Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Apagão e omissão

Em momentos de apagão, ainda bem que existe o rádio. Porém, nem todas as emissoras estavam interessadas, só para variar, nesse serviço de utilidade pública; menos ainda em informar com responsabilidade, baseando-se em ‘notícias’ dos ouvintes. Da parte de uma rádio, tive que ouvir absurdos do tipo: ‘No bairro de classe média da Tijuca, zona Norte do Rio, os moradores estão sofrendo com o calor, dentro de casa, porque o ar condicionado não funciona’ (!!!). E, na periferia carioca, alguma notícia do ‘sofrimento’ dos moradores? Ou nas favelas? Da Zona Leste de São Paulo não ouvi comentário nenhum, como se as emissoras de rádio tivessem optado por não enviar seus jornalistas a essa região, em noite de escuridão.

Em momentos de pânico e caos, sempre se pode contar com oportunistas – abutres – de plantão. Foi o caso das lotações, que cobraram R$ 5,00 dos passageiros que não puderam contar com trens, metrô e ônibus no retorno ao lar. A prefeitura e a SPtrans vão se explicar sobre isso?

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Inteiramente descabido e preconceituoso o comentário do jornalista Alexandre Garcia no jornal da manhã da Globo de quarta-feira (11/11), ao afirmar que o país fica vulnerável a apagões devido à ação dos índios e do MST. Pode? O jornalista tem direito de ser preconceituoso? (Mauricio Gontijo, engenheiro, Belo Horizonte, MG)

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Sei que não é novidade a censura nas comunicações. Há muitos anos a imprensa brasileira convive com perseguições camufladas, ainda mais em cidades do interior. Mas quando as coisas acontecem aos olhos da gente a indignação é sem tamanho. Itajubá tem 90 mil habitantes, uma universidade federal e outras tantas particulares, é sede da única fábrica de helicópteros da América Latina e vive ainda nos anos de chumbo. Duas rádios e um jornal local se ‘venderam’ ao executivo, a quem chamam de ‘prefeitão’ e bajulam o quanto podem. E o único jornal de mais credibilidade, que não mantém nenhum vínculo financeiro com o poder executivo, ao questionar a falta de licitações na área e a promiscuidade reinante entre poder executivo e imprensa, tem sua sede invadida por fiscais tributários, concomitantemente ao escritório de contabilidade do qual o jornal é cliente. Os fiscais agem com truculência e arbitrariedade, levando inclusive notas fiscais em branco. Eu bem poderia ficar quieta e não me indignar, como faz a maioria da população brasileira. Mas acredito que é o silêncio covarde que mantém situações absurdas como esta. Não podemos tolerar este desrespeito à imprensa. (Keila Ribeiro Pereira, secretária executiva, Itajubá, MG)

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Quando da prisão nos Estados Unidos ou do oferecimento da denúncia pelo Ministério Público por suposto crime de lavagem de dinheiro, toda a imprensa noticia com alarde. No entanto, com início do julgamento no Supremo Tribunal Federal determinando, após os votos dos Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli, o trancamento da ação penal e o seu arquivamento, à exceção da Rede Record, nada, absolutamente nada foi noticiado pelos órgãos de imprensa. Por que? Qual o interesse? Principalmente do grupo Globo. Esta é a imprensa livre e democrática que temos neste país? Fica a indignação em relação à parcialidade dos órgãos de imprensa. (Hamilton Mitsumune, advogado, São Paulo, SP)

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Jornalista, São Paulo, SP