Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Comunique-se


IMPRENSA NA JUSTIÇA
Comunique-se


Extra, Folha e A Tarde enfrentam a ira de fiéis, pastores e da Iurd, 15/2


‘Cinco ações contra o jornal Extra (RJ), 50 contra a Folha de S. Paulo e 35 contra A Tarde (BA). São quase cem ações movidas por fiéis, pastores e pela própria Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). O que chama a atenção dos veículos e de jornalistas que também estão sendo processados é o fato de as ações terem sido movidas nos mesmos dias ou dias próximos, os textos serem iguais ou muito parecidos e só mudar a assinatura de advogados e a comarca, o que dificulta o trabalho dos advogados de defesa.


O jornal do Rio e da Bahia e um jornalista de cada veículo enfrentam a ira de pastores, indignados com matérias sobre o fiel Marcos Vinícius Catarino, que danificou uma imagem de São Benedito numa Igreja Católica em Salvador. Segundo os jornais, o fiel explicou que saía de um culto quando viu a imagem na entrada da igreja. A orientação do seu pastor, segundo ele teria dito aos jornais, é que todos os tipos de imagens deveriam ser banidas. Ele também teria afirmado que viu a imagem do demônio no lugar da de São Benedito.


No caso do Extra, cinco pastores da Iurd de diferentes cidades do Rio entraram com ações contra o diário e o diretor de redação, Bruno Thys. Eles pedem indenizações por danos morais por se sentirem ofendidos, abatidos, constrangidos e revoltados pela publicação da notícia, no dia 04/12 passado. As ações foram distribuídas no mesmo mês (quatro delas no dia 09/01 e uma delas no dia 11/01) e em comarcas de Barra Mansa, Campos, Miracema, Bom Jesus de Itabapoana e Santo Antônio de Pádua.


´Cumprimos com o nosso dever de informar e confiamos na Justiça. De fato, causa estranheza a semelhança nos textos das ações e a coincidência das datas´, disse Thys ao Comunique-se.


A assessora jurídica do A Tarde, Ana Paula Moraes, contou que a justiça já deu duas sentenças a favor do diário. O veículo e o autor da matéria que chamou a atenção dos pastores, Valmar Hupsel Filho, enfrentam 35 ações juntos.


´Na defesa, argumentamos que os pastores não podem pleitear dinheiro alheio. Se alguém tem que pedir indenização é a Iurd, que também entrou contra a empresa, na 18ª Vara Cível da Comarca de Salvador. Todas as ações são iguais, só muda o nome do advogado que as assina e a comarca onde deram entrada, todas no interior dos mais diversos estados do País´, observa a advogada.


Com a Folha de S. Paulo e a repórter Elvira Lobato não é diferente. Elas respondem a 50 ações das mais diversas localizadas do Brasil, a maioria delas de cidades do Nordeste. Em matéria publicada nesta sexta-feira (15/02), o jornal também observa que os pedidos de indenização e muitos parágrafos dos processos são idênticos.


Elvira escreveu a reportagem `Universal chega aos 30 anos com império empresarial´ (somente para assinantes), de 15/09/07, que fala das empresas supostamente não religiosas de propriedade dos bispos da Igreja – empresa de seguro saúde, agência de turismo e táxi aéreo. O ponto polêmico, contudo, está na seguinte afirmação: `Uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais´, a respeito de uma das empresas, a financiadora Unimetro.


Os fiéis, segundo as petições, passaram a ser motivo de chacota nas comunidades em que vivem e consideraram-se atingidos pelo fato de que seu dinheiro seria destinado ao crime.


´Se algumas pessoas entenderam que os religiosos da Universal são alvos da reportagem, é uma interpretação subjetiva. A Folha não cita, nominalmente, nenhum dos fiéis. Apenas afirma que bispos da Igreja possuem empresas particulares´, disse a advogada da Folha, Tais Gasparian, ao C-se, em entrevista no dia 28/01.


Questionado se a Iurd havia tomado alguma decisão para agir contra a imprensa, Jeronimo Alves Ferreira, da área de Relações Internacionais da Igreja, respondeu que esta `jamais prestaria tal desserviço à sociedade, primeiro por respeito à legislação brasileira e aos seus 08 milhões de membros brasileiros e segundo, por sempre militar pelo direito da imprensa de cumprir o seu papel. Por sua vez, a Iurd fez uso dos seus direitos ao propor ações cível e criminal contra a Folha de S. Paulo e sua jornalista Elvira Lobato. Com que diz respeito às ações individuais de seus membros, a Igreja Universal do Reino de Deus reserva-se no direito de falar apenas por si própria´.’



Milton Coelho da Graça


Aonde quer chegar o `complexo Universal´?, 15/2


‘A Universal é uma complexa organização igreja-empresa-partido político, que também comanda o jornal semanal impresso de maior circulação do país (superior ao triplo da edição dominical do diário mais vendido do país).


Em nome da liberdade de crença determinada pela República, cresceu com métodos não-convencionais de conversão e marketing, chegando em poucas décadas ao terceiro lugar em número de adeptos do país (abaixo apenas da Igreja Católica e da Assembléia de Deus). Com a obrigatoriedade do pagamento do dízimo (uma característica comum das igrejas evangélicas, mas cobrada sem o mesmo rigor pelas outras), construiu rapidamente um enorme patrimônio, que lhe permitiu construção de templos em quase todos os municípios, alguns deles imponentes `catedrais´; a compra da Rede Record, com a simpatia da ditadura, na época interessada em deter a crescente participação de fortes setores católicos no movimento de resistência democrática; e, finalmente, adotou a prática de apoiar a eleição de parlamentares até conseguir criar um partido – o Partido Republicano da República (PRB) – hoje sob o comando formal do Vice-Presidente da República, mas sob o comando de fato do senador Marcelo Crivella.


O que chamo de `métodos não-convencionais´ de conversão incluiu inicialmente até atos de violência contra `terreiros´ de Umbanda, que exigiram pedido de garantias à Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, prontamente asseguradas pelo então Secretário, general Cerqueira. Sabiamente, a Igreja Universal logo mudou sua tática e, em vez de condenar, passou a se utilizar de exorcização, `sessões de limpeza´ etc , que se tornaram práticas diárias em suas igrejas.


Além de tudo isso, o complexo Universal está há algum tempo procurando assumir um papel mais importante na mídia impressa e online. Comprou há alguns anos o jornal mineiro Hoje em Dia e começou a imprimir em Belo Horizonte seu jornal semanal – Folha Universal – distribuído aos fiéis e usado como material de atração de novos adeptos. São freqüentes os boatos sobre tentativas de compra de outros jornais, especialmente O Dia, dono de um parque gráfico moderníssimo mas que enfrenta óbvios problemas.


O claramente articulado ataque na Justiça contra a Folha insinua sintomas de não se tratar apenas de reação intimidativas a reportagens críticas do jornal. Curiosamente, ele ocorre com o esforço da Record para se livrar do controle religioso. Os programas evangélicos estão sendo eliminados da grade – alguns deles até sendo contratados com outras emissoras. A Record procura obter uma posição cada vez mais forte nas áreas de noticiosos e entretenimento, buscando uma imagem `laica´ e consolidação de adversária mais forte da Globo. A montagem de um poderoso esquema de mídia jornal-tv-rádio, com objetivos mais políticos do que religiosos, merece ser cogitada no mínimo como hipótese. Não se deve esquecer que a Folha Universal toma parte ativa no debate sobre a descriminalização do aborto, naturalmente, na mesma atitude política do Complexo em relação a todos os governos – desde a ditadura até Lula, passando por Sarney, Collor e Fernando Henrique: sempre a favor.


Detalhe interessantíssimo na campanha do senador Crivella para a Prefeitura do Rio: O PRB tem como candidato a vereador um dos mais combativos líderes comunitários – William, da Rocinha – que não tinha, pelo menos até recentemente, qualquer ligação com a Igreja Universal. Um possível sinal de que a ação estritamente política também começa a ter relevo maior e independente na estratégia do Complexo.


(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’



NASSIF vs. VEJA
Carla Soares Martin


Editora Abril entra na Justiça contra Luís Nassif, 15/2


‘Depois de o diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara, e do colunista do Radar, Lauro Jardim, entrarem com ações indenizatórias contra o jornalista Luís Nassif, a Editora Abril decidiu também processar o dono da Agência Dinheiro Vivo por danos morais. Nassif escreve uma série argumentando as supostas intrincadas da revista com interesses comerciais, em seu blog.


Serão cinco ações, todas na Justiça de São Paulo: uma de Alcântara, com a data de entrada desta terça (12/02), duas de Jardim – a primeira com entrada nesta sexta (15/02) –, uma de Mario Sabino, redator-chefe da Veja, e a da Editora Abril, marcadas para a semana que vem. Todas elas são contra Luís Nassif e o portal iG, que hospeda o blog.


A Veja não vai se manifestar publicamente sobre as acusações que o jornalista tem apresentado.


Para Nassif, entrar na Justiça é uma estratégia para atrapalhar o andamento da série. `Nesta quinta, fiquei todo o dia indo atrás de advogados´, conta.


Por outro lado, a falta de uma resposta à altura da revista na própria publicação, segundo o jornalista, tem um motivo: `Falar sobre a série na Veja é como jogar um farol em cima dela.´ Nassif explica que, se os jornalistas e colunistas da revista o atacam, mas não respondem as acusações, assinam um termo de culpa.


De acordo com o comentarista de Economia, é difícil aos jornalistas argumentarem contra a série, pois os capítulos estão todos fundamentados com artigos e reportagens da revista.’



PRÊMIO
Carla Soares Martin


Folha premia melhores reportagens de 2007, 15/2


‘O jornal Folha de S.Paulo já escolheu os melhores trabalhos de 2007. A reportagem `O preço de um vestido´, do repórter-fotográfico Antônio Gaudério, é a vencedora do Grande Prêmio de Jornalismo.


Gaudério foi para a Bolívia, passou-se por um boliviano que queria tentar a vida no Brasil, fez curso de costura, veio ao Brasil `clandestinamente´ e trabalhou numa das confecções mantidas pelos próprios bolivianos em São Paulo, para sentir na pele a exploração de trabalhar em troca de cama e comida, como muitos de seus novos colegas bolivianos vivem na realidade.


A reportagem do Comunique-se tentou localizar Gaudério, mas ele está em outra nova aventura e o celular estava fora de área. O repórter-fotográfico levou ainda uma mensão honrosa pela foto `King Kong´. Gaudério vai ganhar três salários e meio do piso mantido por São Paulo.


A repórter Vera Magalhães, da sucursal de Brasília, ganhou o prêmio de melhor reportagem por `Tendência era amaciar para Dirceu´, diz ministro do STF´. Coincidentemente, a jornalista estava jantando no mesmo restaurante que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, quando o ministro reclamou da imprensa por ter contribuído na abertura de ação penal contra os envolvidos no episódio do mensalão. E arrematou: `A tendência era amaciar para o Dirceu.´


Para a repórter Vera Magalhães, `foi muita sorte´. Ela explica que, mesmo não estando `trabalhando´, era fundamental que pegasse seu bloquinho da bolsa e fizesse a matéria. `Era uma questão de interesse público´, disse. Vera vai ganhar um salário e meio do piso de São Paulo.


O Prêmio Folha de Jornalismo existe desde 1993. A cada bimestre, jornalistas, fotógrafos e editores inscrevem seus trabalhos.


Confira os outros vencedores, cujo prêmio também é de um salário e meio do piso de São Paulo:


Categoria Edição


´Edição do acidente da TAM´, por Denise Chiarato, Toni Pires e Fábio Marra, em julho de 2007, Caderno Cotidiano, Folha;


Categoria Serviço


´Guia do IR 2007´, por Fabiana Rewald e Vinicius Konchinski, 04/03/2007, do jornal Agora;


Categoria Arte


´Aquecimento global´, por Alexandre Argozino, Eduardo Asta e Claudio Ângelo, 03/02/2007, do Caderno Especial, Folha;


Categoria Fotografia


´Contra a parede´


Legenda: `Eles me castigavam quando eu não fazia o que eles queriam´, por Marlene Bergamo, 25/11/2007, 1ª página, Folha;


Categoria Especial


´Religião´, por Roberto Dias, Márcio José, Marcelo Pliger, Maurício Puls e Vanessa Alves, 06/05/2007, Caderno Especial, Folha;


Menção Honrosa


´King Kong´


Legenda: Trabalhador coloca faixa informando que o outdoor foi autorizado, por Antônio Gaudério, 01/01/2007, 1ª página, Folha;


´Os segredos da caixa preta do Legacy´, por Eliane Cantanhêde, 18/02/2007, Cotidiano, Folha;


´Resenhas inéditas de grandes obras fictícias´, por Marcos Flamínio Peres, 30/09/2007, Mais!, Folha.’



PROFISSÃO PERIGO
Comunique-se


Intérprete de correspondente da CBS é libertado no Iraque, 14/2


‘O intérprete que acompanhava o jornalista britânico Richard Butler na cidade de Basra (cerca de 590 quilômetros ao sul de Bagdá) foi libertado na quarta-feira (13/02). Ele e o profissional de imprensa foram seqüestrados no domingo (10/02), perto do hotel Qasr al-Sultan, onde estavam hospedados.


O escritório do clérigo radical xiita iraquiano Moqtada al-Sadr informou a libertação. `O tradutor iraquiano, que acompanhava o jornalista britânico, foi libertado esta noite, e levado ao hotel Palácio do Sultão, situado no centro de Basra´, disse o xeque Ali al-Saidi, um porta-voz de al-Sadr, por telefone à agência de notícias Aswat al-Iraq.


Ali al-Saidi não disse quando Butler, que trabalha para a CBS, será libertado. Contou apenas que `o escritório de al-Sadr conseguiu chegar a um acordo com os seqüestradores para libertá-lo´.


A libertação do tradutor ocorre horas depois de al-Sadr condenar o seqüestro do correspondente. Até agora, nenhum grupo assumiu a autoria do seqüestro. Forças de segurança já estão a procura de Butler.


As informações são da Agência Efe.’



JORNALISMO LIVRE
Carla Soares Martin


RSF alerta sobre `censura prévia´ no Brasil, 14/2


‘A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou nesta quarta-feira (13/02) um relatório sobre os principais desafios da imprensa do mundo todo na busca de um jornalismo mais livre, baseado num balanço de 2007. No capítulo sobre o Brasil (em PDF), a RSF alerta para uma `censura prévia´ no país.


Além do caso do assassinado de Luiz Carlos Barbon Filho, em 05/05/07, por denunciar casos de corrupção entre políticos de Porto Ferreira, São Paulo, a organização cita situações de acusamento da imprensa, como a proteção policial que atualmente é dispensada a João Alckmin – primo-irmão de Geraldo Alckmin – ameaçado de morte por denunciar a máfia do jogo em Piratininga, interior de São Paulo, pelo programa `ShowTime´.


Sobre o anteprojeto de Miro Teixeira


O informe da RSF também fala do anteprojeto de lei do deputado Miro Teixeira, que prevê alteração na Lei de Imprensa de 1967. Em entrevista ao Comunique-se, o representante da organização nas Américas, Benoit Hervieu, explica a postura da organização quanto à proposta. `A Lei de Imprensa é um abuso contra a liberdade de expressão´, diz Hervieu.


O representante explica que muitas autoridades utilizam-se da lei para calar a imprensa. No relatório, há o exemplo da proibição de O Correio do Estado, de Mato Grosso do Sul, de citar em suas colunas o nome do filho do governador da localidade, André Puccinelli Júnior, acusado de fraude eleitoral. A Justiça acatou pedido de Puccinelli por danos morais.


Para Hervieu, contudo, a aprovação do anteprojeto não pode livrar o jornalista de sua responsabilidade, ao retratar a realidade com ética, sem acusar qualquer pessoa indevidamente. `As redações precisam ter sua responsabilidade. Esse é um debate que precisa ser feito no meio jornalístico´, completou.


A posição sobre Expedito Júnior


A respeito do projeto de lei do senador Expedito Júnior que pretende aumentar a pena por crimes contra a honra na Internet e passou nesta quarta (13/01) na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, Hervieu explica que a organização não acredita que o caminho seja aumentar a pena somente porque estas ocorrem pela internet. `Os crimes pela internet não são mais graves que os normais´, afirmou.


Apesar de o veto ao projeto de Expedito Júnior, a RSF rejeita qualquer tipo de mensagem de teor `racista, pedófilo e homofóbico´ pela internet, diz o informe.


Outros países


A Repórteres Sem Fronteiras mostra-se preocupada com a violência que pode acometer os jornalistas pela proximidade das eleições no Paquistão (18/02), Rússia (02/03), Irã (14/03) e Zimbábue (29/03).


A organização vê, ainda, com ressalvas a abertura à imprensa internacional por parte da China. `Antes da cerimônia de abertura, as autoridades chinesas farão algum gesto significativo no terreno dos direitos humanos. Cada vez que liberam um jornalista, outro seguram´, afirma o comunicado.’



CARTÕES DO GOVERNO
Carla Soares Martin


Cartões Corporativos: jornalistas aprovam trabalho de assessorias do governo, 12/2


‘Repórteres das sucursais dos jornais O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo consideraram satisfatório o trabalho das assessorias de imprensa dos diversos ministérios, secretarias e agendas, na tentativa de elucidar os gastos dos órgãos com cartões corporativos.


Gustavo Paul, repórter de Economia de O Globo, afirmou que todos os ministérios responderam às perguntas. `Até me surpreendi com a destreza com que quiseram ajudar´, disse.


O jornalista, contudo, ressalta que nem sempre as respostas foram as mais adequadas. `É lógico que as respostas não foram, muitas vezes, as mesmas que interpretávamos.´ Paul recorda-se, por exemplo, do caso da aquisição de CDs por parte da Presidência da República cujo endereço de compra ficava numa loja de óculos escuros, na conhecida feira de importados do Paraguai, em Brasília. Enquanto a assessoria alegava regularidade, pelo registro da compra de CDs, o jornalista questionava sua legalidade.


O repórter de Nacional, também de O Globo, Alan Gripp, concorda com o colega de trabalho. Disse que a assessoria da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a Seppir, da ex-ministra Matilde Ribeiro, atendeu a todas as solicitações. `Inclusive gastos polêmicos, como os referentes ao pagos à locadora de carros, foram confirmados.´


Para a repórter de Política do Estadão, Sônia Filgueiras, a assessoria da Igualdade Racial respondeu aos cinco emails enviados, porém, demorou um pouco, porque as questões dependiam da área administrativa.


Um jornalista na Folha de S.Paulo também confirmou o empenho dos assessores, mas afirmou que nem sempre respondiam no tempo certo: `A imprensa tem um time diferente´, afirmou.


O corre-corre das assessorias


Mesmo estando acima da demanda, a assessora Isabel Clavelin, da secretaria de Igualdade Racial, conta que a equipe de comunicação respondeu a todos os pedidos no tempo adequado. `A Assessoria de Comunicação Social da Seppir empenhou-se em atender as demandas da imprensa com rapidez e objetividade´, disse.


Isabel acredita, ao contrário de membros do movimento negro, que a cobertura da mídia não fora preconceituosa por Matilde ser mulher e negra. `A evidência em torno do uso do cartão de pagamentos se deu por uma questão administrativa e não de ordem racial.´


Na Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, o assessor Marcos Horospecki, conta que a demanda foi grande: `Só para a Folha, respondemos a 60 questionamentos em um dia´, disse.


Para enfrentar a crise, no entanto, Horospecki afirma que só tinha uma saída: ir para cima. Convocou uma coletiva de imprensa para explicar os gastos do secretário Altemir Gregolin em restaurantes e hotéis, segundo o assessor, todos eles gastos no exercício da função. `Foi uma loucura. Você já imaginou se não tivesse assessoria de imprensa?´, afirmou, orgulhoso da profissão.


A assessoria da Agência Nacional de Telecomunicações, a Anatel, responsável por R$ 242 mil dos R$ 281 gastos pelo Ministério das Comunicações, informou que não houve problemas para informar aos jornalistas. `Não houve muita crise´, afirmou Ricardo Lavale.


A utilização do dinheiro, disse Lavale, foi essencialmente usado na fiscalização dos serviços de telefonia, como no escritório regional no Amazonas, para checar a existência de orelhões nessas regiões, bem como para serviços e locomoção.’



Carlos Chaparro


Nos cartões, o discurso da corrupção, 11/2


‘O XIS DA QUESTÃO – Com o significado de `corrupção´, a expressão `cartão corporativo´ tornou-se narrativa ambulante que, de boca em boca, com vigor e lógica de mito, constrói e espalha leituras e significações de uma verdade em que todos acreditam: neste país, tudo se inventa para roubar cada vez mais.


1. Sabedoria das ruas


Qualquer um que experimente ouvir as vozes das ruas chegará à inevitável conclusão de que, no entendimento popular, cartão de crédito corporativo é sinônimo de roubalheira por parte dos poderosos – até porque, por mais que o governo eletrônico tenha sido pensado como forma moderna de administração pública, esses cartões corporativos, que viraram escândalo nacional, são hoje símbolos de poder corrupto. Na cabeça da maioria dos cidadãos brasileiros, poder e corrupção sempre andaram de mãos dadas.


Ignorância do povo?


Nada disso! A história antiga e recente da política brasileira mostra que as desconfianças, ou melhor, as certezas do zé povinho quanto aos tais cartões corporativos (sejam eles de crédito ou de débito) têm total razão de ser. E para dar razão à semântica das ruas nos bastam algumas das muitas e surpreendentes revelações que deram amplitude ao escândalo dos cartões.


Vejam só:


– Uma certa ministra, hoje ex-ministra, usou o cartão para em várias ocasiões pagar compras pessoais.E depois nos disse, como justificativa, que não conhecia as normas de uso do cartão, tendo ainda a desfaçatez de atribuir a subalternos a responsabilidade pelo mau uso que fez do cartão.


– Outro ministro paga com o cartão corporativo o consumo pessoal de uma tapioca e depois tenta nos convencer de que foi apenas uma confusão entre dois cartões visualmente semelhantes.


– A República presidida pelo dito socialista Sr. Luiz Inácio Lula da Silva nega à sociedade e ao povo (quem diria!) o direito de saber quanto nos seus vários palácios presidenciais se gasta em comida e bebida, sob o pretexto de que o sigilo, nesse caso, envolve questões de segurança nacional – como se saborear boas carnes e bons vinhos nos rega-bofes palacianos fosse uma operação de estratégia militar ou fizesse parte de secretíssimos decisões geopolíticas.


E há consertos ou compras de mesas de bilhar; saques altíssimos para destinos misteriosos; reformas luxuosíssimas na mansão oficial do reitor da Universidade de Brasília; compras mal explicadas em supermercados, postos de gasolina, lojas de materiais de construção, etc.,etc., etc…


Daí a pergunta que certamente o povo faz: como acreditar nas virtudes administrativas dos cartões corporativos, num país, o nosso, onde, ainda hoje, por baixo de sei lá quantos panos, as licitações continuam a servir ao desvio de dinheiro público para os `caixas dois´ de partidos safados e ao enriquecimento ilícito de políticos e funcionários desonestos?


2. No maestro a culpa maior


O estrago está feito: o que deveria ser boa e moderna ferramenta de governação, à qual foi dada o nome de `cartão corporativo´, está transformado, pelos mecanismos da simbologia, em representação de fatos e personagens do mundo podre da administração pública. E com o significado de `corrupção´, a expressão `cartão corporativo´ tornou-se narrativa ambulante que, de boca em boca, com vigor e lógica de mito, constrói e espalha leituras e significações de uma verdade em que todos acreditam: neste país, tudo se inventa para roubar cada vez mais.


O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, em algum dia da semana passada, tentou salvar os méritos da ferramenta com uma frase que teve certa graça – esta: `Não é o instrumento que toca; é o músico.´


No caso, o ministro nos sugere que o instrumento é bom, mesmo em mãos de músicos desonestos. A frase pode ter lá seus encantos, mas é uma enganação, uma falácia que esconde a essência do escândalo: além de moral e ético, o problema é político. Porque, no caso, a decisão de emitir e distribuir cartões corporativos é política. É uma forma de exercer e distribuir poder. E se o músico não presta, e mesmo assim continua na gigantesca orquestra cartões corporativos, então o grande problema não está no instrumento nem no músico. O que temos é um problema de regência.


O maestro é, sim, ruim e desonesto, se permite que em sua orquestra continuem a tocar músicos ruins e desonestos – e ainda os protege.


O cartão corporativo existe hoje em numerosos países, como ferramenta moderna de governação transparente. Mas vejam só a diferença, se fizermos comparações com a Austrália. Lá, se um subordinado faz um gasto indevido, o superior também é culpado. Aliás, o principal culpado, porque faz parte das normas a regra segundo a qual o chefe é o responsável direto pelas ações do chefiado, inclusive, responsável jurídico pelo gasto.


Por essa norma, qualquer gasto indevido feito por algum ministro pode derrubar o primeiro-ministro. Portanto, na Austrália, e em vários outros países onde existe o `governo eletrônico´ quanto mais alto o cargo, maior a responsabilidade fiscalizadora de quem chefia.


Já aqui, aqui, a nossa ex-ministra Matilde Ribeiro, além de gastadora irresponsável, culpa os subordinados por suas próprias transgressões às normas dos cartões corporativos, que ela confessou desconhecer.


Ora, que maestro é esse, se permite que os seus músicos nem a partitura conheçam?


***


Para finalizar, uma recomendação de leitura indispensável: a entrevista que a Folha de S. Paulo hoje publica, na seção `Entrevista da Segunda´ (somente para assinantes), com o professor Marcos Fernandes Gonçalves, diretor do curso de Economia da FGV-São Paulo. Uma verdadeira aula magna sobre cartões corporativos, do pesquisador que no Brasil provavelmente mais estudou e mais entende de `governos eletrônicos´. Retirei dessa entrevista o exemplo da Austrália. Mas esse é apenas um pedacinho do muito que nessa entrevista nos ensina o professor Marcos Fernandes.


(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’



ESPORTES
Marcelo Russio


Do que os leitores gostam, 14/2


‘Olá, amigos. O filme `Do que as mulheres gostam´, com Mel Gibson, é daqueles que não acrescentam muito à vida de ninguém, mas põe uma pequena pulga atrás da orelha de quem o vê. Essa pulga, como todas as outras, incomoda permanentemente, martelando o seguinte pensamento: `Como eu me sentiria se eu soubesse o que se passa na cabeça de outra pessoa?´. Pois é… confesso que esse mesmo sentimento vem, cada vez mais, preenchendo a cabeça de quem trabalha com jornalismo online, especialmente o esportivo, e mais especialmente ainda, no Brasil.


A medição online de audiência de cada notícia que se põe no ar é tão hipnotizadora quanto o monitor do Ibope para as emissoras de TV. Através dela, podemos saber em minutos se uma nota caiu ou não no gosto do leitor e, a partir daí, traçar um perfil de como planejar o dia em termos de destaque e cobertura dos assuntos, já que nunca há braço suficiente em uma redação para cobrir tudo o que se deseja.


Em uma semana em que temos uma seletiva de vela, que reúne medalhistas olímpicos, alguns deles lendas, como Robert Scheidt, e a despedida de Guga, na Costa do Sauípe, a notícia que mais chama a atenção dos leitores é a repercussão dada pela nadadora Joanna Maranhão de que fora molestada por seu treinador quando era criança. Essa e a que conta que um jogador de hóquei no gelo teve a carótida rasgada por um patim de um adversário em uma partida da NHL, nos EUA.


Por essa pequena amostra, vemos que os leitores gostam de duas coisas, a grosso modo: futebol e tragédias. Mas uma rápida olhada nas capas de alguns sites esportivos nos mostra que as gêmeas do nado sincronizado estão em quase todas elas, falando absolutamente nada, apenas posando para fotos do seu patrocinador. Incluamos, portanto, mulher bonita na lista do que mais atrai os leitores.


Portanto, respeitando a regra de que, quando se fala em esporte no Brasil, é imperativo separar o futebol das demais modalidades, e sabendo que qualquer notícia sobre um time do interior do País dá mais audiência que uma nota, por exemplo, sobre Robert Scheidt, desde que não seja sobre a conquista de uma medalha olímpica ou um recorde quebrado, temos um perfil um pouco mais específico: futebol, tragédias e mulher bonita vendem, e muito.


Escândalos, como um vídeo erótico amador que seria protagonizado pelo atacante Vágner Love e uma atriz pornô, e especulações sobre as novas contratações de times de futebol de massa também fazem parte desta lista de preferências máximas dos leitores de esporte do Brasil. E fechando a lista, claro, resultados de jogos de futebol.


Como planejar um dia, portanto, que não tenha tragédias, escândalos, mulheres bonitas, especulações e resultados de jogos de futebol de times de massa? Temos que apelar para a sempre querida Fórmula 1 e para o futebol internacional, de Kaká e Robinho, que nunca nos deixam na mão. Claro que é raro ter um dia em que NADA dos itens citados acima acontece. Pelo menos dois ou três sempre aparecem, e fazem a alegria dos analistas de planilhas. Mas, jornalisticamente, vem sendo um drama cada vez maior conseguir decifrar se o teor de uma nota agradará ou não aos internautas, e se o destaque dado a ela irá ao encontro do interesse de quem acessa os sites esportivos.


Bem que o Mel Gibson poderia dar uma consultoria para as redações…


(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Estocôlmo ou Estocólmo?, 14/2


‘para um negro a cor da pele


é uma faca que atinge


muito mais em cheio o coração.


(Adão Ventura in A Cor da Pele)


Estocôlmo ou Estocólmo?


A considerada Evelyn Durst, professora em Niterói, envia o que ela mesma chama de mensagem-desabafo:


´Algumas apresentadoras da GloboNews desconhecem a pronúncia das palavras. Peloponeso, a península do Sul da Grécia que aprendemos na escola primária que se pronuncia Peloponéso, com a vogal aberta, se transformou na horrorosa Peloponêso; e o bairro carioca que todos conhecem como Austín (tônica no i), ganhou status de subúrbio londrino: Áustin. E os telejornais são produzidos no Rio, cidade que as meninas deveriam conhecer!´


Pois é, professora, e ainda tem esse negócio de repórteres pronunciarem Estocôlmo em vez de Estocólmo, grêlha em lugar de grélha e ainda pôça que vira póça, entre tantos vocábulos maltratados porque ninguém visita os dicionários.


Janistraquis teve uma amiga que se dizia moradora da Av. San Martan, no Leblon. Na verdade, tratava-se da conhecidíssima via que homenageia o general argentino José Francisco de San Martín y Matorras, mas com pernóstica e inexistente inflexão de Boulogne-sur-Mer, onde, segundo a Wikipédia, o militar morreu em 17 de agosto de 1850…


(A propósito da pronúncia certa da capital sueca e outras tantas, basta aos globais perguntar ao considerado Renato Machado; ele sabe.)


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Você é macho?


Submeta-se à `tabela de graduação´ postada no Blogstraquis e avalie se sua tão propalada virilidade tem alguma serventia. O curioso e utilíssimo material foi enviado à coluna por um leitor tão macho, mas tão macho que pra cagar vai amarrado, se me permitem tão chula e sertaneja assertiva.


É teste radical, porque com essas coisas não se brinca; veja o exemplo esportivo:


a.. Futebol, automobilismo, tênis , esportes radicais > MACHO


b.. Squash , boliche, voleibol > TENDÊNCIAS GAYS


c.. Aeróbica, spinning > GAY


d.. Patinação no Gelo, Ginástica Olímpica > BICHONA


e.. Os mesmos anteriores, usando short de lycra > LOUCA


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Gente importante


O considerado Antenor Affonso Cruz, empresário em São Paulo, está a fim de arranjar encrenca para nós:


´Até hoje nem você nem Janistraquis opinaram sobre a possível candidatura da ministra Dilma Roussef à presidência da República; falar mal de José Sarney é fácil, afinal ele não apita mais nada mesmo…´.


Ora, Antenor, a coluna jamais falou mal de José Sarney, homem deverasmente vaidoso como tantos, porém honradíssimo, como poucos; o que se falou aqui foi sobre a parentalha que domina todo o panorama maranhense. Quanto ao ex-presidente não apitar, o amigo diz isso porque não prestou atenção ao enredo da Beija-Flor, tremendo obama-obama a Macapá, capital do ex-território onde Sarney foi pescar seu mandato de senador.


Agora, a respeito de dona Dilma, a revolucionária cumpanhêra Stella dos anos de chumbo, Janistraquis e eu achamos que é candidata capaz de ganhar em 2010, sim; basta abandonar essa histérica agitação própria das galinhas d´angola como as que temos aqui no sítio.


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Co´s diabos!


Formidolosa frase que navega pela internet em barca espúria:


´Jesus Cristo é a estrada, eu sou o pedágio.´(Edir Macedo)


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Juram que é verdade


Chegou por e-mail a história segundo a qual o conjunto U2 apresentava-se em Lisboa com casa lotada e, depois de tocar várias, digamos, canções, o líder Bono pede silêncio à platéia. Quando o silêncio se faz, ele começa a bater palmas de uma maneira ritmada. Sem parar de bater palmas, chega ao microfone e diz à platéia silenciosa:


´Eu quero que agora vocês pensem numa coisa muito importante; a cada batida de minhas mãos uma criança morre na África!´


Nisso alevanta-se uma voz do meio da platéia, com aquele sotaque característico, quase a gritar:


´Então pára de bater, ò filho da puta!!!´


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Morto não reclama


Desembarcou na coluna por vias transversas, porém foi o considerado Angelo Pavini, jornalista em São Paulo, quem encontrou a pérola numa página do UOL, sob o título Espancado em avenida de Salvador, folião morre em hospital


Na manhã desta terça-feira (5), o Carnaval de Salvador registrou a primeira morte de um folião: o garçom Walzenir Luís Borges, 28 anos, morreu no Hospital Geral do Estado (HGE).


Durante a folia, na noite de domingo (4), nas imediações da avenida Carlos Gomes, passagem obrigatória dos trios que retornam ao Campo Grande, o garçom foi assaltado e espancado por um grupo de homens, de acordo com familiares.


Walzenir chegou a ser levado para a casa dele, mas como seu estado de saúde se agravou, foi transportado para Hospital Geral Menandro de Farias, no município de Lauro de Freitas, na Grande Salvador. Médicos da unidade avaliaram a gravidade dos ferimentos e decidiram encaminhá-lo ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde a vítima faleceu nesta manhã.


Até o começo da tarde, o homicídio ainda não constava nos registros da Secretaria de Segurança Pública (SSP), pelo fato da vítima não ter registrado a ocorrência. No entanto, segundo a assessoria do órgão, o crime está mesmo vinculado ao Carnaval.


Janistraquis não achou nada demais:


´Considerado, no carnaval baiano é assim desde sempre; se for assassinado ou simplesmente cair morto atrás do trio elétrico da Ivete Sangalo, o sujeito vai ter que se virar sozinho, porque ninguém dá a mínima pra folião estacionário.


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O verso talhado


Leia no Blogstraquis uma seleção de poemas do jornalista e vate mineiro Adão Ventura Ferreira Reis, enviada à coluna pelo escritor Paschoal Motta. Segundo o biógrafo Márcio Almeida, Ventura `legitimou sua criação pelo dizer bem dito.´


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Haja estômago!


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre a intemperança é possível ver o despotismo de cobertores a esquentar as notas frias do presidente, pois Roldão passava os olhos pelo Correio Braziliense quando tropeçou nesta impropriedade asilada sob o título Mercadante internado em SP:


´… o senador foi submetido a uma cistostomia, procedimento cirúrgico de pequeno porte — consiste na colocação de sonda vesical na bexiga urinária para regularizar o sistema urinário.´


Mestre Roldão, que não se adoma a texto ruim, protestou:


Ao que me consta só temos uma bexiga, que serve de reservatório para a urina excretada pelos rins.


Janistraquis concorda:


´É preciso ter estômago para agüentar essas coisas!´


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Os mesmos…


Itaú, Bradesco, agora Unibanco… Dobra o lucro dos bancos e Janistraquis quedou-se em profundas elucubrações:


´É interessante, considerado; em passado recentíssimo, petistas acusavam o governo de dar dinheiro aos banqueiros.´


Argumentei que, se os banqueiros continuam os mesmos, não se pode dizer o mesmo dos petistas.


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De velhice


Falávamos acerca dos males da idade quando de repente Janistraquis se lembrou dalgumas tristes criaturas:


´Considerado, envelhecer mal não é perder simplesmente o viço, que esta é inevitável desdita de árvores outrora tão frondosas; envelhecer mal também não é apenas dissipar os dias a contar dentes e fios de cabelo que ainda restam; nem examinar com desolação a pele flácida e macerada; envelhecer mal é, principalmente, renegar aquele humor dos melhores tempos, renunciar à verve que nenhuma idade deveria proscrever.´


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Tempos ruins


O considerado Bill Falcão, jornalista em Belo Horizonte, envia esta frase que circula por aí afora:


Estamos numa época em que o Fim do Mundo não assusta tanto quanto o Fim do Mês


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Nota dez


O considerado Luis Nassif publica em seu blog uma série de artigos acerca do jornalismo cevado nas páginas de Veja e deixa cair o tapa-sexo da vestal:


O maior fenômeno de antijornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico.


Para entender o que se passou com a revista nesse período, é necessário juntar um conjunto de peças.


O conjunto de peças está aqui.


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Errei, sim!


´CRAQUE RISADINHA – Abaixo do título Que fim levou?, de O Globo, lia-se: `Risadinha, o centroavante que ajudou o Bangu a ser campeão em 1966…´. Janistraquis, que não viu o jogo nem a briga de Almir com Ladeira, depois dos 3 a 0 contra o Flamengo, me perguntou: `Considerado, o centroavante do Bangu se chamava Risadinha?!?!´. Respondi que era novidade para mim. Meu secretário trouxe-me então a reportagem.


Pois aquele que a repórter chamou de Risadinha, do início ao fim da matéria, era, de fato, o craque Paulo Borges, ídolo no Bangu e depois no Corinthians (foi ele quem quebrou o jejum do Timão em jogos contra o Santos). E não era centroavante, mas ponta-direita. Janistraquis foi impiedoso: `Considerado, vou escrever ao jornal para saber que fim levou a repórter…´. (abril de 1994)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.


(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada `Carta a Uma Paixão Definitiva´.’



MERCADO
Eduardo Ribeiro


Uma na ferradura e várias no cravo, 13/2


‘A semana está pródiga em notícias relevantes para o meio jornalístico: demissões e contratações em massa. É bom ressaltar de antemão que o termo massa, aqui utilizado, diz respeito tão somente ao ambiente jornalístico, onde 20 demissões ou 20 contratações realmente fazem a diferença e chamam a atenção, de tão raras que são – especialmente as contratações.


Felizmente, como sugere o título, o placar ficou a nosso favor, ou seja, com aparente superávit de vagas. Na ferradura – as demissões no Jornal de Brasília, que foi um dos destaques deste próprio Comunique-se nesta terça-feira – o prejuízo contabiliza 43 demissões na redação.


Foi um banho de sangue. Único jornal local com alguma capacidade de fazer concorrência ao Correio Braziliense, com esse tsunami editorial não fará mais sequer cócegas no concorrente líder, que, como veremos a seguir, quer ser ainda mais líder e é um dos responsáveis por uma das boas notícias.


Vamos a ela, a primeira no cravo. O jornal vem aí com força total na web. Está montando uma nova redação e investindo pesado em tecnologia para estrear, ainda no primeiro semestre, seu novo site. Um site que terá conteúdo próprio e também vai abrigar de forma inédita, em programas html e flip, a íntegra da versão impressa, permitindo que ela possa ser acessada por leitores de todo o País, o que hoje não ocorre.


O objetivo é ampliar a audiência sobretudo fora de Brasília, onde, pela limitação física da circulação em papel, o jornal não tem o mesmo grau de influência e penetração de outros títulos de expressão nacional. As praças consideradas mais estratégicas, dentro dos planos do grupo, são as de São Paulo e Rio de Janeiro.


O novo site vai ocupar o mesmo endereço – www.correiobraziliense.com.br – e continuará hospedado no portal Correioweb, porém com uma nova personalidade e outra dimensão. A estréia está programada para o dia 21/04, quando se comemoram simultaneamente os aniversários do próprio Correio e o de Brasília. A equipe, que será coordenada por Renata Ramalho, vinda do próprio Correioweb, terá 20 pessoas, entre jornalistas e profissionais das áreas de suporte. Ela ficará fisicamente instalada no meio da redação do próprio Correio, o que permitirá a sinergia entre as equipes, ficando a gestão de conteúdo com o staff do jornal impresso, que tem Ana Dubeux, como editora-chefe. A reformulação do CB Online vem sendo conduzida diretamente pelo diretor de Redação, Josemar Gimenez (ele também dirige cumulativamente o Estado de Minas) em conjunto com o editor de Política Alon Feuerwerker.


Outra boa notícia, a segunda no cravo, que já vem sendo noticiada de forma homeopática pela imprensa, é a ressurreição do velho Aqui Agora no SBT, porém com uma nova roupagem que promete surpreender o mercado.


Sua estréia está prevista para o dia 03/03, sob o comando do mesmo Albino Castro que o dirigiu nos anos 1990 e que, nesse seu retorno, se reportará ao atual diretor geral de Jornalismo da emissora, Paulo Nicolau. O telejornal terá 1h15 de duração, devendo ocupar na grade do SBT o horário das 18h às 19h15. Ou seja, recuperará para o jornalismo um horário nobre na emissora, que havia desaparecido com a descontinuidade do jornal apresentado por Ana Paula Padrão.


Mais do que isso, abre 50 novas vagas no mercado, muitas delas fechadas anteriormente pela própria emissora. Albino, que foi da TV Montecarlo (Organizações Globo), Gazeta Mercantil e tevês Gazeta e Cultura, estava coordenando o Fórum de Líderes, de Luiz Fernando Levy, projeto que deixou em janeiro. O novo telejornal do SBT terá um time com profissionais renomados, vários deles, como o próprio Albino, com ligações históricas com a emissora de Sílvio Santos, caso do editor-chefe Dácio Nitrini, que integrou o staff do TJ Brasil, projeto que marcou época ao fazer de Boris Casoy o primeiro âncora do jornalismo brasileiro; e da editora Selma Severo Lins, que esteve com Boris e Dácio também na Record e na recente e curta passagem de ambos pela TV JB.


O time de editoras conta também com Giovanna Botti e Valentina Menezes, que atuaram com Albino na Gazeta e Cultura. O chefe de Redação será Clóvis Santos, que foi por um bom tempo da equipe do Cidade Alerta, na Record, e o de Pauta, Paulo Roberto Leandro (ex-Globo e que recentemente deixou a TV Cultura). O time de repórteres já têm confirmados os nomes de Celso Russomano, João Leite Neto, Magdalena Bonfiglioli, Luiz Ceará, Sérgio Frias, Herbert de Souza, Luiz Guerreiro e Eric Klein, todos com larga experiência em televisão e em jornalismo popular.


Será um telejornal essencialmente de reportagem, que seguirá a linha popular, sem ser policialesco, e um trabalho eminentemente de equipe e não de estrelas, conforme apurou este Jornalistas&Cia. As gravações já começaram e estão sendo feitas por enquanto de forma individual, até porque os tradicionais pilotos só poderão ser realizados quando os estúdios (outra surpresa prometida) estiverem prontos, o que está previsto para as próximas semanas.


Além da redação em São Paulo, que conta também com a presença de Tatiana Soledade como assistente da Chefia de Reportagem (ela vem do Diário de Guarulhos, do Grupo Olho Vivo), o Aqui Agora terá correspondentes exclusivos no Rio de Janeiro (dois), Brasília, Ribeirão Preto, Recife e Porto Alegre, além de contar com o suporte da atual equipe de jornalismo, responsável pelos dois telejornais atualmente existentes no SBT, um que vai ao ar no comecinho do dia e outro no início da madrugada (do mesmo modo, cederá material para esses dois telejornais, num processo de sinergia que está sendo definido com Paulo Nicolau). Para quem gosta de números cabalísticos, vale a informação: Albino e cia, na passagem anterior que tiveram no SBT, ali começaram em 1988 e de lá saíram em 1998; e a volta se dá em 2008.


A terceira notícia positiva, mas neste caso sujeita a chuvas e trovoadas (leia-se, críticas), é a abertura de 43 vagas para jornalistas pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, com salário de R$ 3.891,89, para as funções de assessor de imprensa, editor de texto de tevê, produtor de tevê, repórter de rádio, repórter de tevê e redator-revisor. As inscrições vão até o dia 22/02 e devem ser feitas pela internet, no www.fundep.br/concursos, onde também está o edital do concurso. As provas da primeira etapa – de caráter eliminatório – serão realizadas em 30/03. Este é o maior concurso público realizado pela Assembléia mineira, que oferece 221 vagas para vários cargos de nível médio e superior. Quem tiver interesse pode pegar outras informações diretamente na Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da UFMG, organizadora do concurso, pelo telefone 31-3409-6827.


De leve, também a Editora Três, após a grave crise enfrentada em 2007, vai se recompondo e contratando. Chegaram à empresa nos últimos dias Ana Carolina Soares, que assessorava a cantora Wanessa Camargo, como repórter especial da IstoÉ Gente, e Marina Monzillo, na editoria de Diversão e Arte, para o lugar de Mariane Morisawa que deixou a revista; Débora Crivelaro, na IstoÉ, como editora de Comportamento; e Eduardo Arraia, como editor da Planeta.


Nada mau para um começo do ano, apesar do Jornal de Brasília.


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia `Fontes de Informação´ e o livro `Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia´. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’




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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.


Folha de S. Paulo – 1


Folha de S. Paulo – 2


O Estado de S. Paulo – 1


O Estado de S. Paulo – 2


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