Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Desenho provoca debate sobre anti-semitismo

O massacre na Virginia Tech levantou o sempre quente debate sobre armas nos EUA, onde qualquer cidadão americano sem antecedentes criminais pode comprar seu revólver em um supermercado. Logo após o tiroteio na universidade, no início da semana passada, a Associação Nacional do Rifle (NRA), que faz lobby pró-armas, defendeu que os estudantes devem andar armados para se defender, ao que o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que milita pelo controle das armas, fez ferrenha oposição.

Pois a capa da revista mensal da NRA traz justamente um desenho de Bloomberg como um polvo, com o alerta ‘Tentáculos!’. O texto explica: ‘Como o prefeito da cidade de Nova York Michael Bloomberg expande seu alcance e suas táticas ilegais anti-armas pela América’. Ainda assim, a cutucada pegou mal.

Acontece que o animal marinho é historicamente usado pelo nazismo como uma representação de conspiração e controle judeu – sendo citado até por Adolf Hitler no livro Mein Kampf. A NRA nega as segundas intenções. De acordo com sua porta-voz, Ashley Varner, possíveis paralelos com o contexto histórico do polvo foram acidentais e não-intencionais.

Ofensa ou burrice?

A Liga Antidifamação, associação que combate o anti-semitismo e a intolerância, afirmou que, enquanto vê o desenho como algo ofensivo, não crê que ele tenha tido como objetivo ser anti-semita. ‘O uso do polvo para se referir ao anti-semitismo foi largamente usado por nazistas e anti-semitas, e ainda o é, mas normalmente este desenho vem acompanhado de algum símbolo específico’, o que não ocorre com a capa da revista, afirmou a porta-voz da Liga, Myrna Shinbaum.

David Twersky, da organização Congresso Americano Judaico, também concorda que a NRA não tenha tido a intenção de ser anti-semita, mas afirma que ela foi inconseqüente. ‘É muito burro que eles não saibam [da conotação do polvo]’, diz. ‘Se você pega uma poderosa figura judia [Bloomberg] e a representa de um jeito que sugere o anti-semitismo tradicional, é algo realmente imperdoável’. Informações de Sara Kugler [AP, 18/4/07].