Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

As ‘pérolas’ de Paulo Coelho



‘Tratado a tapas e pontapés, nosso idioma ainda é mistério para muitos — mesmo para os que vivem dele!’ (Josué Machado)


A presente crítica mostra as duas faces de Paulo Coelho: escritor de imaginação fértil, mas que se revela medíocre no manejo da linguagem escorreita.


A apreciação minuciosa do livro O alquimista (do referido autor) não deve ser tomada como uma ofensa de caráter pessoal; o intuito é mostrar – principalmente aos leitores jovens e aos jornalistas – que nossa língua tem normas e regras que precisam ser obedecidas (sem as quais – quer queiram quer não queiram alguns – nossos objetivos jamais serão alcançados), pois, como observa o gramático Sacconi, ‘não há profissional sério que não sinta a necessidade de utilizar a norma culta; não há profissional respeitado que não tenha suficientes razões para conhecê-la’.


O escritor Paulo Coelho, que diz já ter encontrado sua pedra filosofal, precisa urgentemente encontrar uma boa gramática, um bom dicionário, e, se preferir – é claro! – uma pitada de mundrunga para resolver sua deficiência vernácula.


Numa entrevista à revista Playboy, o rei dos best-sellers disse que consegue separar nuvens com a força da mente, parar o tempo, fazer chover e até ficar invisível (entre outras coisas fantasmagóricas). Se nosso mago literário tem tantos poderes assim, bem que poderia invocar os espíritos dos grandes escritores brasileiros para expressar suas idéias, sem maltratar tanto o nosso idioma.


Encontram-se, aqui, apenas algumas das ‘pérolas’ extraídas do seu famoso livro O publicado pela Editora Rocco, edição de número 159. É isto mesmo: centésima qüinquagésima nona edição. Sinto um extraordinário dó pelos leitores da primeira edição:


***


1. ‘Lembrou-se da espada — foi um preço caro contemplá-la um pouco, mas também nunca tinha visto algo igual antes.’ (Pág. 71)


Preço caro é erro indecoroso. Caro já significa de preço elevado. O correto é dizer que o produto está caro ou o preço está alto, exagerado, excessivo (o que não é nenhuma novidade hoje em dia).


2. ‘Haviam certas ovelhas, porém, que demoravam um pouco para levantar.’ (Pág. 22)


Não há registro, em nossa literatura, de nenhum outro escritor que tenha empregado haver no plural, com o sentido de existir. Não se pode atribuir a culpa ao revisor, uma vez que esse modelo de concordância aparece mais de dez vezes em todo o livro.


Demorar, no sentido de tardar, custar, usa-se com a, e não com para: Demorou a retornar à casa dos pais.


Levantar é sinônimo de erguer; levantar-se é que significa pôr-se de pé.


3. ‘ dois dias atrás você disse que eu nunca tive sonhos de viajar.’ (Pág. 86)


A impressão que fica é que PC adora brincar de escrever português. Qualquer pessoa com dois dedinhos de leitura descontraída sabe quee atrás não combinam.


‘Há dois dias atrás’ é expressão redundante, pois a idéia de passado já está contida no verbo haver, sendo desnecessário o uso do advérbio atrás. Só um cego não vê que os dois termos estão brigando. A excrescência também ocorre nas páginas 103, 133, 161, 210, 242…


4. ‘O teto tinha despencado muito tempo, e um enorme sicômoro havia crescido no local que antes abrigava a sacristia.’ (Pág. 21)


‘Fazia aquilo anos, e já sabia o horário de cada pessoa.’ (Pág. 76)


Definitivamente o verbo haver é uma enorme pedra no sapato do nosso alquimista. Quando o verbo haver é usado com outro no tempo imperfeito (ou mais-que-perfeito), emprega-se havia, e não: ‘Quando você chegou, eu já estava na sala havia cinco minutos’. (Arnaldo Niskier)


O mesmo erro encontra-se ainda nas páginas 22, 83, 133, e 157…


5. ‘Em 1973, já desesperado com a ausência de progresso, cometi uma suprema irresponsabilidade. Nesta época eu era contratado pela Secretaria de Educação de Mato Grosso…’ (Pág. 8)


Nesta época refere-se ao período em que o escritor estava escrevendo, e não a 1973. Nessa é que se usa com referência a tempo passado ou futuro. Naquela seria outra opção ajuizada. Os erros se repetem nas páginas 50, 54, 77, 119, 143, 238…


6. ‘— Então, nas Pirâmides do Egito, — ele falou as três últimas palavras lentamente, para que a velha pudesse entender…'(Pág. 37)


O verbo falar é intransitivo (não pede complemento); o verbo dizer é que se usa transitivamente. Falar só se usa com objeto em expressões como falar verdade, falar inglês, francês etc.


Veja outros casos em que o verbo falar foi usado indevidamente:


‘Por isso lhe falei que seu sonho era difícil.’ (Pág. 38)


‘O velho, entretanto, insistiu. Falou que estava cansado, com sede…’ (Pág. 42)


Antes da palavra que, usa-se dizer, e não falar.


7. ‘E quero que saiba que vou voltar. Eu te amo porque…’ (Pág. 189)


Fazer alquimia com as pessoas de tratamento, parece ser a diversão preferida de Paulo Coelho. O próximo exemplo é ainda mais dramático:


‘— Eu te amo porque tive um sonho… Eu te amo porque todo o Universo conspirou para que eu chegasse até você.’ (Pág. 190)


Sei que é covardia comparar PC com um dos clássicos de nossa literatura. Mas confesso que não resisti à tentação. Compare este trecho de Machado de Assis, extraído de Dom Casmurro: ‘Aqui tendes a partitura, escutai-a, emendai-a, fazei-a executar, e se a achardes digna das alturas, admiti-me com ela a vossos pés…’


8. ‘Por isso costumava às vezes ler… ou comentar sobre as últimas novidades que via nas cidades por onde costumava passar.’ (Pág. 22)


Não se diz comentar sobre alguma coisa , mas sim comentar alguma coisa: ‘Todos comentavam o desastre.’ (Aurélio)


Dizer últimas novidades é chover no molhado. Novidade já pressupõe algo novo ou acontecimento recente. Não vou dizer que a expressão às vezes deveria estar entre virgulas, para não me tacharem de ranzinza. Veja outros deslizes semelhantes:


‘O pastor contou dos campos de Andaluzia, das últimas novidades que viu nas cidades onde visitara.’ (Pág.24)


‘A gente sempre acaba fazendo amigos novos, e não precisa ficar com eles dia após dia.’ Pág. 40)


‘O alquimista enfiou a mão dentro do buraco, e depois enfiou o braço até o ombro.’ (Pág. 184)


Últimas novidades… fazer amigos novos... enfiar dentro… Por que será que os alquimistas gostam de fazer isso com a gente? Por quê?!


9. ‘Todos os dias o rapaz ia para o poço esperar Fátima.’ (Pág. 157)


A preposição a indica deslocamento rápido, provisório; para, permanência definitiva: Quem vai à praia vai passear; quem vai para o litoral vai morar lá.


10. ‘Entretanto, à medida em que o tempo vai passando, …(Pág. 47)


Não existe a expressão à medida em que, mas sim à medida que.


11. ‘O rapaz deu uma desculpa qualquer para não responder aquela pergunta.'(Pág. 25)


‘Então ele sentiu uma imensa vontade de ir até lá, para ver se o silêncio conseguia responder suas perguntas.’ (Pág. 161)


Quem responde responde a alguma coisa: (responder àquela pergunta, responder a suas (ou às suas) perguntas)


12. ‘O rapaz assistiu aquilo tudo fascinado.’ (Pág. 207)


O verbo assistir no sentido de observar exige a preposição a. A expressão àquilo tudo equivale a a tudo aquilo.


13. ‘Mas tinha a espada em sua mão.’ (Pág. 175)


‘…Um cavaleiro todo vestido de negro, com um falcão em seu ombro esquerdo.’ (Pág. 173)


Não se emprega o possessivo quando se trata de parte do corpo, qualidade do espírito ou peças do vestuário. Nesse caso, usa-se apenas o artigo: (na mão, no ombro). 


14. ‘A menina ficava deslumbrada quando ele começava a lhe explicar que as ovelhas devem ser tosquiadas de trás para frente.’ (Pág. 41)


‘— Daqui para frente você vai sozinho — disse o Alquimista.’ (Pág. 229)


A expressão correta é para a frente (sempre com a presença do artigo). Qualquer gramática elementar registra isso.


15. ‘Ao invés de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma atividade imensa…’ (Pág. 58)


Ao invés do aço ou da bala de fuzil, ele foi enforcado numa tamareira também morta.’ (Pág. 178)


A locução ao invés de só se usa quando há idéias opostas; significa ao contrário de: Ao invés de atacar, o time só joga na retranca. Quando as alternativas não são contrárias, utiliza-se em vez de, que quer dizer em lugar de: Em vez de jogar com dois atacantes, o time jogou apenas com um.


16. ‘Tinham-se passado onze meses e nove dias desde que ele havia pisado no continente africano.’ (Pág. 95)


O verbo pisar é transitivo direto; rejeita, pois, a preposição em. (Corrija-se para: …havia pisado o continente)


‘O chão estava coberto com os mais belos tapetes que já havia pisado, e do teto pendiam lustres de metal amarelo trabalhado, coberto de velas acessas.’ (Pág. 167)


Aqui o verbo pisar foi empregado corretamente. O exemplo só perde o brilho devido ao erro que aparece na última palavra. É culpa do revisor.


17. ‘Quase ia falando do tesouro, mas resolveu ficar calado. Senão era bem capaz do árabe querer uma parte…’ (Pág. 65)


Na linguagem escorreita não se usa capaz por provável (nem possível), fato comum na comunicação descontraída, em portas de botequins: (…era bem provável que o árabe quisesse). 


18. ‘A África ficava a apenas algumas horas da Tarifa.’ (Pág. 43)


‘Ah, se eles soubessem que a apenas duas horas de barco existem tantas coisas dife- rentes.’ (Pág. 71)


‘Estamos há apenas duas horas da Espanha.’ (Pág. 65)


O advérbio apenas não deve ficar entre a preposição e o termo regido.Corrija-se para apenas a.


Não se deve dizer da Tarifa, como está no primeiro exemplo, e sim de Tarifa. Com exceção de Cairo, Rio de Janeiro e Porto, nomes de cidade não exigem artigo.


A presença da palavra exercendo o papel de preposição, no terceiro exemplo, é um pecado inominável. Não é coisa de gente sóbria.


Desculpe-me de minha franqueza, meu prezado alquimista, mas quem redige dessa maneira não deve ter a menor consideração para com seus leitores.


19. ‘Já não havia mais a esperança e a aventura…’ (Pág. 79)


O uso simultâneo de e mais constitui redundância. Elimine um dos dois termos, e a oração ficará irrepreensível.


‘Se a gente não for como elas esperam ficar, chateadas.’ (Pág. 40)


Tarefa ingrata é tentar descobrir o sentido dessa frase. Cabeça de mago e bumbum de criança sempre têm coisas estranhas, muito estranhas…


20. ‘‘O pipoqueiro’, disse para si mesmo, sem completar a frase.’ (Pág. 55)


Ora, se a frase não foi concluída, então a expressão deve terminar com reticências. Pois a função dos três pontos é exatamente indicar a omissão intencional de uma coisa que se devia ou podia dizer:


Correção: ‘O pipoqueiro…’


21. ‘Depois de vencidos os obstáculos, ele voltava de novo…’ (Pág.113)


Obstáculos não se vencem; superam-se. Os desafios é que são vencidos.


22. ‘E que tanto os pastores, como os marinheiros, como os caixeiro-viajantes, sempre conheciam…’ (Pág. 26)


Nas palavras compostas por substantivo + adjetivo, flexionam- se os dois elementos.


23. ‘Assim que sentaram na única mesa existente, o Mercador de Cristais sorriu.’ (Pág. 78)


Sentar na mesa deve ser muito engraçado mesmo. Os alquimistas, assim como os políticos, talvez tenham por hábito sentar na mesa; pessoas normais, contudo, sentam-se à mesa.


24. ‘Naquela época não havia imprensa… Não havia jeito de todo mundo tomar conheci-mento da Alquimia.’ (Pág. 133)


Devemos empregar todo o e toda a quando essas expressões equivalerem a o …inteiro e a …inteira: Não havia jeito de o mundo inteiro tomar conhecimento da Alquimia. Todo e toda (sem o artigo) significa qualquer. Toda gramática ensina isso.


25. ‘A visão logo sumiu, mas aquilo lhe deixou sobressaltado.’ (Pág. 162)


Segundo mestre Aurélio, o verbo deixar no sentido de ‘fazer que fique (em certo estado ou condição); tornar é transitivo direto: Deixei-o alegre; A transação deixou-o rico’.


Na página 167, PC escreveu com rara sobriedade: ‘O que viu deixou-o extasiado’.


26. ‘Para quê tanto dinheiro?’ (Pág. 203)


O acento só se justificaria se o que estivesse no final da frase: ‘Tanto dinheiro para quê?’.


27. ‘Mas de repente a vida me deu dinheiro suficiente, e eu tenho todo o tempo que preciso.’ (Pág. 100)


Na linguagem apurada, o verbo precisar não abre mão da preposição de: (todo o tempo de que preciso), a menos que ele venha antes de infinitivo.


Sem querer me parecer ranheta, acho que ‘de repente’ ficaria bem entre vírgulas. É só uma questão de estilo…


28. ‘As pessoas preferem casar suas filhas com pipoqueiros do que com pastores.’ (Pág. 49)


O correto é preferir uma coisa a outra, e nunca do que outra. (Corrija-se para: …pipoqueiros a casá-las com pastores.)


29. ‘Então os guerreiros viviam apenas o presente… e eles tinham que prestar atenção em muitas coisas.’ (Pág. 164)


‘No presente é que está o segredo; se você prestar atenção no presente, poderá melhorá-lo.’ (Pág. 166)


Presta-se atenção a alguém ou a alguma coisa, e não em.


30. ‘Ninguém disse qualquer palavra enquanto o velho falava.’ (Pág. 170)


‘O camelos são traiçoeiros: andam milhares de passos, e não dão qualquer sinal de cansaço.’ (Pág. 181)


Qualquer se usa nas orações declarativas afirmativas; nas negativas, usam-se nenhum e suas variações: ‘Veio duma cidade qualquer, sua vida não foi boa nem má; foi como a dos homens comuns, a dos que não fizeram nenhum destino…’ (Cecília Meireles)


31. ‘A velha pediu para que ele repetisse o juramento olhando para a imagem do Sagrado Coração de Jesus.’ (38) (Correção: …pediu que ele…)


‘…Pediu para lhe mostrar onde morava Fátima.’ (Pág. 189) (Correção: Pediu que lhe mostrasse…)


Seguindo a gramática à risca, pedir para só se usa para solicitar licença, permissão ou autorização. Nos demais casos, usa-se pedir que: ‘Minha mãe ficou perplexa quando lhe pedi para ir ao enterro’. (Machado de Assis) / Pedira delicadamente que não se deixasse exposto à vista nada de valor’. (Carlos Drumond de Andrade).


32. ‘— Podemos chegar amanhã nas Pirâmides…’ (Pág. 66)


‘O rapaz se aproximou de uma mulher que havia chegado no poço…’ (Pág. 150)


‘Chegou na pequena igreja… quando já estava quase anoitecendo.’ (Pág. 245)


Chegar em um lugar é regência dominante na fala brasileira e é encontradiça em alguns escritores medíocres ou sem muita expressão no meio literário, salvo raríssimas exceções.


Verbos de movimento exigem a, e não em: Chega-se sempre, e bem, a algum lugar. O único caso em que se pode empregar em com chegar é na referência a tempo: chegar em cima da hora .


É muito comum a expressão chegar em casa. Os escritores de boa nota, contudo, preferem chegar a casa: ‘Ao chegar a casa, Tavares encontrou a irmã preocupada’. (Dias Gomes)


33. ‘— Por que quis me ver? — disse o rapaz.’ (Pág. 180)


‘— E por que o deserto ia contar isto a um estranho, quando sabe que estamos há várias gerações aqui? — disse outro chefe tribal.’ (Pág. 168) 


Quando há uma pergunta, no discurso direto, o sensato é empregar um destes verbos: indagar, perguntar, interrogar…


34. ‘Mas as crianças sempre conseguem mexer com os animais sem que eles se assustem. Não sei porquê.’ (Pág. 36) (Correção: Não sei por quê.)


‘E por que ?’ (Pág. 56) (Correção: E por quê?)


‘Até que um deles, o mais velho (e o mais temido), perguntou porque o cameleiro estava tão interessado em saber o futuro.’ (Pág. 165) (Correção: …por que o cameleiro…)


‘Não pergunte porquê; não sei.’ (Pág. 209) (Correção: Não pergunte por quê;…)


Entre muitas outras coisas, Paulo Coelho também não domina o uso dos porquês.


Veja como mestre Salomão Serebrenick elucida o caso sem magia nem bruxaria, no seu fabuloso livro 70 Segredos da Língua Portuguesa:


‘A melhor norma prática a seguir é esta: só juntar os dois elementos num único caso — quando se tratar de uma resposta ou de uma explicação; nos demais casos, que constituem a grande maioria, separar os dois elementos.


Em final de frase, acentua-se o e: Já sei por quê. Também se acentua quando se trata de substantivo: É bom conhecer o porquê das coisas.’


35. ‘Eu lhe ensinarei como conseguir o tesouro escondido. Boa tarde.’ (Pág. 51)


O verbo ensinar merece atenção muito especial. Quando se ensina algo a alguém, temos: O professor ensinou-lhe a lição. Quando se ensina alguém a fazer algo, temos: O professor ensinou-o a ler e escrever.


No segundo caso, temos um erro quase que insignificante. Mas não nos esqueçamos de que a língua é feita de detalhes: os cumprimentos bom-dia, boa-tarde e boa-noite só se constroem com hifem. É uma pena que certos alquimistas não estejam preocupados com essas coisas miúdas: o negócio deles é encontrar a pedra filosofal. Aposto que nem querem saber se hifem é variante de hífen. O vernáculo para eles está em último plano.


36. ‘Mas o comerciante finalmente chegou e mandou que ele tosquiasse quatro ovelhas.’ (Pág. 25)


O verbo mandar na acepção de ordenar rege o pronome oblíquo o. No entanto, se o infinitivo for um verbo transitivo, como no caso em questão, é admissível também o pronome lhe. Segundo Celso Luft, também é correto construir: mandou-o (ou mandou-lhe) que tosquiasse as quatro ovelhas. Assim, PC teria quatro motivos para não pecar:


a) …mandou-o que tosquiasse…


b) …mandou-lhe que tosquiasse…


c) …mandou-o tosquiar…


d) …mandou-lhe tosquiar…


Todos sabemos que consultar um dicionário de regência verbal não é tão divertido quanto separar nuvens com a força da mente (ou fechar os olhos e viajar pelos campos de Andaluzia…), mas aprendem-se coisas insuspeitas.


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O enredo do livro O alquimista é interessante. Isso nos faz entender por que Paulo Coelho é um dos dez escritores mais lidos em todo o mundo. Li a versão em inglês, e fiquei encantado. Com certeza, ele faz jus a todos os prêmios que tem recebido até aqui. Mas uma coisa precisa ficar bem clara: enquanto Paulo Coelho não permitir que suas obras sejam revisadas por pessoas competentes, jamais será reconhecido, no Brasil, como um grande escritor, porque definitivamente nosso mago vendedor de livros não conhece o idioma em que se exprime.


E digo mais: se continuar atropelando nossa tão maltratada língua, sempre haverá alguém com motivo de sobra para escrever frases como esta: ‘Podia haver prêmios literários conferidos a escritores para que não escrevessem.’ (Afonso Lopes Vieira, Nova Demanda do Gral, pág. 319)

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Professor, revisor, autor dos livros Gafes esportivas e Tira-teimas de português