Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Bandeiras e camisas são vetadas no Maracanã

A prefeitura do Rio, num ato altamente demagógico, proibiu os bares de vender cerveja ao redor do Maracanã. Segundo o prefeito e sua tropa, a atitude é parte do choque de ordem e visa a acabar com as brigas no entorno do Maracanã.

O ato é demagógico porque a proibição visa apenas ao Maracanã, e não a todos os estádios da cidade. Por que não se proíbe também ao redor de São Januário e Engenhão? Só há brigas no Maracanã?

O prefeito foi tão demagogo que proibiu a venda de camisas e bandeiras na região do Maracanã. Os vendedores de bandeiras davam brilho a todos os espetáculos e o prefeito parece querer dar um ar de cemitério ao local. Qualquer dia, com a intenção de acabar com as brigas no Maracanã, vai proibir o uso de bermuda e exigir paletó e gravata. Por uma questão de coerência, se é para dar tranqüilidade à população, deverá proibir a venda de bebidas em todas as boates do Rio, pois é lá onde ocorre o maior índice de brigas e mortes.

O prefeito poderia não se hospedar mais com sua equipe no Copacabana Palace e reservar esse dinheiro para equipar os hospitais e postos de saúde do município com equipamentos e médicos. Teríamos menos mortos e a população agradeceria. Ou será que morrendo pobres diminui-se o número de mendigos e aumenta-se o PIB?

Saudade de Cesar Maia

Os mendigos, ele apenas os transfere de uma esquina para outra. Guarda municipal, só vemos para multar carros, mas para manter a ordem, isso não é com o prefeito. Basta lembrar o arrastão que durou 16 horas e no qual não apareceu um guarda municipal. Mas também, pudera, lá não estava presente a mídia e a equipe do prefeito só aparece por lá em época de eleição. Hoje mesmo, 01/02/2009, às 11h:00, na parte de trás da Rodoviária Novo Rio, havia oito mendigos, todos de maior idade, deitados na rua, e mais dois pedindo dinheiro aos motoristas a 10 metros de dois guardas municipais que batiam papo. Em frente a eles, outros dois guardas municipais e mais dois em frente ao edifício garagem. Isto, sim, é choque de ordem.

Imagine só: o Rio com ruas escuras por falta de iluminação, ruas esburacadas em situação pior que a Faixa de Gaza, bares e restaurantes impedidos de colocar mesas nas calçadas, criminalidade aumentando em progressão geométrica e vem o prefeito dizer que isto é um choque de ordem. A situação do Rio é tão calamitosa que a empresa italiana Relish, de roupas femininas, usa imagens de policiais em atitude criminosa, denegrindo nossa cidade em outdoors espalhados pela cidade de Nápoles. Consultado, nosso prefeito declarou que não vai se manifestar.

O prefeito bem que poderia visitar um país civilizado da Europa, como a França e a Alemanha, para aprender algo. Se o prefeito tirar as viseiras, poderá ver na esquina da RuE Montorgueil com Montmartre, bem em frente ao fórum e quase em frente à igreja de Saint-Eustache, próximo da Bolsa de Valores, no centro de Paris, mesas nas calçadas e na própria rua, sem ter’otoridade’ alguma inventando choque de ordem. Além disso, lá as autoridades prestam contas dos seus atos e do dinheiro do povo. Será que teremos que sentir falta do Cesar Maia e acreditar no que ele disse – que o atual prefeito não aprendeu a fazer contas?

Pedágio para andar na rua

O certo é que o prefeito deveria começar a trabalhar e parar de brincar de pequeno ditador. Foi assim que Bush começou (a mídia se omitiu) e todos viram o que esse louco fez (a mídia só voltou a criticá-lo após a posse de Obama). O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, após abandonar um debate no Fórum de Davos por ter tido sua palavra cassada, impedindo-o de responder ao presidente de Israel, Shimon Peres, declarou:’Silenciar em face à opressão é opressão em si.’ Hoje, no Brasil, todos nós silenciamos, pois silenciou a UNE, que defendia os interesses da juventude e do próprio povo (o cacique paga para receber apoio), silenciaram os partidos políticos, pois os aglomerados resultantes apóiam o cacique e não fazem mais leis, apenas homologam o que o cacique quer.

Aqui, no Brasil, um cidadão é preso por dirigir após comer dois bombons de licor; no entanto, um homem (Battisti) que assassina quatro pessoas, ganha asilo político e ainda vai receber um salário do governo para viver livre. Isto é o Brasil.

Voltando ao Rio, o prefeito agora quer que os blocos de carnaval paguem a colocação de banheiro químicos, instalados ao longo do percurso. Só falta iniciar a cobrança de pedágios dos cidadãos por andarem nas ruas.

Durante o período de chumbo não se podia usar a bandeira brasileira sem ser em eventos oficiais; agora, o prefeito do Rio não quer bandeira de clubes no entorno do Maracanã.

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Engenheiro químico, Rio de Janeiro, RJ