Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Diploma de jornalista pode voltar via PEC


Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 2 de julho de 2009


 


DIPLOMA
Vannildo Mendes


Diploma de jornalista pode voltar via PEC


‘Com 50 assinaturas de senadores, 23 a mais que o necessário, começou a tramitar no Senado a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que restitui a exigência de diploma superior para a profissão de jornalista. Em vigor desde 1979, a obrigatoriedade do curso de Comunicação Social para o exercício do jornalismo foi derrubada em 17 de junho último pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a norma incompatível com a liberdade de expressão prevista na Constituição.


A PEC, protocolada ontem na Mesa do Senado pelo líder do PSB, senador Antônio Carlos Valadares (SE), abre espaço para a atuação de não jornalistas nos meios de comunicação e toma alguns cuidados para não afrontar a decisão do STF. Valadares informou que seu próximo passo será acionar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para que realize uma audiência pública com todas as partes interessadas no tema, desde entidades empresariais, contrárias ao diploma, a representantes de jornalistas, estudantes e professores, defensores do canudo.


Um dos convidados será o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, relator da ação que declarou inconstitucional a exigência de diploma, prevista em decreto-lei editado no regime militar, para produção jornalística. O ministro tem dito que a decisão do STF é irreversível e que a tendência do tribunal é desregulamentar outras profissões. Mas Valadares acha que há espaço para um acordo. ‘Queremos construir a PEC do consenso, não do enfrentamento’, afirmou o senador. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) será chamada a dar parecer independente.


O texto de Valadares acrescenta à Constituição artigo para tornar o exercício da profissão ‘privativo do portador de diploma de curso superior de comunicação social, com habilitação em jornalismo, expedido por curso reconhecido pelo Ministério da Educação, nos termos da lei’. Mas o parágrafo único do artigo a ser acrescentado abre duas exceções.


Uma permite a presença nas redações da figura do colaborador, não diplomado em jornalismo. A outra exceção é para jornalistas que obtiverem registro especial perante o Ministério do Trabalho.


A formação acadêmica, segundo o senador, afasta o amadorismo e permite que o jornalista possa dedicar toda sua vida à profissão. ‘Empresas de fundo de quintal poderiam se proliferar contratando, a preço de banana, qualquer um que se declare jornalista’, disse.


A atividade jornalística, afirmou Valadares, caracteriza-se pela criteriosa apuração dos fatos, transmitidos segundo critérios éticos e com técnicas específicas que prezam pela imparcialidade. ‘É razoável exigir que as pessoas que prestam esse serviço à população sejam profissionais graduados, preparados para os desafios de uma atividade tão sensível e fundamental’, acrescentou.’


 


 


SENADO
Clarissa Oliveira e Felipe Werneck


Protestos contra Sarney custam a sair da internet


‘Depois de atraírem milhares de seguidores na rede de microblogs Twitter, protestos convocados para pedir a saída do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tiveram dificuldade para fazer a transição da internet para o mundo real. Quem aderiu às manifestações não escondia a decepção com o número reduzido de participantes. Ainda assim, os jovens fizeram barulho.


Em São Paulo, apenas cerca de 50 pessoas se dirigiram ao Masp no início da noite. ‘Por enquanto, está decepcionante’, disse a designer Deborah Faleiros, de 24 anos, por volta das 19 horas, horário agendado para o início do ato. Cerca de meia hora depois, ela acabou tirando da mochila um cartaz com a inscrição ‘Brasil, o castelo da mãe Joana’, numa referência ao deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), cujo pedido de cassação foi rejeitado pelo Conselho de Ética da Câmara. E embarcou no protesto. ‘Com pouca gente ou muita, minha indignação é real’, disse Deborah, que escalou a amiga produtora de eventos Lia Rodrigues, de 24 anos, para engrossar o coro.


A manifestação na capital paulista demorou para começar e terminou rápido. Após quase meia hora aguardando a chegada de mais gente, o apresentador de televisão Felipe Solari encarregou-se de puxar o grito contra o presidente do Senado. Os jovens cruzaram a Avenida Paulista quando o semáforo fechou, entoando o grito ‘Ei, ei, ei, cadeia para o Sarney’. ‘Falta uma cultura de protesto no Brasil’, reconheceu Solari, que em seguida amenizou: ‘Somos poucos, mais somos bons.’ Entre as causas da baixa adesão, segundo ele, certamente estava a final da Copa do Brasil, entre Corinthians e Inter.


No Rio, o movimento ‘Fora Sarney’ reuniu na Cinelândia apenas 26 ‘seguidores’, termo usado para denominar usuários do Twitter que acompanham um determinado perfil. O vocalista do Detonautas, Tico Santa Cruz, era um deles. Nenhum vereador apareceu. ‘O Brasil ainda não entendeu que é pelas ruas que a gente muda as coisas. É triste ver que as pessoas se mobilizam para jogo de futebol e para ir a show, mas não para exercer a democracia’, declarou o vocalista, que vestia uma camiseta preta com as palavras ‘Senado Federal Vergonha Nacional’.


O grupo fez barulho, com apitos, durante cerca de uma hora. Manifestantes gritavam frases como ‘Sarney, ladrão, prisão é a solução’. Cartazes com arte gráfica inspirada na que foi usada na campanha presidencial de Barack Obama nos Estados Unidos mostravam o rosto de Sarney com a palavra ‘Fora’. Durante o ato, foram distribuídos panfletos do PSOL.


A estudante de nutrição Juliana Ferrigno, de 21 anos, cantou a letra de Que País é este?, da Legião Urbana. ‘O movimento começou na internet e não tem uma liderança. Estamos dando o primeiro passo para ver se as pessoas acordam.’’


 


 


PRESIDENTE
Andrei Netto


Lula ataca mídia e chama Kadafi de ‘amigo e irmão’


‘Único convidado de honra presente à Cúpula da União Africana, aberta ontem, em Sirte, na Líbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou os países industrializados pela crise do sistema financeiro e pelo ‘caráter perverso da ordem internacional’. O discurso, aplaudido por chefes de Estado e de governo e por líderes tribais africanos, foi sucedido por críticas à imprensa pelo que considerou ‘preconceito premeditado’ por sua proximidade com ditadores da região.


A participação do presidente na cúpula, que está em sua 13ª edição, foi ressaltada pela ausência dos demais convidados especiais. Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, e Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), cancelaram suas participações, anunciadas como certas pelo cerimonial do evento até a véspera.


Outro ausente foi Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, cuja falta não foi justificada publicamente. Ahmadinejad ficaria sentado ao lado de Lula, que por sua vez ficaria ao lado do ditador líbio Muammar Kadafi, que está no poder desde 1969, quando assumiu o controle do país em um golpe de Estado aos 27 anos de idade.


Lula começou seu discurso dizendo a Kadafi: ‘Meu amigo, meu irmão e líder’. Logo de início, o presidente elogiou ‘a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos’ e ressaltou que ‘consolidar a democracia é um processo evolutivo’.


A partir de então, o presidente deu início a repetidas críticas aos países industrializados. Lula afirmou que ‘a crise financeira e econômica mundial revela a fragilidade e o caráter perverso da atual ordem internacional’ e parafraseou o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, ao sustentar que ‘o consenso de Washington fracassou’.


‘As instituições e pessoas que sempre foram pródigos em nos dar conselhos hoje estão contabilizando a falência de suas políticas’, sentenciou Lula. ‘Durante muito tempo, os países ricos nos viram apenas como uma periferia distante e problemática. Hoje somos parte essencial da solução da maior crise econômica das últimas décadas. Uma crise que não criamos.’


Minutos depois, em entrevista a jornalistas brasileiros, Lula respondeu às críticas feitas sobre sua proximidade com ditadores africanos, como Muammar Kadafi. O presidente ironizou a imprensa pelo não comparecimento de Ahmadinejad, afirmando que as críticas que recebera eram ‘preconceito premeditado’.


Lula disse ainda que ausências como a do líder iraniano não tinham sido boas. ‘Eu não trabalho com preconceito, porque se trabalhasse não estaríamos nem na ONU, tamanha é sua diversidade’, afirmou o presidente.


Com a cúpula, que tem como tema oficial o desenvolvimento da agricultura no continente africano, Kadafi pretende emplacar seu projeto de criação dos Estados Unidos da África. A ideia não é consenso entre membros da União Africana.’


 


 


ASSINATURA
Isabel Sobral


SDE vai investigar conduta anticompetitiva na TV paga


‘A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, abriu ontem investigação contra a Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) para apurar sua atuação na polêmica que envolve a cobrança pelo ponto extra da TV paga. O Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE), da SDE, suspeita que a orientação da entidade para que seja feita a cobrança leve as empresas a uma ‘conduta comercial uniforme’, eliminando a competição e prejudicando os consumidores. A decisão de abrir uma averiguação formal contra a ABTA deverá estar publicada hoje no Diário Oficial da União.


De acordo com nota técnica da secretaria, ‘há fortes indícios de que a entidade representada esteja influenciando a conduta uniforme das empresas fornecedoras do serviço de TV por assinatura’, que pode estar ocorrendo ‘ora pela orientação de cobrança, ora de orientação de recusa da oferta deste serviço aos clientes’. Procurada, a direção da ABTA preferiu não se manifestar até que seja notificada da decisão da SDE. Ao instalar procedimento formal de apuração, a SDE abrirá prazos para a defesa da entidade.


Por ora, as análises da secretaria sobre o funcionamento do mercado de TV por assinatura no País apontam para uma influência importante da associação sobre a forma de agir das empresas. A provocação à SDE partiu da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), que fez uma denúncia contra a ABTA em 24 de junho do ano passado, tendo como base uma série de notícias publicadas na imprensa sobre as orientações da ABTA para descumprimento de determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que proibiu a cobrança pelo ponto extra.


O assunto foi parar na Justiça em junho de 2008 e as empresas, por meio da associação, conseguiram uma liminar que impede a entrada em vigor da norma da Anatel até que ficasse claro o que poderia ou não ser cobrado em relação ao ponto extra. Em abril, a Anatel voltou a proibir a existência de uma mensalidade pelo serviço, mas liberou a cobrança de taxa de instalação e de reparos. Essas regras, no entanto, ainda não estão valendo porque a liminar judicial ainda não foi revogada.


Em nota, a diretora do DPDE, Ana Paula Martinez, esclareceu que a função da SDE no caso não é analisar a norma da Anatel e ‘tampouco o direito de a ABTA ingressar com medida judicial para suspender a referida norma’. Entretanto, ‘uma vez que há norma em vigor, cabe apenas à empresa, individualmente, decidir como proceder. É dever da SDE atuar para preservar a concorrência, em benefício do consumidor’, conclui a nota.


A SDE considera que as entidades representativas dos setores não podem interferir nas estratégias de negócios de seus representados, sob pena de estarem contribuindo para que elas ajam de forma não competitiva. A secretaria alerta, por exemplo, que são ações passíveis de punição a sindicatos e associações a elaboração de tabelas de preços, definição de padrões para os produtos e serviços ofertados, auxiliar na troca de informações sobre preços ou mercados e ainda punir os membros que não acatarem suas sugestões.’


 


 


FLIP
Ubiratan Brasil


A atribulada rotina dos escritores premiados


‘De professor universitário, Cristovão Tezza transformou-se em nome cobiçado para os principais eventos literários do País. Estreante na literatura, Tatiana Salem Levy logo acompanhará sua história de estreia transformado em filme de cinema. Já a vida pacata da irlandesa Anne Enright metamorfoseou-se em viagens emendadas, a ponto de ela começar a categorizar as toalhas dos diversos hotéis pelos quais passou. Tatiana, Anne e Tezza já estão em Paraty, para 7ª Flip que começou na noite de ontem. Em comum, os três desfrutam das vantagens e dos encargos enfrentados pelos escritores que se tornam celebridade da noite para o dia, com a simples conquista de um relevante prêmio literário.


No ano passado, Tatiana conquistou o Prêmio São Paulo de Literatura – no valor de R$ 200 mil -, na categoria Melhor Livro de Autor Estreante, por A Chave de Casa (Record). O livro será em breve publicado na Espanha e na França, e também teve seus direitos para o cinema vendidos recentemente. Também em 2008, Tezza conquistou a incrível façanha de ser o autor mais premiado do ano. Com O Filho Eterno (Record), baseado em sua própria história, pois tem um filho com síndrome de Down), ele conquistou os prêmios Jabuti, Portugal Telecom, Bravo!, APCA e o Prêmio São Paulo de Literatura. Finalmente, Anne Enright surpreendeu o mundo literário ao derrotar favoritos como Ian McEwan e conquistar o Booker Prize de 2007 com O Favorito (Alfaguara), livro que, até antes do anúncio do prêmio, havia vendido apenas 3.500 cópias no Reino Unido – tão logo seu nome foi aclamado, 28 países compraram os direitos de tradução.


‘Até O Filho Eterno, os prêmios não chegaram a atrapalhar minha vida’, conta Tezza. ‘Ganhei uma menção honrosa com Ensaio da Paixão, em 1985, e quase ao mesmo tempo um segundo lugar no concurso Petrobrás de Literatura, com Aventuras Provisórias. Depois fui finalista do prêmio Jabuti várias vezes, sem jamais levar o prêmio. Em 98, ganhei o prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional (melhor romance do ano, com Breve Espaço entre Cor e Sombra), mas ninguém tomou conhecimento. Em 2004 recebi, com O Fotógrafo, o prêmio da ABL e da Revista Bravo! Isso chamou alguma atenção, mas nada que atrapalhasse a minha vida de fato. Nesse época eu já era um escritor bastante conhecido, e com frequência era chamado para participar de mesas-redondas, Feiras de Livros e eventos ligados à literatura.’


À medida que sua fama crescia gradativamente, aumentava também o número de eventos literários no Brasil, permitindo que os escritores, mesmo os não-premiados, fossem convidados para diversas feiras. Foi nesse efervescente mercado que Tezza lançou O Filho Eterno que, a partir do prêmio conferido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, ainda no final de 2007, mudou completamente sua rotina.


‘Isso mudou minha vida literária’, reconhece. ‘Somando com o aumento do espaço da literatura, o que aconteceu é que fiquei completamente sem tempo para nada. E ainda sou professor da Universidade Federal do Paraná. Faz praticamente um ano que não escrevo nada.’ A visibilidade chegou a convencer o escritor a aceitar a possibilidade já bastante real de viver da literatura. ‘Fui aceitando os convites, mas agora vou dar uma parada radical’, conta. ‘A partir de agosto, quero retomar o romance que estou escrevendo para entregá-lo à Record até março do ano que vem.’ Enquanto isso, as malas nunca aparecem desfeitas: antes de Paraty, Tezza passou pela Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.


Tatiana Salem Levy sentiu uma mudança no tratamento dedicado à sua obra. ‘Depois do Prêmio São Paulo, tenho sido chamada com frequência para participar de palestras e festivais literários’, comenta. ‘Minha vida literária mudou muito, pois passei a ter mais visibilidade que antes. Para mim, o prêmio funciona como uma espécie de ?certificado de garantia?, além de chamar a atenção, pois divulga o trabalho do escritor na mídia.’


E, assim como Tezza, ela enfrenta uma certa dificuldade para iniciar a criação do próximo romance. ‘Eu tinha me planejado para escrever muito este ano, e não é o que tem acontecido. No início, fiquei muito angustiada com isso, queria meu silêncio de volta, meu anonimato completo, escrever só para mim, sem pensar em ninguém, e com tempo’, comenta. ‘Até me convencer de que 2009 é um ano particular justamente por ser seguido ao prêmio, mas eu sei que daqui a pouco já estarei esquecida, então voltarei a escrever com calma. Pois preciso de tempo e de tranquilidade para escrever.’


Por enquanto, também como Tezza, Tatiana aproveita os festivais literários para trocar sua experiência de escritora com o público. ‘Enquanto isso, vou anotando todas as minhas ideias e, quando consigo parar em casa nos intervalos das inúmeras viagens que tenho feito, escrevo o que dá.’


Anne Enright também aproveitou as viagens para fazer anotações. Em um diário publicado no London Review of Books, ela relembra suas várias andanças, sem saber onde exatamente está. ‘Ligo para meu marido – não sei de Genebra ou do Terminal 5 do aeroporto de Heathrow’, comenta ela, acrescentando que os hotéis, em sua maioria, são maçantes.’


 


 


TELEVISÃO
Luiz Carlos Merten


Teatro feito no coletivo ganha registro na tevê


‘Foram mais de 60 filmes como assistente, de diretores importantes como Roberto Santos, Hector Babenco, Ana Carolina e Bruno Barreto. Amílcar M. Claro vivia satisfeito com a sua função, mas aí veio o Plano Collor, o cinema brasileiro saiu de cena e ele terminou virando diretor de institucionais para sobreviver. Tomou gosto pela direção e agora se prepara para realizar o primeiro longa autoral, Tríade ou Galeria de Espelhos. O filme trata de várias tríades e uma delas é a história de um triângulo amoroso. Momento decisivo ocorre numa galeria de espelhos. Amílcar Claro ainda pensa no título definitivo.


Enquanto isso, ele flerta com o teatro. Desde a semana passada, o Sesc TV exibe, às terças-feiras, às 22 horas, uma série de 27 programas que a Amílcar M. Claro Produções vem fazendo para a emissora paga. Oportunamente, serão exibidos pela TV Cultura. Os programas foram organizados em grupos de seis, mas há uma quebra – 27, afinal, não é múltiplo do número. O primeiro lote está no ar; o segundo, em finalização e o terceiro, em produção. Serão exibidos pelo Sesc TV até o fim do ano. O primeiro, na semana passada, foi o piloto da série – Agitação na Praça Roosevelt inaugurou a série Teatro e Circunstância.


‘Na verdade, minha primeira série de seis programas foi sobre o teatro de Antunes Filho. Foi uma proposta do Raul Teixeira, que havia trabalhado com o Antunes. Desenvolvi o roteiro com o crítico Sebastião Milaré. A série funcionou bem e agora estamos desenvolvendo essa outra.’ Agitação na Praça Roosevelt apontou um caminho. A Praça Rossevelt era um dos pontos caídos da cidade quando o grupo Satyros ali aportou. Habitada por travestis e traficantes, a praça pertencia mais à marginalidade do que a um possível point artístico.


‘Sem a preocupação de higienizar, mas, pelo contrário, incorporando os travestis à sua criação, o Satyros fez não apenas um trabalho de criação de público, mas de recuperação do espaço urbano. Vieram depois os Parlapatões, a praça foi reintegrada à cidade. Terminou havendo uma higienização, mas ela se fez ao natural e certamente não foi imposta. Os traficantes e travestis que não se integraram foram buscar outras freguesias. A Praça Roosevelt virou point e agora é referência até no exterior’, diz o diretor.


O segundo programa, exibido anteontem, chama-se Pulsação Periférica. Procura captar um movimento que ocorre atualmente. Levar o teatro à periferia sempre foi um sonho de artistas visionários ou idealistas. O especial de Amílcar Claro flagra mais do que isso – os grupos fazem, vivem, integram a periferia ao seu trabalho, numa mão dupla. Há uma intenção social, mas ela se reveste de um gesto estético e os dois andam juntos na atividade de grupos como o Buraco d?Oráculo, que com seu projeto Circular Cohab, já passou por diversas comunidades da zona leste de São Paulo, atingindo um público de mais de 30 mil pessoas. ‘Mostramos como operam, como são recebidos e como se dá a produção estética. Ela é feita para um público que muitas vezes nunca foi ao teatro. A responsabilidade é enorme. Se a montagem for chata, esse público poderá estar perdido para sempre. Mas nunca é qualquer peça, qualquer montagem.’


Na próxima terça, Teatro e Circunstância vai tratar de grupos como o XIX, na Vila Maria Zélia, que se apropriam do espaço urbano com a mesma preocupação de fazer um trabalho estético com impacto social e urbanístico. O social está sempre presente no trabalho de Amílcar Claro. O estético, também. Ele busca ‘um lirismo’, como diz. Amílcar se considera homem de cinema, mas a paixão do teatro o possui e ele sonha escrever uma peça. Antes, vai fazer o ?seu? filme. ‘As coisas demoram, mas acontecem’, avaliza o diretor.’


 


 


Keila Jimenez


Record assedia Xuxa


‘A Globo apressou o seu time e partiu para cima de Xuxa para a renovação antecipada de seu contrato, que vence em dezembro. Apesar de o acordo contar com uma cláusula de renovação automática, as investidas da Record têm preocupado a rede dos Marinhos, e sim, Xuxa realmente está tentada a mudar de ares.


Insatisfeita com o rumo que seu TV Xuxa tem tomado na Globo, a apresentadora estaria há meses reclamando do horário de sua atração e da perda de espaço para transmissões esportivas.


Em sondagens recentes, a Record colocou a grade de seu final de semana à disposição da loira. Um dos maiores incentivadores da mudança seria Luciano Szafir, que integra o elenco da Record.


A direção da Record acredita que Xuxa, lá, poderá dar uma guinada de público-alvo, assim como fez Eliana. A emissora de Edir Macedo teria feito nos últimos meses pelo menos três contatos com pessoas ligadas a Xuxa, e promete uma nova ofensiva na próxima semana.


Na Globo, a ordem é renovar logo o contrato da apresentadora, aumentando sua duração, assim como foi feito com Fausto Silva.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 2 de julho de 2009


 


SARNEY
Eliane Cantanhêde


Noves fora, nada


‘BRASÍLIA – Basta fazer uma rápida conta de somar e subtrair para chegar à conclusão de que Sarney está isolado na presidência do Senado. E isolamento é a palavra maldita, e fatal, da política.


No desespero, o experiente Sarney deu passo ousado que acabou sendo um tiro pela culatra: sua nota se dizendo vítima de uma ‘campanha midiática’ só por ser aliado de Lula e do governo não lhe garantiu um só apoio a mais na esquerda e na base governista, mas foi um chute na sua principal escora: o DEM.


Sem o DEM, sem o PSDB, sem o PDT e agora sem o PT, o que sobra para Sarney? O seu próprio partido, o PMDB, que teve 9 dos 12 presidentes do Senado na Nova República, ou seja, depois de 1985, e deu no que deu. Dois caíram, e o terceiro, o próprio Sarney, balança e pode cair a qualquer momento. O recuo do PT, à noite, foi só pro forma.


A decisão agora é entre o ruim e o pior, e as apostas são de que Sarney tende a perder os anéis para ficar com os dedos: jogar fora a presidência para garantir o mandato.


O clima em Brasília já é de pós-Sarney, e o que se discute é quem, como e quando será o sucessor.


Com uma certeza desconcertante, ou preocupante: se Sarney de fato sair, ele sai e a crise fica. E quem for para o seu lugar que vá se preparando: a munição contra Sarney vai imediatamente mudar de alvo.


A enorme dificuldade é achar um substituto capaz de unir quatro qualidades: ter calibre político, ser aceito pela oposição, não ameaçar o Planalto (preocupado com 2010) e não ter rabo preso.


Quem não empregou parentes, não assinou atos secretos, não usou recursos do Senado no gabinete do Estado e não desviou verba indenizatória que atire a primeira pedra. E se prepare para assumir a vaga. Mas com armadura, por favor. Porque escândalos e apedrejamentos não vão parar tão cedo.


Para eles, os senadores, é a má notícia. Para o cidadão que paga a conta, ocorre o oposto: não poderia haver notícia melhor. É a faxina.’


 


 


Folha de S. Paulo


Protestos organizados por meio do Twitter falham no mundo real


‘A campanha pela saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado ganhou força na internet, com a criação de um site e de um perfil no microblog Twitter.


O perfil ‘Fora Sarney’ no site tem mais de 3.500 seguidores. Já o ‘Brazilians’, virou um ponto de encontro virtual para que as pessoas combinassem protestos reais no Rio, em Porto Alegre, Campinas e São Paulo.


Ainda no Twitter, o apresentador Marcos Mion, o músico Junior Lima e o ator Bruno Gagliasso formaram um grupo chamado ‘Os Piratas’ e iniciaram uma campanha para convencer o ator americano Ashton Kutcher a postar as palavras ‘fora Sarney’ no seu Twitter.


Kutcher, que tem o perfil mais popular no programa, seguido por 2,5 milhões de pessoas, respondeu: ‘Para os brasileiros; só VOCÊS têm o poder de afastar seu senador. É o SEU país. VOCÊS devem lutar pelo que acreditam. Eu não tenho voto’.


Ontem, os protestos pedindo cassação ou renúncia de Sarney ocorreram em diversas cidades. Em São Paulo, cerca de 70 pessoas fizeram manifestação na avenida Paulista.


Em Campinas, o protesto reuniu apenas dez pessoas em frente à prefeitura. No Rio de Janeiro, 30 manifestantes protestaram na frente da Câmara Municipal.


No Amapá, domicílio eleitoral do senador, um ato convocado por PSOL, PSB e setores do PT reuniu numa praça da capital, Macapá, cerca de 50 pessoas, segundo a Polícia Militar.. O movimento diz ter reunido 300.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Fica, Sarney’


‘Início da noite e José Sarney ‘ameaça renunciar’, manchete da Folha Online, com avaliação de Mônica Bergamo de que a ideia ‘é péssima para o governo, pois entrega o comando do Senado, de imediato, ao PSDB. E mergulha o Senado em uma campanha para eleger o sucessor’.


Claudio Weber Abramo, da Transparência Brasil, apontou em blog os ‘interesses’ partidários em jogo, mas afirmou que ‘o mais importante tem a ver com a pretensão de que, defenestrado o presidente, todo o assunto das nomeações secretas desapareça’. Seria a ‘tática habitual: punição para um ou dois e o resto se escafede’. Ele até lançou a campanha ‘Fica, Sarney’, para que ‘novos fatos se revelem’.


#FORASARNEY


O tópico #forasarney surgiu dia 23 em twit do comediante Rafinha Bastos e agora virou ‘movimento’, com ‘subcelebridades’, ‘ato público’ etc.


‘SÓ PERGUNTEI’


A coluna Zapping avisou ontem que o comediante Danilo Gentili chegou a ser ‘orientado a não ir ao movimento Fora, Sarney’, pela Band.


Ele foi então ao Senado e tentou ouvir o próprio. Chegou a perguntar, segundo Congresso em Foco e outros, ‘como é não ser tão poderoso quanto pensava’, mas um segurança o agarrou. ‘Me chutaram, empurraram. Eu não fiz nada. Só perguntei.’ Ontem no início da noite, a cena já estava na home page do iG (acima).


‘PALHAÇO’


Do Drudge Report (acima) ao Politico, a cobertura conservadora da eleição do comediante Al Franken -que deu ‘supermaioria’ a Obama no Senado- é só sarcasmo. Destaca coisas como um republicano descrevendo Franken, que foi do programa ‘Saturday Night Live’ e forte crítico de George W. Bush, como ‘um palhaço’.


Do lado democrata, o blogueiro Markos Moulitsas já alertou a liderança no Senado, na MSNBC, que acabaram ‘suas desculpas’ para conter as reformas liberais.


OBAMA SE MOVE


Na manchete on-line do ‘Washington Post’ e com destaque nos demais, ontem à noite, o ‘ultimato’ dado pela Organização dos Estados Americanos, EUA inclusive, para que os ‘líderes do golpe’ em Honduras ‘reinstalem’ Manuel Zelaya em três dias.


Em análise, o ‘New York Times’ avaliou que a ‘postura de Obama’ esvaziou o ‘manual’ seguido por Hugo Chávez logo após o golpe hondurenho. Enquanto o venezuelano já culpava a CIA, o americano ‘condenou firmemente o golpe’, que deu como ‘ilegal’. E a ameaça de intervenção chavista é que causa espécie, agora.


RIO VS. CHICAGO


Colunista da revista ‘Sports Ilustrated’, Frank Deford aborda longamente ‘Por que o Brasil pode vencer Chicago na disputa pelos Jogos Olímpicos’.


A cidade de Barack Obama é a favorita, diz ele, mas a história das escolhas do Comitê Olímpico Internacional tem casos semelhantes. Relaciona os prós e os contras e encerra dizendo: ‘Agora tem a moda Bric, B-R-I-C sendo o acrônimo para o quarteto de nações emergentes Brasil, Rússia, Índia e China’, com a perspectiva econômica em seu favor. O Rio com ‘o vento às costas’.


DE MUDANÇA


Blogs e sites de mídia destacavam ontem, nos EUA, a súbita alta no número de brasileiros e indianos no Facebook, site social concorrente do Orkut, do Google, que tem nos dois Brics seu maior mercado. O movimento começou há dois meses. No enunciado de um dos posts, ‘Orkut em apuros?’’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Fazenda’ estanca queda da Record; Globo sobe no Ibope


Depois de três meses de quedas no Ibope da Grande SP, a Record registrou crescimento de 4% em junho, graças ao reality show ‘A Fazenda’. Fechou com média de 7,3 pontos das 7h à 0h, contra 7,0 em maio.


A Globo foi a rede que mais subiu, 7,6% sobre maio. Voltou a registrar média diária de 18,5 pontos na Grande SP, o que não ocorria desde agosto de 2007.


O SBT caiu de 6,0 para 5,3. A Band cresceu um décimo (fechou com 2,9). A Rede TV! oscilou um décimo para baixo (1,6). A média de TVs ligadas foi de 42,6%, em maio, para 43%.


Maior audiência da Record, ‘A Fazenda’ corre o risco de ter sua classificação indicativa alterada pelo Ministério da Justiça. O órgão está monitorando o programa, que desde a última segunda-feira tem uma edição às 19h10, sob o título de ‘Soltando os Bichos’, numa tentativa de impulsionar o ‘Jornal da Record’, o que não se mostrou eficiente até agora.


A Record autoclassificou ‘A Fazenda’ como programa impróprio para menores de 10 anos e deu a ‘Soltando os Bichos’ o selo de ‘livre’.


O ministério tem 60 dias, a partir da estreia, para deferir ou indeferir a autoclassificação. ‘Na semana que vem vou ter uma posição mais clara. É bem provável que eu venha a fazer uma advertência [à Record]’, adianta Davi Ulisses Simões Pires, diretor do departamento de classificação indicativa.


‘Big Brother Brasil’, que tem conteúdo semelhante ao de ‘A Fazenda’, é impróprio para menores de 14 anos. Procurada desde terça-feira, a Record não se manifestou.


DESFALQUE 1


Silvio Santos estuda tirar do ‘Domingo Legal’ o quadro ‘Construindo um Sonho’, maior audiência de Gugu Liberato. O quadro poderá migrar para outra atração ou virar um programa independente.


DESFALQUE 2


Se a medida se concretizar, será mais uma retaliação pela ida de Gugu Liberato para a Record. O dono do SBT já ‘puniu’ o apresentador com a mudança do ‘Domingo Legal’ para as 14h e com a proibição do diretor-geral, Homero Salles, de entrar na emissora.


FUROR


Rodrigo Santoro foi o assunto de anteontem no Projac. Ele apareceu na Globo apenas para visitar o amigo Eriberto Leão.


FIM DE LINHA


Apesar do clamor do autor Tiago Santiago, que queria bater recorde de permanência no ar, a trilogia ‘Os Mutantes’ terá seu fim em 3 de agosto. Santiago queria ir até o final de setembro, mas a cúpula da Record ordenou o fim da novela, por causa da audiência, que caiu. Será substituída por ‘Bela, a Feia’.


FAZENDA 1


A Globo gravará em uma fazenda em Avaré, interior de SP, um novo quadro do ‘Domingão do Faustão’, a estrear em 9 de agosto. Mas não tem nada a ver com o reality show da Record.


FAZENDA 2


O quadro será uma mistura de rali com game, disputado por quatro duplas de famosos durante um mês.’


 


 


Folha de S. Paulo


Governo abre processo contra a associação das TVs pagas


‘O Ministério da Justiça abriu investigação para apurar se a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) cometeu infração à ordem econômica. A entidade é acusada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor de orientar suas associadas a continuarem a cobrança pelo ponto extra, apesar da proibição da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


De acordo com nota técnica do Ministério da Justiça, ‘há indícios de que a atuação da ABTA esteja influenciando o comportamento das empresas no que respeita à cobrança do ponto extra’.


A associação também estaria orientando operadoras a não ofertarem o ponto extra a novos clientes. Segundo o Ministério da Justiça, essa conduta poderia ser enquadrada nos artigos 20 (limitar a livre concorrência) e 21 (influenciar a adoção de conduta comercial uniforme).


A Anatel tenta, sem sucesso, impedir a cobrança pelo ponto extra desde junho do ano passado. Desde o início, as operadoras, por meio da ABTA, têm contestado a medida na Justiça. Inicialmente, a ABTA conseguiu liminar mantendo a cobrança. O juiz entendeu, na ocasião, que o regulamento da Anatel não era claro o suficiente.


Depois da decisão, a agência liberou a cobrança, enquanto elaborava nova versão do texto -concluída em abril. Os documentos foram encaminhados ao juiz responsável pela liminar, mas, passados quase três meses, não há definição sobre o tema, e a cobrança segue permitida. Procurada, a ABTA disse que o presidente da associação estava em trânsito e não poderia comentar.’


 


 


Lúcia Valentim Rodrigues


Para baratear seriado, Bogotá vira Los Angeles


‘O modelo das grandes séries que reuniam quase toda a audiência de um horário faliu. Até mesmo os consagrados Oscar e Emmy tiveram de repensar suas cerimônias de premiação para atrair público.


Emiliano Saccone, vice-presidente sênior de conteúdo global da Fox International, acha que o jeito de fazer seriados tem de mudar para ‘buscar soluções mais eficientes’. ‘Por uma série de razões, grandes séries não têm a mesma audiência de dois ou três anos atrás’, diz. Além disso, as redes não conseguem bancar muitas produções com alto custo.


Por isso ele vê o futuro no desenvolvimento de conteúdo em novos mercados. ‘Temos estúdios na Colômbia, na Argentina, na Itália e na Nova Zelândia. Sabemos que, com o tempo, teremos mais necessidade de novos conteúdos. A aquisição das séries custa cada vez mais dinheiro por causa da concorrência. Então precisamos investir na produção de nossos próprios programas’, afirma.


Ele acha que o modelo norte-americano de séries ainda é o que funciona melhor para ampla exportação. Para baratear os custos e driblar os impostos, os produtores começaram a sair de Hollywood e a filmar em outros Estados. Depois, migraram para o Canadá.


Com a estreia de ‘Mental’, a América Latina também virou uma opção. ‘Ninguém tinha pensado em trazer uma produção para lá. Talvez a barreira fosse da língua ou por explorar um novo território’, afirma, ‘mas, filmando na Colômbia, ‘Mental’ custou uma fração do que custaria nos EUA’.


O seriado, estrelado pelo bonitão Chris Vance, recria os EUA em Bogotá, com equipe local e sucesso relativo -costuma ficar com uma audiência de 6 milhões, enquanto uma temporada ruim de ‘Lost’ beira os 11 milhões de pessoas.


Ao assistir ‘Mental’, nenhuma cena vai demonstrar que os personagens dessa clínica de doentes mentais não estejam em Los Angeles.


Mas o problema da série não é de produção, e sim de atuações e roteiro.


Essa proposta é diferente da política da HBO, por exemplo, que fez ‘Capadócia’ no México e ‘Epitáfios’ na Argentina, investindo em abrir novos mercados ao ambientar os seriados em suas filiais. A Fox também fez isso com ‘9MM: São Paulo’.


Apesar do entusiasmo com a produção por estas bandas, Emiliano Saccone diz que deve demorar um pouco para vermos outras séries filmadas aqui: ‘O Brasil tem uma infraestrutura incrível, uma grande diversidade de locações e bons profissionais. Mas os custos, comparados ao outros países latino-americanos, são muito altos ainda. Acho que isso vai mudar em breve. Com certeza é um mercado em que estamos de olho’.’


 


 


Folha de S. Paulo


TVA libera sinal de infantis em julho


‘Durante todo o mês de julho, a TVA dará acesso gratuito a nove canais para assinantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.. O sinal estará aberto até o dia 31 para os infantis Discovery Kids, Cartoon Network, Boomerang, Nickelodeon, Disney Channel, Playhouse Disney, TV Rá Tim Bum, Disney XD e também para o canal de música VH1.’


 


 


COBERTURA
Marcos Strecker


Para Talese, imprensa matou Michael Jackson


‘Terno impecável, lenço na lapela, chapéu aprumado, postura majestosa. Aos 77, Gay Talese mantém a pose como seu amigo Tom Wolfe. Os dois lançaram nos anos 60 o ‘new journalism’, movimento que produziu, da parte de Talese, clássicos como ‘O Reino e o Poder’ (sobre o ‘The New York Times’) e ‘A Mulher do Próximo’ (painel da mudança do comportamento sexual nos EUA). Mas Talese, um dos principais convidados da 7ª Festa Literária Internacional de Paraty (conversa com o jornalista Mario Sergio Conti no sábado, às 17h), não gosta de ser associado ao ‘novo jornalismo’, ou jornalismo literário. Para ele, faltam qualidades essenciais para vários dos autores que se identificaram com o movimento: acuidade, fidelidade e respeito aos personagens. É obcecado pelos detalhes, pelo rigor.


Por isso, também é crítico ácido da imprensa. Para Talese, Michael Jackson é bom exemplo do que pior tem acontecido. ‘A imprensa deve desculpas a Michael Jackson’, diz. ‘A forma como o trataram é horrível.’ Para ele, os problemas do astro pop -drogas, isolamento- se agravaram pela forma irresponsável com que a imprensa lidou com as acusações de abuso sexual que pesavam sobre ele. ‘Morreu difamado antes de ter morrido.’


‘Seja qual for a razão que o legista der para a morte, não vai fazer diferença. Ele começou a morrer quando as acusações ganharam as manchetes. Em conluio com os acusadores, estava a mídia americana.’


Tragédia nacional


Além de seus 11 livros, Talese é famoso pelos artigos que escreveu em revistas como ‘Esquire’. Perfis que traçou de celebridades foram essenciais. Mas o autor de ‘Thriller’ não parece inspirar o autor de ‘Vida de Escritor’ (Cia. das Letras), recém-lançado, em que Talese discorre sobre seu ofício.


‘Agora que Michael Jackson está morto todos se lamentam, como se sua morte fosse uma tragédia nacional. Mas ele já era uma tragédia nacional todos esses anos e ninguém o ajudou. Viveu em infâmia.’ Para Talese, o jornalista deve se formar na busca obsessiva pela verdade, como se fosse uma religião. Os olhos brilham quando se lembra de seu começo no ‘New York Times’, nos anos 50, quando a redação era o local em que se contava ‘o menor número de mentirosos’ do país. Mas isso é passado.


E a internet? E a notícia da morte do cantor, antecipada pelo site TMZ? E o marco do uso do Twitter nos protestos com as últimas eleições do Irã? ‘A imprensa tradicional já é ruim o suficiente. Internet nem vale a pena discutir.’


Mas, nos tempos atuais, é possível ser jornalista sem usar a internet? Ele devolve a pergunta. ‘O que é jornalismo atualmente? Nem sabemos. Todos podem ser jornalistas. Antes a profissão era associada a credibilidade, as pessoas estudavam para praticá-la. Há 25 anos, o jornalismo passou a ficar competitivo da forma errada. Virou uma competição por furos. Esse foi o primeiro erro.


Tentar ser o primeiro a dar a notícia, acima de tudo. O problema é que você acaba cometendo erros.’


Literatura e não ficção


Mas Talese vem ao Brasil principalmente para falar de literatura. Ele diz que gosta de ser considerado um escritor de não ficção ‘que chega tão perto da verdade quanto possível’ (ainda que leia sobretudo ficção). Acha que é possível escrever com arte, mesmo sendo rigoroso. Para alguns de seus artigos mais famosos, diz que procurou usar os mesmos recursos que um escritor usaria -a melhor definição de jornalismo literário, aliás.


Cita um de seus artigos mais famosos, dedicado a Frank Sinatra (‘Frank Sinatra Está Resfriado’, da ‘Esquire’, de 1966). ‘Escrevi sem falar com Sinatra. Os personagens secundários são os mais importantes. É assim que os grandes romancistas trabalham. Pegam pessoas que você nunca ouviu falar e os colocam nas páginas. Acho que deve haver até 35 pessoas retratadas nesse artigo. Mas minha melhor história na época foi sobre um jornalista que escrevia obituários, chamado ‘Mr. Bad News’ [‘Esquire’, fevereiro de 1966]. Meu texto parecia um conto. Mas o nome é real, a situação é real. É jornalismo? É.


O jornalismo é focado em pessoas públicas, mas escrevo sobre pessoas anônimas, e faço isso de forma realista.’ O próximo livro de Talese será sobre seu casamento de 50 anos com a editora Nan Talese, da Doubleday. Foi ela que lhe falou sobre o evento. Em Paraty, Talese diz que não quer ensinar nada, apenas ouvir.


‘Este é um dos principais eventos literários do mundo. Quero aprender, especialmente com os autores brasileiros.’ Ao se despedir, depois de caprichar na postura alinhada e no sorriso irônico para a foto desta página, feita nas ruas de São Paulo, ele relaxa. Fala ainda com espanto da eleição do novo presidente americano. ‘Pensando bem, a melhor forma de pensar em Obama é como uma história de ficção…’’


 


 


PUBLICIDADE
Folha de S. Paulo


Anvisa proíbe propaganda do Actimel


‘A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a suspensão da propaganda do Actimel, produzido pela Danone, que atribuía propriedades funcionais ao produto. A publicidade era veiculada em impressos e na internet.


A Anvisa afirma que a propriedade aprovada para o Actimel é de ‘ajuda na manutenção do equilíbrio da flora intestinal’.


Em nota, a Danone informou que possui a autorização para divulgação das propriedades funcionais do Actimel desde 2004, mas que só iniciou a venda do produto no Brasil em maio último, ‘o que pode explicar um eventual equívoco’ [da Anvisa].’


 


 


 


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