Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Canções de amor barradas em rádio da Somália

Militantes islâmicos que controlam a maior parte do sul da Somália fecharam a estação de rádio Jowhar no domingo (10/9), depois de ela ter tocado canções românticas, na mais recente ação para impor severas regras religiosas na região, noticia Salad Duhul [Associated Press, 10/9/06]. Segundo o xeique Mohamed Mohamoud Abdirahman, os programas da rádio não eram islâmicos. ‘Não há sentido em colocar no ar músicas de amor para as pessoas’, argumentou ele. Para Ali Musse, funcionário da Jowhar, fechar a estação foi uma violação da liberdade. ‘Esta atitude assemelha-se às do Talibã’, disse. ‘É censura contra a mídia independente e a liberdade de expressão’.


O governo Talibã, no Afeganistão, proibiu música, arte, educação e televisão para meninas, antes de ser tirado do poder na invasão americana em 2001. Desde que os islâmicos tomaram o controle de grande parte da Somália, em junho, proibiram a exibição de filmes, atacaram publicamente usuários de drogas e invadiram a cerimônia de um casamento porque homens e mulheres estavam dançando juntos ao som de uma banda ao vivo. Os EUA acusam os líderes islâmicos de protegerem militantes da al-Qaeda responsáveis por explosões à bomba em embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia em 1998.


Autoridades sudanesas confiscam jornal


Todas as cópias de sábado (9/9) do jornal independente al-Sudani foram confiscadas por autoridades sudanesas, pouco mais de uma semana depois do brutal assassinato de um jornalista no país, noticia a Reuters [9/9/06]. Osman Merghani, colunista do al-Sudani, revelou que as autoridades esperaram que todas as cópias fossem impressas na gráfica para confiscá-las. ‘Eles não nos contaram de qual artigo não gostaram; apenas afirmaram que todos eles eram inapropriados’, contou. Jornais não são muito lucrativos no Sudão e confiscar um jornal depois de ele ter sido impresso gera um grande prejuízo aos seus proprietários.


Há duas semanas, Mohamed Taha, editor do jornal al-Wifaq, foi detido em sua casa e seu corpo decapitado foi encontrado no dia seguinte em Awlea, 40 quilômetros ao sul de Cartum. Depois de seu assassinato, censores têm restringido o trabalho de jornalistas – colocando fim ao período de liberdade de imprensa no Sudão. Desde que um acordo de paz entre o norte e o sul do país foi assinado em janeiro do ano passado, uma nova constituição foi escrita assegurando a liberdade da imprensa. Autoridades estavam respeitando tal liberdade até a morte de Taha. ‘O governo quer voltar ao estágio anterior ao acordo. Eles querem ter total controle e evitar dar à liberdade total liberdade’, disse Merghani.


Uma fonte da segurança estatal revelou à agência de notícias Reuters que as medidas não significavam um retorno à censura; elas têm apenas o objetivo de prevenir a publicação de artigos que poderiam comprometer a investigação da morte de Taha. ‘Taha era jornalista. Seus colegas vão escrever de modo emocional, o que pode afetar a investigação’, alegou.