Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Apologia do uso da maconha

Muitas pessoas falam além do necessário e, as vezes, dizem coisas que podem influenciar no comportamento de outras. Pessoas anônimas ou quase desconhecidas, cuja influência pouco impacta no comportamento dos demais, ainda passa. Mas o que dizer de pessoas que estudaram, se capacitaram para serem portadoras de informações, para serem formadoras de opinião por excelência, como repórteres e apresentadores de TV, e que ainda trabalham no maior veículo de comunicação do Rio Grande do Sul?

Pois os senhores Cacau Menezes e Roberto Alves, no Jornal do Almoço, da RBS TV, em 21 de maio de 2004 esqueceram-se de suas funções e compromissos com a sociedade, ao tratar do caso de doping de um atleta.

O primeiro, ao entrevistar um dos integrantes da torcida organizada Bobgueira, fez apologia do uso da maconha, deixando seu entrevistado em visível desconforto, ao dizer que essa torcida gostaria de assumir a culpa, pois a maresia poderia ter dopado o atleta. Ao que me consta, para entrar nessa torcida não se necessita de atestado de usuário de maconha – me corrijam os integrantes dela se eu estiver errado –, muito menos que para gostar de reggae e ser fã de Bob Marley é preciso se drogar.

O segundo, ao defender o atleta, chamou a maconha de droga social. Sr. Alves, a maconha é droga ilícita – seu porte, para uso e venda, é crime, seu uso causa dependência e tantas outras chagas que necessitaria de um livro para descrevê-las. De que sociedade o senhor estava falando? Da minha, certamente, não é. A sociedade que eu quero para meu filho, de 15 anos, que assistia a seu programa naquele dia, também não é. Muito menos a sociedade que defendemos na instituição que eu presido, a qual cuida de crianças e adolescentes.

Retratação e engajamento

Como poderemos pensar em acabar com o tráfico de drogas enquanto pessoas formadoras de opinião estão a defender seu uso? O tráfico não é somente a causa. Na maioria das vezes ele é a conseqüência, pois sem usuários ele não existiria.

O atleta flagrado necessita de ajuda, sem dúvida, mas reservadamente, para não se correr o risco de incentivar o uso de drogas por tantas outras pessoas que, talvez, não tenham a sorte dele, que tem um clube, amigos (entre eles, os apresentadores de TV citados), e dinheiro suficiente para se tratar.

Esperemos a retratação dos ilustres jornalistas e, também, da emissora de TV, bem como seu engajamento na luta por uma sociedade livre de traficantes e usuários de drogas. Pelo fim da violência e uso de drogas nos estádios de futebol e em qualquer lugar da cidade.

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Diretor-presidente da Associação de Pais e Amigos da Criança e do Adolescente (Apam-Costeira do Pirajubaé-SC)