Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Como esconder uma informação

A versão física da Folha de S.Paulo de segunda-feira (12/4) traz a matéria principal do caderno ‘Cotidiano’ sob o título ‘Golpe usa nome do MEC para premiar escola’, que, aliás, ganhou chamada na primeira página do jornal. A matéria dá exemplo de dois centros universitários que pagaram R$ 2 mil pelo prêmio do Instituto Gomes Pimentel (uma falcatrua que usa o nome do MEC indevidamente pra ganhar uma grana), a Unieuro (DF) e a Unibahia (BA).

Já a retranca fala de um caso específico de um colégio em Pernambuco, só para dar um exemplo do que acontecia e, lá no finalzinho, na pontinha da pirâmide invertida, na penúltima linha, aparece que a Faap foi procurada pela redação mas não respondeu (ou seja, também pagou pelo prêmio). E, não sei se todo mundo sabe, mas a Faap, assim como a Folha de S.Paulo têm sede em… São Paulo! Não faria sentido essa pequena informação subir uns degraus pra perto do lide?

É uma informação importante do ponto de vista do leitor paulista, que a Folha dá de forma mequetrefe. A nós, resta pesquisar ‘instituto gomes pimentel faap’ para encontrar um link quebrado, ou seja, nada que confirme a informação, ou a destrinche minimamente, algo que a Folha se eximiu de fazer. Cedendo a algum interesse? [Ver aqui, na Folha Online.]

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Hoje [10/4], me deparei com uma matéria de capa no caderno ‘FolhaTeen’, da Folha de S.Paulo, com o título ‘Faturando com a sensualidade’, publicada na segunda-feira (5/4). Na capa, encontramos o seguinte título: ‘Muito prazer – garotas exploram a sensualidade na web e faturam com isso’. Esse é o tipo de informação a que nossas crianças e adolescentes devem ter acesso? A ‘FolhaTeen’ responde às indignações dos comentários no blog alegando que elas têm direito à informação. Então poderão sugerir também a publicação de sugestões de filmes eróticos, sobre como adquirir droga nas ruas e como fazer um cachimbo de crack, como roubar um banco e assim por diante? Já que todos têm acesso à ‘informação’… Gostaria de saber qual a posição ou visão do Observatório da Imprensa. (Fernando Gonzalis, radialista, São Paulo, SP)

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A revista CartaCapital da semana passada traz uma interessante matéria sobre o conflito que se desenha entre o futuro presidente do STF e as entidades representativas dos magistrados. O ministro Cezar Peluzo pretende reduzir as férias dos juízes e certamente contará com o apoio da maioria dos advogados e da população em geral. A sociedade brasileira está realmente cansada de pagar caro por um serviço judiciário moroso, duvidoso e custoso. A imprensa televisada, que deu tanto espaço para as fanfarrices, exibicionismos e histrionismos de Gilmar Mendes, não se interessou por esta questão importante que afeta diretamente os cidadãos. Os telejornalistas ainda não aprenderam a distinguir o populismo tribunalício do verdadeiro protagonismo judiciário? (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)

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‘Brasileiro come menos feijão – Quanto maior a escolaridade, menor o consumo do alimento, rico em nutrientes’ (ver aqui). Esta pérola estava no portal do iG em 07/04/2010. Em razão da segunda virgula é impossível saber se a expressão ‘rico em nutrientes’ refere-se ‘a escolaridade’, ao ‘consumo de alimento’ ou, ainda, a algo que não foi dito na frase.

Sou um ardoroso defensor da simplificação da língua (ver aqui). Entretanto, em situações formais (documentos oficiais, jornais, revistas, livros científicos e educativos, portais de internet etc.) o uso correto do português é indispensável. Se os especialistas em comunicação não valorizarem o rigor da língua quem fará isto? (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)

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Estudante da ECA-USP