Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Carta a O Globo

[Rio de Janeiro, 05 de junho de 2007] Ao editor-chefe do jornal O Globo, Sr. Rodolfo Fernandes

Adianto-me em apresentar alguns dados para o esclarecimento da matéria publicada no jornal O Globo em 2 de junho de 2007.

Analisando o conteúdo da matéria, observam-se de imediato imprecisões sérias que desautorizam as informações em seu conjunto:

** A suposta entrega de dinheiro de origem do jogo do bicho, em 8 e 9 de fevereiro de 2002, dá-se durante o período do Carnaval, muito anterior ao deslanchar da campanha eleitoral;

** O Governo do Estado era à época ocupado pelo Gov. Anthony Garotinho e não pela Sra. Benedita da Silva, conforme afirma a matéria;

** Em fevereiro de 2002 eu não ocupava a Prefeitura do Rio de Janeiro, ao contrário do que afirma a matéria;

** Minha candidatura a Vice-Governador só efetivou-se em 11 de junho de 2002 e, portanto, não havia naquele momento nenhuma campanha eleitoral em curso.

Por conseguinte, a notícia encontra-se prejudicada por graves erros factuais que levam o leitor ao equívoco.

Além disso, é importante frisar que, em caráter pessoal, nas datas indicadas eu me encontrava no Rio Grande do Sul, acompanhado por minha esposa.

Torna-se essencial apurar, através dos órgãos competentes, as insinuações divulgadas pela imprensa. Como homem público, exercendo o cargo de Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, e filiado ao PMDB, tenho plena confiança de que a Justiça e o Ministério Público procederão investigações detalhadas sobre as suposições que pairam sobre a presença de meu nome no fac-símile da lista apresentada. Atenciosamente, Luiz Paulo Fernandez Conde

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Quanto ao episódio envolvendo o irmão do presidente, o jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, afirmou, antes da Justiça, que Vavá exerceu tráfico de influência. Ou vejamos o último parágrafo de matéria publicada em 06/06/2007:

‘Ontem, Vavá foi indiciado por suposto envolvimento nos crimes de tráfico de influência e exploração de prestígio. Servidor municipal aposentado, ele tem sido um incômodo para Lula desde 2005. Na época, montou um escritório no Centro de São Bernardo. Valendo-se do parentesco com o presidente, ele tentou, sem sucesso, intermediar pedidos de empresários interessados em negociar com o governo. Vavá sempre negou as acusações de fazer lobby e disse tratar-se de uma agência de turismo.’

Ou seja, no momento em que até mesmo o senador Arthur Virgílio pede calma, o jornal gaúcho não deixa dúvida: Vavá tentou, sem sucesso, exercer tráfico de influência, e tem sido um ‘incômodo’ para Lula. Do jeito que está colocada, a afirmação de Vavá está posta para o leitor pensar ‘olha o que diz o meliante’. De onde vem esta informação, qual a fonte? Aliás, o que é informação neste matéria opinativa? O lugar para tal afirmação não seria op editorial? Ou fica melhor colocado sorrateiramente no último parágrafo de uma matéria? (Rodrigo de Aguiar Gomes, servidor público federal, Porto Alegre, RS)

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Penso que os eleitores da enquete sobre a RCTV estão confundindo a pergunta. É totalmente estranho que pessoas simpatizantes do Observatório da Imprensa sejam antidemocráticas. Sugiro que, após o término desta enquete, elaborem outra com o mesmo objetivo, porém com a pergunta feita de outro modo. Exemplo: é correto o presidente Hugo Chávez não renovar a concessão da RCTV por motivos políticos?

Se ainda assim persistir essa vantagem contra a RCTV, acredito que os votos estejam vindo de estrangeiros que concordam com aquele presidente, jamais de brasileiros. (Carlos Ribeiro, São Luís, MA)

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Sou jornalista e sempre me preocupei com a baixa qualidade da programação da TV brasileira. Por isso, seleciono cuidadosamente o que meu filho tem acesso desde que nasceu. Hoje ele está com três anos e até pouco tempo tínhamos acesso ao excelente canal Rá-Tim-Bum através da parabólica via satélite Brasilsat 3.

Sendo uma emissora de caráter público e mantida com recursos públicos, gostaria de entender por qual razão foi tirada da grade e colocada na Net, uma TV paga e que atende a demanda de crianças que tem acesso a uma educação de melhor qualidade. Será que os filhos dos trabalhadores pobres estarão condenados a ter acesso somente a programas comerciais do tipo globais como Xuxa e seus desenhos preocupados em vender produtos a partir da violência, sem qualquer compromisso com o futuro de nossas crianças?

Ao criar o canal Rá-Tim-Bum, a TV Cultura não pretendia qualificar o nível da programação? Não seria o caso de popularizá-lo como forma de estabelecer um contraponto a TV paga? Por fim, gostaria de parabenizar a TV Cultura pela iniciativa de produzir uma programação de qualidade, colaborando de forma concreta na melhoria da televisão brasileira e na formação de nossas crianças. (Paulo Otávio Pinho, Editora Enfoque, Pelotas, RS)

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Secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro