os governos do Brasil e da Argentina assinaram acordo de cooperação para o desenvolvimento de um sistema único de televisão digital. A iniciativa foi anunciada ontem pelo Ministério das Comunicações. O acordo abre espaço para que os dois países articulem a produção e a venda de bens e serviços.

O objetivo da Argentina ao optar por uma ação articulada com o Brasil é reativar sua produção industrial. Segundo o diretor do Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia do Ministério das Comunicações, Igor Vilas Boas, a Colômbia manifestou interesse em aderir ao acordo e há perspectivas de que outros países vizinhos façam o mesmo, criando assim um sistema regional na América do Sul.

Segundo Vilas Boas, partiu da Argentina a iniciativa da assinatura do acordo de cooperação. O secretário de Comunicação argentino, Mario Guilhermo Moreno, formalizou o interesse durante visita ao Brasil. Na semana passada, o ministério enviou dois representantes a Buenos Aires para dar seguimento às conversas.

Segundo Vilas Boas, são metas dos dois países reduzir o pagamento de royalties e produção industrial a preços competitivos.

A aproximação com a Argentina acontece às vésperas da conclusão do relatório técnico sobre o resultado das pesquisas científicas e das discussões empreendidas nos últimos dois anos para a criação do sistema brasileiro de televisão digital. O relatório deve ser apresentado pelo comitê gestor, ao governo, no dia 10.

Segundo o assessor da Casa Civil André Barbosa, que integra o comitê, o relatório vai detalhar as características do sistema brasileiro de televisão digital pelas universidades, examinar a perspectiva de inclusão desse sistema no mercado internacional e a necessidade de mudanças no modelo regulatório brasileiro. No início de fevereiro, o governo deve anunciar a escolha do sistema que será adotado no Brasil.

Corrida

Nesta segunda-feira, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a Sociedade Brasileira de Computação e a Sociedade Brasileira de Telecomunicações farão uma demonstração, em São Paulo, do que foi desenvolvido pelas universidades: TV de alta definição e transmissão interativa. O governo já investiu R$ 50 milhões em pesquisas.

O presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Paulo Saab, em entrevista à Folha nesta semana, criticou a falta de transparência do governo nas discussões sobre a TV digital.

Segundo ele, a indústria está preocupada com a possibilidade de o governo tomar a decisão sem ouvir os fabricantes, que terão de investir US$ 1 bilhão nas linhas de produção. ‘As empresas são contra a criação de um sistema brasileiro próprio e querem a adoção de um dos sistemas já consagrados no exterior’, diz Saab.

EUA, Europa e Japão pressionam para que o Brasil escolha os sistemas de TV digital oferecidos por cada um deles. Uma missão japonesa, com representes do governo e da indústria, esteve nesta semana no Brasil. O Japão acena com a redução de royalties.

A Comissão Européia, em carta enviada aos presidentes das principais redes de televisão, há duas semanas, acenou com financiamento de 5 milhões para pesquisa. Os EUA prometeram linha de crédito de US$ 150 milhões.’



BAIXARIA NA TV
José Paulo Lanyi

‘Campanha revê critérios contra a baixaria’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 2/12/05

‘O coordenador da campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP), disse em entrevista a esta coluna que poderá rever os critérios de contagem das denúncias contra os programas de televisão.

A campanha foi colocada em xeque pela equipe do programa ‘Pânico na TV’, um grito que acabaria ecoando, tempos e edições depois, na coluna de Daniel Castro na Folha de S. Paulo:

‘Toalha 1 A ‘mobilização eletrônica’ contra o ‘Pânico’ sepultou a credibilidade do ranking baixaria. Anteontem, a campanha antibaixaria admitiu que, das 3.189 ‘denúncias’ atribuídas ao programa, 2.845 foram pelo Orkut ou por corrente de e-mails.

Toalha 2 Pelos ‘critérios’ tradicionais (voto via site e telefone, aplicados aos demais programas), o ‘Pânico’ teve 344 denúncias (10,8% do total). Coincidência: é o mesmo número de João Kléber. Assim, o ‘Pânico’ não deixa de ser o novo líder da baixaria’.

As denúncias pelo Orkut vieram de duas comunidades de proteção aos animais, que não engoliram a brincadeira com uma cobaia içada em uma cesta- fato que, segundo os ativistas, caracterizaria maus tratos ao roedor.

A redatora Rosana Hermannn saiu em defesa do programa: ‘Não houve maus tratos a animais no episódio do ratinho. Ele não foi ‘lançado na atmosfera’ como alegam os protestantes. Foi uma simulação e sem maus tratos. O telespectador pode compreender errado. Pode até criar uma comunidade online alegando algo que não houve. O que não pode é uma Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aceitar e-mails de spam e votos do Orkut como denúncias fundamentadas de algo que não ocorreu’.

Entenda toda a história clicando aqui.

Esta coluna ouviu uma das cidadãs que empreenderam a campanha contra o programa. Márcia R. Ferreira é criadora da comunidade orkutiana ‘Pânico na TV Passou do Limite’:

Link SP – Rosana Hermann nega que tenha havido maus tratos ao ratinho, diz que tudo não passou de uma montagem. Você mantém ou retira as suas acusações?

Márcia R. Ferreira – A afirmação de que o ocorrido com o rato no programa ‘Pânico na TV’ foi uma montagem é no mínimo leviana, tive a infelicidade de assistir ao programa nesse dia, minha indignação é pelo fato de o pobre animal ter sido colocado em situação de risco e extremo estresse. Mas o absurdo maior foi o exemplo, a simples sugestão de uma brincadeira de mau gosto, o incentivo à crueldade contra um animal por si só já é um crime! Mantenho minhas acusações, mesmo porque ainda não vi ninguém ser punido.

LSP – A redatora também critica a fórmula do ranking…

MRF – Nunca havia criado uma comunidade no Orkut, criei esta em um momento de extremo desespero, pois quando assisti pela TV à cena do ratinho fiquei em estado de choque, e minha primeira reação foi ligar o computador e procurar meios de protestar! Já havia sido criado um tópico a respeito do ocorrido em uma comunidade de proteção a animais, comecei a conversar com o rapaz, aí tive a idéia de criar a comunidade. Ela foi criada no dia 9 de outubro, duas horas depois do término do programa. Os objetivos da comunidade são claros, foi criada única e exclusivamente para o seguinte fim: que as pessoas exerçam seus direitos de cidadão de protestar e exigir que a lei seja cumprida. Gostaria de fazer uma observação: Rosana Hermann diz que através do Orkut incentivamos as pessoas a denunciar o programa, então imagina o que é capaz de fazer um programa de TV que tem alcance nacional quando mostra cenas lamentáveis de mau trato a animais! Isso sim eu chamaria de incentivo, e infelizmente de extremo mau gosto!

Em relação à [assertiva de a] maioria das denúncias terem sido feitas através da Internet, é pelo simples fato de ser mais fácil, e vejo como preconceituoso e atrasado o fato de as denúncias terem sido citadas como se fossem spam. A Internet é um meio reconhecido de prestação de serviço, existem cartórios online, bancos online, serviços públicos diversos, inclusive delegacia de polícia online onde crimes são denunciados. Por isso é totalmente legítima a nossa iniciativa de denunciar o programa. Todas as pessoas que o fizeram se identificaram. Eu não diria que a ‘mobilização eletrônica’ contra o ‘Pânico’ sepultou a credibilidade do ranking baixaria’, diria sim que consolidou essa iniciativa e só a fará crescer.

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Leia agora a entrevista com o coordenador da campanha da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados:

Link SP – Rosana Hermann rejeita os critérios adotados pela campanha. Considera inapropriado o cômputo de mensagens estimuladas por comunidades do Orkut- levando-se em conta se tratar de uma ação organizada e dirigida, uma espécie de (imagem minha) ‘campanha dentro da campanha’. Qual é a sua avaliação sobre o episódio e, de forma mais ampla, acerca dos métodos dos trabalhos que o senhor coordena?

Deputado Orlando Fantazzini – Recebemos a opinião da redatora do ‘Pânico na TV’ com respeito. Entretanto, a campanha tem se pautado ao longo dos três anos de existência com a mesma metodologia. Toda e qualquer pessoa que queira denunciar é livre para tal, e a campanha recebe a denúncia como único instrumento que o telespectador tem, se não para se defender, ao menos para formalizar seu protesto.

LSP – Outro fato repudiado pelo programa da Rede TV!: a troca de e-mails entre um assessor da campanha e integrantes dessas comunidades. Pelo teor divulgado no Orkut, parece ter havido um estímulo a novas denúncias, considerando-se a informação de que, às vésperas da divulgação dos resultados- que, conforme o assessor, seriam publicados pela Folha de S. Paulo-, a campanha dispunha-se a receber novas queixas contra o programa. Não seria essa atitude um incentivo a denúncias contra o ‘Pânico’?

OF – A campanha mantém relacionamento com qualquer cidadão e entidades da sociedade civil que, procurando informações e esclarecimentos, lhes sejam disponibilizados, como denunciar, perspectiva de prazo para edição do ranking e outras mais que são solicitadas. Priorizamos o contato por e-mail em razão, inclusive, de sua publicação, sendo assim não vemos nada de anormal em manter contatos, em especial fornecer informações de forma clara e transparente.

LSP – Sem as reclamações do Orkut, o ‘Pânico’ e o programa de João Kleber teriam sido alvos do mesmo número de denúncias: 344. Ambos se manteriam empatados em primeiro lugar no ranking da baixaria. Essa coincidência foi sublinhada pela equipe do ‘Pânico’ e motivou o colunista Daniel Castro, da Folha de S. Paulo, a questionar a credibilidade da campanha que o senhor coordena: ‘A ‘mobilização eletrônica’ contra o ‘Pânico’ sepultou a credibilidade do ranking baixaria’, escreveu o jornalista. O que o senhor tem a dizer sobre esses fatos?

OF – Respeitamos o jornalista que escreveu a referida nota. Entretanto, equivoca-se quanto aos dados, considerando-se que, excluindo as manifestações do Orkut entre e-mails e telefonemas, o programa ‘Pânico’ ficaria com aproximadamente mil e quinhentas denúncias.

LSP – Qual é a sua avaliação sobre o conteúdo do ‘Pânico’?

OF – É um programa que pretende ser humorístico e na falta de criatividade apela para a invasão de privacidade, a ridicularização de pessoas públicas, em clara manifestação de buscar entreter os telespectadores degradando a imagem da pessoa humana.

LSP – Qual é o seu balanço sobre a campanha contra a baixaria na TV?

OF – Para a infelicidade de programas que se utilizam de matéria-prima para a confecção de seus programas como a miséria, a desgraça e a degradação da imagem do ser humano, a campanha tem ganhado cada vez mais apoio dos mais diversos segmentos da sociedade e conseguiu sensibilizar autoridades judiciárias para sancionar aqueles que sistematicamente têm afrontado a Constituição Federal, as Convenções Internacionais e a Legislação Ordinária vigente no país, em face de não se permitir a impunidade, tampouco possibilitar que esse setor se sinta acima da lei.

LSP – O senhor pretende manter o critério de computar como individuais denúncias de integrantes de comunidades e organizações, sejam do Orkut, de outros sites da Internet ou de outros espaços da sociedade? Uma campanha contra determinado programa tem ênfase individual (cada integrante conta uma queixa) ou coletiva (a queixa é uma só)?

OF – A coordenação da campanha, que é o órgão competente para deliberar sobre a metodologia, poderá rever o critério proposto, vez que uma das características da campanha é estar aberta a sugestões que chegam para o aprimoramento das relações de construção de um processo de conscientização quanto à urgente necessidade de democratizar os meios de comunicação e de ter, de fato, uma tevê que cumpra a finalidade preconizada na Constituição Federal em vista da construção de uma cultura de paz.’



Taíssa Stivanin

‘Reação a João Kléber é adiada’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/12/05

‘Prevista para estrear hoje, segundo o acordo entre a RedeTV! e o Ministério Público Federal, a série de 30 programas sobre direitos humanos que ocupará a vaga do programa Tarde Quente, de João Kléber, só entrará no ar na próxima segunda-feira. Agora foram as ONGs responsáveis pela produção deste conteúdo que pediram mais um prazo para estrear com pelo menos 20 programas já concluídos.

A programação vai ao ar às 16 horas, e não mais às 17 h, a pedido da RedeTV! Enquanto isso, o Vila Maluca continua tapando a vaga.

Embora o acordo tenha determinado apenas a suspensão do Tarde Quente, o Eu Vi na TV, que Kléber apresenta à noite, também está fora do ar por tempo indeterminado. É que o MP inseriu no acordo a exclusão de agressões à mulher no tal Teste de Fidelidade, quadro que faz a audiência do programa, e, sem esse recurso, a emissora ainda não viu vantagem em manter o título no ar.

Segundo informações do MP, a programação especial das ONGs à tarde vai até 20 de janeiro. Serão cerca de 30 programas, com uma apresentadora e dois debatedores. Vão abordar, entre outros temas, os índios, os sem-teto, os manicômios e a Febem. Por cinco dias serão exibidos curtas-metragens e documentários sobre os assuntos em questão. Representantes das ONGs e da Procuradoria vão participar dos programas e alguns artistas vêm sendo chamados para entrar em cena. Na lista estão o rapper MV Bill, Lobão, Soninha, Jorge Cajuru e o jornalista Caco Barcellos. A RedeTV! destinou R$ 100 mil para as produções, encomendadas à produtora Gaia.’