Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Correspondente francesa expulsa sem explicações

A jornalista francesa Ghislaine Dupont foi expulsa sem explicações da República Democrática do Congo, semanas antes da esperada eleição presidencial na nação africana. A correspondente da Radio France Internationale, que estava em Kinshasa há meses tentando conseguir permissão para cobrir a eleição em 30/7, foi obrigada a deixar o país na segunda-feira (3/7). Nenhuma justificativa oficial foi apresentada.


Ghislaine contou que foi intimada a comparecer a uma delegacia, onde tiraram suas digitais e a fotografaram. Em seguida, ela foi conduzida ao aeroporto. ‘A única coisa que eles disseram é que eu estava trabalhando sem permissão’, afirmou.


Diplomatas temem que a ação sofrida pela francesa faça parte de uma campanha maior contra a imprensa diante da cobertura do que deve ser a primeira eleição nacional livre no Congo em mais de quatro décadas de ditadura e conflitos. ‘Isso é bastante preocupante. Abre um precedente muito ruim’, afirmou um diplomata ocidental à agência de notícias Reuters [4/7/06].


Procurados pela agência, representantes do departamento de polícia responsável pela expulsão de Ghislaine não foram encontrados para comentar o caso. O porta-voz do governo disse não estar a par da questão.


De 1998 a 2004, quase quatro milhões de pessoas morreram no último grande conflito no Congo, que envolveu outros seis países vizinhos. O caos começou porque a etnia tutsi, que havia derrubado o ditador Mobutu Sese Seko e colocado no poder Laurent Kabila, rebelou-se contra Kabila. Com o assassinato do líder, em 2001, seu filho Joseph Kabila assumiu o poder.