Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Dívidas ameaçam Gazeta Mercantil

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 26 de maio de 2009


 


JORNAL
Cristiane Barbieri e André Zahar


Dívidas ameaçam ‘Gazeta Mercantil’


‘O jornal ‘Gazeta Mercantil’, fundado em 1920, poderá deixar de circular a partir da próxima semana. A CBM (Companhia Brasileira de Multimídia), dona da editora JB e licenciadora da marca ‘Gazeta Mercantil’, informou ontem, em comunicado publicado na primeira página da ‘Gazeta’, que deixará de publicar o jornal a partir de 1º de junho.


A CBM diz estar exercendo o direito de rescindir o contrato de licenciamento de marca feito em 2003, devolvendo-a seus donos. O antigo controlador, Luiz Fernando Levy, não pretende reassumir o jornal. Hoje, há 51 jornalistas na ‘Gazeta’.


Segundo a Folha apurou, Levy disse ontem numa ligação viva-voz aos jornalistas da ‘Gazeta’, que o procuraram para saber o que seria feito da publicação, que ‘não se iludissem, pois [o jornal] acabou’.


A direção da Gazeta e a da CBM passaram a tarde reunidas. À noite, ocorreu uma reunião do Sindicato dos Jornalistas com a Redação, que pretendia finalizar ao menos parte do jornal para que ele não deixasse de circular.


Numa reportagem publicada na parte interna da ‘Gazeta’, foi informado que, caso Levy não ‘queira assumir suas responsabilidades’, o usufruto da marca poderia ser concedido a uma entidade sem fins lucrativos organizada pelos funcionários para edição e comercialização do jornal. Não há, entretanto, segundo a Folha apurou, nenhum tipo de organização ou interesse da Redação e dos funcionários nesse sentido.


Conhecida por arrendar apenas os títulos e deixar a propriedade e os passivos dos veículos para os donos originais, a CBM também é dona do ‘Jornal do Brasil’ e da editora Peixes, que publica revistas como ‘Gula’ e ‘Viver Bem’.


Mesmo com a operação, a Justiça Trabalhista vem, há anos, reconhecendo a sucessão das dívidas da ‘Gazeta’ para a CBM, que pertence ao empresário Nelson Tanure. A ‘Gazeta’ passou a ter dificuldades no fim da década, e o título foi vendido à CBM.


Vêm dessa época as dívidas trabalhistas cobradas agora, que superam R$ 200 milhões. Como toda a receita do jornal com publicidade começou a ser bloqueada para pagamento do passivo, a empresa passou a enfrentar grandes dificuldades. Hoje haverá uma reunião entre o Sindicato dos Jornalistas, a CBM e a ‘Gazeta’.


O comunicado publicado ontem atribui a decisão de rompimento de contrato ao fato de os antigos proprietários da ‘Gazeta’ não pagarem as dívidas trabalhistas acumuladas após sucessivas derrotas judiciais. Segundo Djair de Souza Rosa, diretor jurídico da CBM, a empresa realizou nos últimos cinco anos adiantamentos à Gazeta Mercantil S.A. superiores a R$ 90 milhões.


‘O desinteresse em continuar o contrato de licenciamento e uso da marca ‘Gazeta Mercantil’ é a imputação de dívidas que absolutamente não são da Editora JB, e sim da Gazeta Mercantil S.A., de propriedade do sr. Luiz Fernando Levy’, disse Rosa. Ele afirmou que a rescisão do contrato não implica multa à Editora JB.


Em um comunicado interno da CBM ao qual a Folha teve acesso, a companhia faz críticas diretas a Levy: ‘Não é sem constrangimento que se vem constatando que os dirigentes da Sociedade Anônima da GZM agem de forma contrária aos dispositivos do contrato de licenciamento. Sobretudo na tentativa de atribuir à nossa empresa, de forma infundada, inconsequente e irresponsável, condição de sucessora das obrigações trabalhistas da GZM S.A. e da Gazeta Mercantil Participações Ltda., com a finalidade de salvaguardar interesses pessoais do controlador’.


Já Levy, no telefonema à Redação da ‘Gazeta’, qualificou Tanure de ‘vigarista’ e afirmou que o rompimento foi uma tentativa de escapar de sua responsabilidade com as dívidas do jornal.


A ‘Gazeta’ tinha circulação diária de aproximadamente 96 mil exemplares quando Tanure passou a controlá-la, em dezembro de 2003. Na última auditoria do IVC (Instituto Verificador de Circulação), em julho de 2008, este número estava em 70.193. O jornal não é mais filiado ao IVC.


Tanure também é dono de negócios como estaleiros e empreendimentos imobiliários, reunidos na holding Docas S.A. No ano passado, comprou a Intelig -em abril, a TIM anunciou a incorporação da operadora. Segundo balanço, a Docas apresentou prejuízo de R$ 7,4 milhões no primeiro trimestre de 2009 e acumulava patrimônio líquido negativo de R$ 41,7 milhões, ante um saldo negativo de R$ 34 milhões no fim do ano passado. Ou seja, somados todos os bens, a empresa não conseguiria pagar suas dívidas.


Procurado pela reportagem, Levy não concedeu entrevista.’


 


 


NOVOS TEMPOS
Marcos Nobre


Muggles


‘‘HARRY POTTER’ é uma série que marcou a primeira geração para a qual celular, computador e mundo virtual são naturais. Naturais como Nutella. Ao tratar de magia, fala, no fundo, do admirável mundo novo virtual.


A série reserva o nome de ‘Muggles’ para pessoas que não têm poderes mágicos. Traduzido em novos termos, são pessoas que não conseguem se orientar na magia do mundo digital.


Quem passou por experiências como as do mimeógrafo, da máquina de escrever, dos LPs e do fax é um sério candidato a Muggle. Mas, ao contrário do que apregoa a série, ser Muggle não é destino. É uma construção social.


A discussão sobre a chamada ‘pirataria’ na internet, por exemplo, é assunto de Muggles. Parte da falsa premissa de que é possível estabelecer direitos de propriedade na rede como no mundo não virtual.


Na vida da rede, dinheiro e autoria têm novo significado. As práticas colaborativas não têm autor definido. Seus produtos são obras coletivas que se valem de ferramentas inovadoras como as de tipo ‘wiki’ (cujo produto mais conhecido é a ‘Wikipédia’). Refletem a realidade como produto cotidiano coletivo e não segundo a imagem romântica de um mundo forjado por uns poucos gênios e líderes incomuns.


Não que o espaço para o desenvolvimento de individualidades e de grupos tenha desaparecido. Pelo contrário. Consumir cultura na rede transforma a relação de consumo clássica. Já não é absurdo que artistas e grupos possam pensar em viver de contribuições diretas, pulverizadas e praticamente anônimas. E que expressam algo como uma adesão voluntária a um projeto, a uma ideia, a uma forma de levar a vida.. Uma maneira direta de financiar a produção cultural e artística que mina o oligopólio da indústria e dos mecenas, estatais ou privados.


A eficácia da repressão e das campanhas que estigmatizam o compartilhamento de arquivos como ‘pirataria’ não tem que ver com punições, cada vez menos aplicáveis. Tem que ver com o cultivo e a sobrevida do espírito Muggle, com que os detentores de direitos autorais de expressão procuram adiar o inevitável. Aproveitam esse período de transição para explorar ao máximo o patrimônio de que ainda dispõem, até inventarem novas maneiras de ganhar dinheiro com arte e cultura.


Defender a propriedade no mundo virtual nos mesmos moldes do mundo não virtual só tem sentido enquanto ainda sobreviver o mugglismo. Coisa para uma ou duas décadas talvez. Ou para daqui a pouco, caso um súbito movimento organizado de terabytes resolva engoli-lo de uma hora para outra.’


 


 


SATIAGRAHA
Folha de S. Paulo


Juiz transforma Protógenes em réu por vazar Satiagraha


‘O juiz da 7ª Vara Federal de São Paulo, Ali Mazloum, aceitou ontem denúncia do Ministério Público Federal e transformou em réu o delegado Protógenes Queiroz, hoje afastado da Polícia Federal.


Com a decisão, Protógenes será julgado por crimes de vazamento de informação sigilosa e fraude processual durante a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas em julho de 2008.


A decisão já era esperada. De novo, trouxe o pedido de que Paulo Lacerda, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), seja denunciado pela Procuradoria Geral da República pela participação da Abin na Satiagraha.


Ao contrário do Ministério Público Federal, que pediu arquivamento do inquérito que investiga a participação da Abin, Mazloum considerou ilegal e ‘clandestina’ a participação dos agentes e disse que a atuação de Lacerda foi muito mais ativa do que se imaginava.


Para o juiz, houve crimes de quebra de sigilo e usurpação de função pública.


Segundo Mazloum, ‘verifica-se a existência de quase uma centena de telefonemas entre ele [Protógenes] e Paulo Lacerda’ nas semanas que antecederam a prisão de Dantas.


Por conta desses telefonemas e da participação ilegal da Abin na operação da PF, Mazloum pediu que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denuncie Lacerda criminalmente.


‘Engajamento’


Mazloum registra ainda em sua decisão a existência de vários telefonemas entre Protógenes, o juiz do caso, Fausto De Sanctis, e o procurador da República Rodrigo de Grandis. Esses telefonemas teriam ocorrido no período da investigação e entre o primeiro e o segundo pedido de prisão de Dantas.


Os contatos, segundo o juiz, devem ser investigados pelos conselhos nacionais de Justiça e do Ministério Público. Para Mazloum, o Judiciário tem o dever de controlar excessos da PF ‘e deve exercê-lo sem engajamento no processo’.


De Grandis não comentou a decisão porque não teve acesso aos autos. O juiz De Sanctis também não quis se manifestar sobre o caso ontem.


Vazamento


A decisão do juiz afirma haver indícios fortes de que Protógenes, responsável por investigar Dantas, cometeu crime ao ter convidado produtores da TV Globo para filmar secretamente o encontro de um policial com dois intermediários de Dantas, que haviam oferecido propina para o banqueiro ser excluído do inquérito.


Repórteres acompanharam também, no dia da deflagração da Satiagraha, a prisão de investigados, entre eles Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta.


Entre outras evidências de vazamentos, Mazloum cita novamente ‘centenas’ de telefonemas, que não haviam sido divulgados, entre Protógenes e jornalistas. ‘Cerca de cem’ deles teriam sido com a jornalista Andréa Michael, da Folha. A repórter afirma que os telefonemas nunca ocorreram.


Outros 50 deles seriam conversas entre os celulares do delegado e as empresas de outros dois personagens: o empresário Luis Roberto Demarco Almeida e o jornalista Paulo Henrique Amorim. Ex-sócio de Dantas no banco Opportunity, Demarco é hoje um dos principais desafetos do banqueiro.


Segundo o pedido do Ministério Público Federal aceito por Mazloum, ao confiar em jornalistas que não têm o compromisso de sigilo, Protógenes colocou em risco a integridade da operação. A pena para este crime é de seis meses a dois anos de prisão ou multa.


O juiz entendeu que o crime de fraude processual ocorreu com a edição da filmagem anexada ao processo, quando foram cortadas cenas em que os jornalistas apareciam no reflexo de um espelho. A pena pode variar entre seis meses e quatro anos de prisão.


Além de Protógenes, foi aceita denúncia contra o escrivão Amadeu Ranieri Bellomusto. A partir da intimação, os réus têm dez dias para apresentar uma resposta.’


 


 


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Vazamento a jornalistas é ‘falácia’, diz delegado


‘Informado sobre a decisão do juiz Ali Mazloum, o delegado federal afastado Protógenes Queiroz afirmou que recebeu a notícia ‘sem surpresa’, mas ‘com indignação’.


‘Entendo que o juiz cumpriu com que o Ministério Público havia concluído. Tenho certeza de que, ao final do processo, o juiz saberá decidir com isenção, [decidirá] que esses fatos não sustentam uma acusação. Tenho certeza da minha absolvição’, disse Protógenes.


Sobre os telefonemas que ele trocou com o então diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, Protógenes disse que ‘seria mais do que normal’. ‘A Abin participava das investigações. Não há nenhum crime em falar com o diretor da Abin.’


O delegado disse que não teve acesso à denúncia do Ministério Público, acolhida pelo juiz. ‘Não sei em que se sustenta essa peça acusatória. Se houve vazamento do inquérito, houve também o vazamento do inquérito sobre o vazamento’, afirmou Protógenes.


Na opinião do delegado, o vazamento de dados da Operação Satiagraha para jornalistas é ‘uma falácia, uma ilação’.


Telefonema


Protógenes também negou ter dado ou recebido telefonemas do empresário Luis Roberto Demarco, ex-sócio em braço do grupo Opportunity e atual desafeto de Daniel Dantas.


Demarco disse estranhar a inclusão de seu nome na decisão judicial. ‘Nunca falei com o delegado Protógenes. A colocação do meu nome nesse documento é maliciosa’, afirmou. ‘Não houve nenhuma ligação do delegado para a Nexxy [Capital Brasil] ou para mim.’


Segundo ele, pode ter havido uma confusão dos responsáveis pela investigação. No início do ano passado, Demarco registrou o domínio de um novo blog do jornalista Paulo Henrique Amorim, que deixava o portal IG, onde mantinha coluna em que fazia campanha contra Daniel Dantas.


Amorim pagou pelo uso do servidor da internet, afirmou o empresário. ‘Ele é meu amigo e eu o ajudei na hora em que precisou’, disse Demarco.


Procurado ontem pela reportagem, o jornalista Paulo Henrique Amorim não foi localizado. Seu telefone celular estava fora da área de serviço.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Armas para todos


‘O espanhol ‘El País’ deu especial com três textos, ontem, descrevendo como as ‘Armas ilegais sugam o sangue da América Latina’. Citando ‘fontes de defesa dos EUA’, afirma que a recente captura de ‘dois dos mais conhecidos traficantes de armas, o russo Víktor Bout e o sírio Monser Kassar, revelou como é simples introduzir as armas -e o papel crucial da Nicarágua’. Registra que ‘a fronteira entre os países andinos e o Brasil e a tríplice fronteira de Paraguai, Argentina e Brasil são alguns dos principais pontos na América Latina para o contrabando’..


Na direção oposta, ontem nas agências AP e AFP, relatório da chancelaria israelense acusa a Venezuela de fornecer urânio ao Irã.


CHINA E A BOMBA


A China condenou, na ONU, mas ‘China Daily’ e outros estatais (acima) deram tom contido ao ‘Mundo preocupado com teste nuclear’ da Coreia do Norte


DO BRASIL, NÃO DOS EUA


Nas agências, o Centro Nacional de Informação sobre Grãos e Óleos da China anunciou, ‘sem detalhar’, que o país vai ‘reduzir a aquisição de soja dos EUA e elevar as compras do Brasil nos próximos meses’.


AVANÇO CHINÊS


Em meio à atenção global com o teste norte-coreano, a manchete no site do ‘WSJ’ era a decisão da PetroChina de investir diretamente na Singapore Petroleum, o que confirmou a agressividade maior das estatais chinesas no exterior. Sublinha o acordo com ‘a gigante Petrobras, por suprimento em troca de financiamento’.


BILHÕES ASIÁTICOS


E o Channel News Asia, que é referência em finanças na região, sediado em Cingapura, destacou que agora o ‘Brasil busca investidores asiáticos para desenvolver seu setor portuário’. Depois de fechar o acordo de US$ 10 bilhões com a China, representantes do país foram para Cingapura levantar US$ 31 bilhões para infraestrutura..


OTIMISMO?


O Yahoo News destacou ao longo da tarde que o Brasil, segundo economistas ouvidos pelo Banco Central, deve sofrer a maior contração desde 90. O Google News, um levantamento com analistas prevendo ‘crise continuada’ na produção industrial. E fechando a tarde nas manchetes do Valor Online à Folha Online, um levantamento com empresas brasileiras, feito por corretora, indicou queda de 26% nos lucros no primeiro trimestre.


Fim do dia e, no topo das buscas de notícias no exterior, com ‘Wall Street Journal’, ‘Ações brasileiras terminam em alta’. Segundo a Bloomberg, foi por conta de pesquisas mostrando ‘otimismo’.


CRÉDITO 1


Em contraponto às más notícias financeiras, portais deram até manchete para o corte nos juros do Banco do Brasil, ontem. No destaque da Folha Online, o banco federal anunciou também ‘aumento no limite de crédito, que vai somar R$ 13 bi e beneficiar 10 milhões ou um terço dos correntistas’.


CRÉDITO 2


A ‘Veja’ postou que Itaú e Santander ‘alongaram prazo de veículos para 72 meses’ e que o Bradesco criou ‘pacote de medidas para o crédito imobiliário’ alongando linhas do SFH, que os demais agora devem seguir.


‘É mais um sinal de que o crédito e a liquidez estão se normalizando.’


A REDENÇÃO


A partir da capa do ‘Washington Post’, longa reportagem sobre como Hélio Castro Neves ‘completou uma história de redenção que é quase forte demais para crer’. Dias antes, foi ‘absolvido de acusações de evasão de impostos federais’. Ao vencer em Indianápolis e se aproximar de Al Unser e A.J. Foyt, chorou


WATERGATE, POR POUCO


Ecoou mundo afora a reportagem, publicada ontem pelo próprio ‘New York Times’, contando que um ex-repórter do jornal diz agora, aos 89, ter recebido uma dica sobre Watergate do então diretor do FBI, antes da cobertura que faria história, levando à renúncia de Richard Nixon, no ‘Washington Post’.’


 


 


PREFEITURA
Evandro Spinelli


Kassab aumenta verba para publicidade


‘O prefeito Gilberto Kassab (DEM) elevou em 134% a verba para publicidade de seu governo para este ano. Ele aumentou em R$ 45,1 milhões os recursos para propaganda -o dinheiro virá, segundo decretos publicados no ‘Diário Oficial’ da cidade de sábado, do superávit financeiro (dinheiro que a prefeitura economizou em 2008).


O Orçamento para este ano previa que a prefeitura iria gastar R$ 32,2 milhões em publicidade, valor que Kassab já tinha elevado para R$ 33,7 milhões e gasto praticamente todo.


A decisão ocorre em um momento em que a prefeitura, por conta da crise econômica, reduziu em R$ 3 bilhões a previsão de arrecadação. Pelas estimativas, devem entrar nos cofres da prefeitura R$ 24,5 bilhões dos R$ 27,5 bilhões previstos no início do ano.


Agora, o gasto com publicidade neste ano pode chegar a R$ 78,8 milhões. O ano em que Kassab mais gastou na área foi 2007 -R$ 58,5 milhões. Em 2008, foram R$ 39,7 milhões.


A prefeitura confirmou que a verba é destinada à publicidade, mas, em nota, destacou que também aumentou recursos para áreas sociais: R$ 80 milhões para novas AMAs (Assistência Médica Ambulatorial), R$ 16 milhões para novas escolas, R$ 19 milhões para obras antienchente e R$ 21 milhões para canalizar córregos.


O prefeito liberou também R$ 76 milhões para subsídios às empresas de ônibus, R$ 17,2 milhões para a realização do Grande Prêmio de Fórmula 1 e R$ 9 milhões para obras no autódromo de Interlagos.


Para a oposição ao prefeito, os gastos com propaganda crescem em anos pré-eleitorais. Levantamento da bancada do PT na Câmara mostra que, nos quatro primeiros anos da gestão José Serra (PSDB)/Kassab -de 2005 a 2008-, a média de gastos foi de cerca de R$ 40 milhões, com pico em 2007, ano em que Kassab preparava sua candidatura à reeleição.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


STJ obriga Band a pagar R$ 70 mi ao Ecad


‘O ministro Sidnei Beneti, do STJ (Superior Tribunal da Justiça), negou no último dia 12 provimento a recurso da Band contra decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que a condenou a pagar 2,5% de seu faturamento ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), a título de direito autoral por obras musicais.


A Band irá recorrer novamente, mas, de acordo com o Ecad, suas chances são de uma em 1 milhão. Segundo o órgão, a Band não paga direitos autorais desde 1999. Sua dívida, calcula, chega a R$ 70 milhões.


O processo do Ecad contra a Band indica tendência a ser seguida contra as demais redes. Globo e SBT também questionam a cobrança de 2,5%. Argumentam que esse percentual é muito alto, mas vêm depositando valores em juízo. A Record paga os 2,5% sem reclamar.


Emissoras de TV de todo o país travam guerra judicial contra o Ecad desde 1999, quando o órgão passou a cobrar 2,5% sobre suas receitas. Antes, os valores eram estipulados em contratos. Na decisão contra o recurso da Band, o ministro Beneti reforçou que ‘compete’ ao Ecad ‘fixar os valores’.


A Band questiona a legitimidade do órgão e diz que 2,5% é um percentual ‘excessivo’, porque seu faturamento não se restringe ao produto obtido com obras musicais. A emissora informa que, em outra ação judicial, venceu o Ecad em todas as instâncias.


BOLÃO 1


A Record vem exibindo vídeos supostamente amadores para chamar a atenção para o reality show ‘A Fazenda’, que estreia domingo à noite. São chamadas que imitam vídeos de paparazzi, com imagens tremidas, feitas à distância, como se fossem flagrantes de celebridades. Cada vídeo traria um participante do programa.


BOLÃO 2


Os vídeos da Record estimularam comunidades de telespectadores na internet. Uma delas acredita ter identificado os seguintes participantes: Mirella Santos, Danni Carlos, Luciana Vendramini, Danielle Souza (a Mulher Samambaia), Babi Xavier, Théo Becker, Fabio Arruda (consultor de etiqueta), Pedro Leonardo, Dado Dolabella, Jonathan Haagensen e Rômulo Arantes Neto.


BIG BROTHER


Após passagem pela Record (foi coautor de ‘Bicho do Mato’) e pelo SBT, Bosco Brasil deverá escrever a próxima novela das sete da Globo. É dele o projeto ‘Bom Dia, Frankenstein’, sobre um edifício todo monitorado por câmeras, favorito a substituir ‘Caras & Bocas’, em novembro. A decisão sai nesta semana.


VIRADA


O objetivo de Carlos Massa, o Ratinho, era vencer José Luiz Datena, da Band, no Ibope. Mas só conseguiu isso nos primeiros dias. Na semana passada, perdeu em todos os dias.


EFEITO


Sem Maisa, o último ‘Programa Silvio Santos’ marcou 8,5 pontos. Foi menos do que no domingo anterior, mas mais do que a média recente.’


 


 


NA REDE
Fernanda Ezabella


A fábrica de personagens de David Lynch


‘De perto, ninguém é normal. Ou, numa variação cinematográfica do ditado popular: de perto, todo mundo tem um quê de personagem de filme de David Lynch. Para quem duvida, é só acompanhar os 121 curtas-metragens comissionados pelo diretor norte-americano de ‘Cidade dos Sonhos’ e ‘A Estrada Perdida’, que serão postados na internet, um a cada três dias, durante um ano, até junho de 2010.


O primeiro será liberado na próxima segunda-feira, inaugurando o ‘Interview Project’ (interviewproject.davidlynch.com). Segundo o próprio Lynch, os curtas são documentários de três a cinco minutos, ‘retratando americanos comuns e, às vezes, bem incomuns, de todo o país’.


A série de curtas foi realizada por um time de diretores, liderado pelo filho do cineasta, Austin, e por um misterioso Jason S. A equipe cruzou mais de 30 mil km da América profunda, durante 70 dias, para coletar dezenas de histórias.


‘É um projeto pé na estrada, onde as pessoas foram sendo encontradas e entrevistadas’, diz Lynch no vídeo de apresentação do site. ‘O time achou essas pessoas dirigindo pelas rodovias, indo a bares, em lugares diferentes. É tão fascinante ver e ouvir essas histórias. É uma chance de conhecer essas pessoas, é algo humano, que você não pode deixar passar.’


‘Como eu me descrevo?’, pergunta uma mulher que teve sua história registrada e aparece no vídeo de apresentação. ‘Quais eram meus sonhos de criança?’, diz outro entrevistado. ‘Meus planos para o futuro?’, continua um terceiro.


Um aperitivo da série


Apesar de só começar na semana que vem, três vídeos já foram liberados, todos com introdução de David Lynch. Dois estão em tiny.cc/lynch853. O terceiro pode ser visto em tiny.cc/lynch210.


Em Bozeman (Montana), a equipe achou Jenny Brown, 17, cujo sonho era ser bailarina. Com sua voz infantil e corpo largo, ela conta que o pai a tratava mal quando criança e que a mãe tentava protegê-la. Imagens dela no sofá de casa são intercaladas com cenas de peixes num aquário e um cachorro branco de três pernas. Anthony é o protagonista do segundo curta. Lynch diz que ele foi encontrado andando de bicicleta em Dumas (Arkansas). Sem os dentes da frente, ele faz seu monólogo sentado numa cadeira no quintal malcuidado de sua casa, porém enfeitado com um anão de jardim.


O terceiro vídeo, que Lynch divulgou em twitter.com/DAVID_LYNCH, conta a vida do aposentado Sean Freebourn, 62, em Missoula (Montana), cidade natal do diretor.


‘Tive câncer e precisei me aposentar’, explica Freebourn. ‘Não fui a nenhum médico. Era uma noite de Ano Novo e eu desabei, fui parar no hospital, fiquei um mês por lá.’ Uma câmera estática colhe o depoimento do homem de barba branca, sotaque pesado, ao lado de uma cerca capenga. Poderia muito bem ser um personagem de ‘A História Real’, filme de Lynch que, como outros, se passa numa cidadezinha.’


 


 


CINEMA
Mônica Bergamo


Cada um na sua


‘Chega ao fim a parceria do estúdio norte-americano Universal com a O2 Filmes, do diretor brasileiro Fernando Meirelles, festejada há três anos como um dos mais importantes acontecimentos do cinema nacional. De cinco longas que seriam feitos com os americanos, só dois com certeza chegarão às telas: ‘À Deriva’, de Heitor Dhalia, e ‘Vips’, de Tonico Mello, no qual a Universal colocou R$ 7 milhões dos R$ 9 milhões orçados para a realização do filme..


LIBERDADE


Os outros três projetos -’Xingu’, de Cao Hamburguer, ‘Camile e Adriana’, de César Charlone, e ‘Máfias’, de Mauro Lima- serão agora tocados somente pela O2. ‘O acordo com a Universal previa que eles nos pagariam um ‘fee [uma taxa]’ anual para lermos e desenvolvermos roteiros que obrigatoriamente apresentávamos para eles primeiro’, diz Andrea Barata Ribeiro, sócia da O2. De acordo com ela, a parceria dava garantias, mas agora a O2 terá mais ‘liberdade para trabalhar’.


TUDO CERTO


No mercado cinematográfico circulam rumores de que a Universal não estaria plenamente satisfeita com os resultados da parceria com a O2. Andrea afirma que não houve estresse, que o relacionamento entre as empresas continua ‘ótimo’ -e credita a não renovação do acordo à crise nos EUA.


BALANÇO


Já na publicidade, as notícias na O2 são mais animadoras.


De acordo com Andrea, a empresa bateu recordes de faturamento na crise..


AÇÚCAR E AFETO


O diretor José Padilha, que gastou pouco mais de R$ 800 mil no filme ‘Garapa’, decidiu reverter a arrecadação da bilheteria para as três famílias que permitiram que ele registrasse seu cotidiano, de grave carência alimentar. As ambições dos produtores em relação à bilheteria são modestas: o longa estreia na próxima sexta com apenas cinco cópias, uma para cada cidade em que será exibido (São Paulo, Rio, Brasília, Salvador e Fortaleza).’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 26 de maio de 2009


 


SATIAGRAHA
Fausto Macedo


Protógenes vira réu por violar sigilo e fraude


‘A Justiça Federal abriu ontem ação penal contra o delegado Protógenes Queiroz, criador da Operação Satiagraha, por violação de sigilo funcional e fraude processual. A decisão é do juiz Ali Mazloum, titular da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que acolheu denúncia da Procuradoria da República. Mazloum deu prazo de dez dias para Protógenes apresentar sua defesa preliminar. Também foi aberto processo contra o escrivão Amadeu Ranieri Bellomusto, braço direito do delegado na investigação contra o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity.


O juiz rejeitou, no entanto, pedido de arquivamento da apuração sobre a aliança entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No curso da Satiagraha, Protógenes recrutou 84 arapongas da Abin – alguns agentes tiveram acesso a dados que estavam sob segredo judicial. O juiz Ali Mazloum encaminhou esta parte do caso à Procuradoria-Geral da República para arquivamento definitivo ou eventual abertura de ação penal contra o delegado Paulo Lacerda, ex-diretor-geral da Abin, por usurpação de função pública e quebra de sigilo funcional.


‘Protógenes, com o apoio e aval de Lacerda, introduziu em investigação de polícia judiciária expressivo contingente de servidores da Abin, permitindo-lhes acesso a local restrito e a material protegido pelo sigilo legal’, assinalou o juiz.


Mazloum destacou que Lacerda, em seu próprio depoimento, admitiu ter liderado servidores da Abin para exercerem funções no inquérito coordenado por Protógenes. ‘Tal atividade não corresponde às funções da Abin’, adverte o juiz. ‘Por força do princípio da indivisibilidade da ação penal, tais delitos (quebra do sigilo e usurpação de função), em tese, devem ser atribuídos ao indiciado Protógenes e também a Lacerda.’


Segundo o juiz, Lacerda tinha ‘pleno domínio do fato (agentes da Abin na investigação)’. Para o juiz, ‘os servidores da Abin agiram como instrumentos na execução de atividades a eles vedadas’.


‘Neste caso, o chamado ?homem de trás?, expressão doutrinária, é que deve responder pelo crime, pois os autores imediatos do fato agiram induzidos a erro’, ele prossegue.


Mazloum observa, ainda, que a quebra de sigilo telefônico de Protógenes – no período entre fevereiro e agosto de 2008 – ‘verificou a existência de quase uma centena de telefonemas entre ele e Paulo Lacerda, em celular por este utilizado’. O rastreamento mostrou também ‘mais de vinte telefonemas’ de Protógenes para o então diretor de contrainteligência da Abin, Paulo Fortunato Pinto.


‘As provas revelam que Protógenes e Lacerda promoveram a participação de servidores da Abin em investigação policial sob segredo de Justiça’, insiste o juiz.


Mazloum, ao rejeitar arquivamento proposto pelo Ministério Público Federal, asseverou que ‘a atuação de servidores da Abin em investigação criminal deve ser aquilatada com os olhos na Constituição, não na lei nem no decreto’. ‘A Abin não figura dentre os órgãos da segurança pública, nem tem atribuições repressivas ou de investigação criminal.’


Ele está convencido de que a lei 9883, que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), ‘não autoriza a participação da Abin em investigação policial, mas a ela confere a finalidade de subsidiar o presidente da República com informações pertinentes à segurança nacional, atividade que não guarda qualquer relação com polícia judiciária’.


Em sua decisão, o juiz adverte que em poder de Protógenes ‘foram apreendidos fragmentos indicativos de monitoramento, produção de relatórios de vigilância, gravação de áudio e vídeo, relacionados com advogados de investigados na operação, jornalistas, autoridades (ministro, senador, deputados)’.


Para o juiz ‘a gravidade está na ausência de referencial a justificar tais monitoramentos, total falta de norte da origem, a natureza espúria do material’. ‘Qual a finalidade?’, indaga Ali Mazloum. ‘A que e a quem serviria o material?’


‘Ressalte-se que Protógenes teria referido a servidores da Abin que a investigação envolvia espionagem internacional e era de interesse do presidente da República, que cobrava o andamento desta investigação.’’


 


 


O Estado de S. Paulo


Aprovada norma para coibir vazamentos


‘O acesso a processos e procedimentos criminais que contêm informações protegidas será restrito às partes, seus advogados e estagiários da Justiça Federal. A nova regra faz parte da resolução apresentada pelo corregedor-geral da Justiça Federal, Hamilton Carvalhido. A medida foi aprovada, por unanimidade, pelo Conselho da Justiça Federal. O objetivo é coibir os abusos na divulgação indevida de dados obtidos mediante quebra de sigilo bancário, fiscal ou telefônico.’


 


 


CHANCE PERDIDA
NYT, EFE e AP


‘NYT’ tinha dados sobre Watergate antes do ‘Post’


‘Dois ex-jornalistas do jornal The New York Times revelaram que tinham informações sobre o caso Watergate, que custou o mandato do ex-presidente americano Richard Nixon, antes dos concorrentes do Washington Post, deixando escapar uma das reportagens mais célebres de todos os tempos.


O Times publicou ontem que, dois meses depois da divulgação do roubo de documentos do Partido Democrata americano do Edifício Watergate, em Washington – que originou o escândalo político -, o repórter Robert Smith informou a seu editor, Robert Phelps, que tinha mais detalhes sobre o que tinha ocorrido.


Segundo o jornal, isso ocorreu em agosto de 1972, quando Smith abandonou o jornalismo para estudar Direito em Harvard, enquanto Phelps decidiu fazer uma viagem de férias ao Alasca. As informações sobre o escândalo, que estourou em 1974, foram guardadas em uma gaveta e perdidas em seguida.


Smith guardou o episódio para si durante mais de três décadas até saber que Phelps decidira publicá-lo em suas memórias. Com isso, resolveu fazer a revelação sobre o caso que tornou famosos Carl Bernstein e Bob Woodward, repórteres de The Washington Post.


Agora, o New York Times perguntou a Phelps, de 89 anos, o que aconteceu com essas pistas, assim como onde estão as anotações sobre as informações vazadas a Smith pelo então diretor interino do FBI, Louis Patrick Gray, morto em 2005 – o ex-editor disse não ter ideia do paradeiro dos documentos.


Phelps assumiu a responsabilidade pelo ocorrido. Com isso, o jornal nova-iorquino ‘perdeu a oportunidade de contar a melhor história de toda uma geração’, segundo admitiu o próprio veículo.’


 


 


JORNAL
Marili Ribeiro


‘Gazeta Mercantil’ pode deixar de circular


‘Em reunião com os editores executivos da Gazeta Mercantil na tarde de ontem, a direção da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM ) confirmou a disposição de editar o diário, que existe há quase 90 anos, só até o fim do mês. Depois, disseram eles, caberá a Luiz Fernando Levy, filho do fundador do jornal, Herbert Levy, a responsabilidade de tocar a operação. A CBM encerra assim o contrato de licenciamento para edição e comercialização do título que havia assumido em dezembro de 2003.


Levy confirmou aos funcionários, por telefone, o que já havia declarado há alguns dias, quando surgiu o boato da desistência da CBM (empresa de Nelson Tanure, dono do Grupo Docas Investimentos), que não pretende assumir a publicação do jornal. Em entrevista ao jornal gaúcho Já, publicada na sexta-feira, Levy declarou: ‘O Tanure quer devolver, mas é uma coisa unilateral, por enquanto. No fundo, a gente não desliga da Gazeta, mas, para mim, é definitivo: a hipótese da minha participação não existe. É uma decisão pessoal. Não vou ter ações de uma empresa de comunicação’. Levy ainda disse que alguma solução terá de aparecer.


O impasse é consequência do imenso passivo trabalhista do jornal, estimado em mais de R$ 200 milhões. Mas existem outros débitos, como o pagamento de royalties pelo uso do título. Levy diz não estar sendo pago por Tanure há três meses. Os dois empresários não se entendem, segundo funcionários do jornal. Um atribui ao outro os passivos que precisam ser acertados.


Aos funcionários do jornal, a direção da CBM informou ainda que espera a resposta de Levy até hoje, sobre o destino que ele quer dar ao título. A CBM informou ainda que dará apoio financeiro a Levy caso ele queira dar continuidade ao projeto. A CBM não deu detalhes sobre o prazo da ajuda financeira. Para tranquilizar a equipe, de quase 100 pessoas, a direção da CBM disse também que pretende realocá-la em outras empresas do grupo de Tanure.


O drama da Gazeta Mercantil não é novo. Desde a década de 90, o jornal enfrenta problemas por falta de pagamentos de salários e cortes de fornecedores, situação que provocou várias ações judiciais. É na cobrança desses passivos que está o maior problema para a continuidade da gestão de Tanure, que assumiu o controle ao fechar o negócio com Levy. Tanure tinha a intenção de ficar apenas com o título do jornal, deixando as pendências judiciais para a antiga empresa.


TÁTICA


Mas a Justiça deu interpretação diversa ao contrato e vem responsabilizando a CBM pelos débitos trabalhistas, entre outros. Faz isso por meio de bloqueios dos créditos a receber da empresa. Por isso, um executivo que trabalhou com Tanure acredita que ele ameaça com o fechamento do jornal apenas para sensibilizar a Justiça e ganhar tempo para uma nova negociação.


Há pouco mais de um ano, a empresa de Tanure fez um acordo com juízes para pagar R$ 400 mil por mês como forma de abatimento dos débitos trabalhistas. Com isso, queria evitar os bloqueios dos recebimentos da empresa. Cumpriu o trato por 11 meses, mas, desde o começo do ano, abandonou o acerto. A Justiça voltou a bloquear os créditos a receber da CBM, desde que o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região de São Paulo suspendeu o termo de compromisso assinado com o grupo de Tanure.’


 


 


INCLUSÃO
Gerusa Marques


Projeto de parceria pode ampliar acesso de brasileiros à internet


‘O governo prepara para lançar neste ano um programa específico para capacitar as lan houses e incluí-las nas iniciativas de ampliar o acesso do brasileiro à internet.. Um grupo de trabalho, formado há três meses, está fazendo um diagnóstico das lan houses e avaliando possibilidades de ajuda a este segmento, como financiamento público, treinamento profissional e apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).


‘A lan house é um parceiro estratégico nesta área, só que estamos tratando disso em outro grupo. Não adianta a lan house querer embarcar no projeto dos telecentros’, afirmou o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santana..


A ideia principal é permitir que as lan houses se organizem como empresas, possibilitando, por exemplo, que elas tenham acesso ao Simples, regime de tratamento tributário simplificado. ‘A lan house é empresa social, e nós precisamos que ela saia da informalidade’, afirmou.


O assessor especial da Presidência da República e coordenador dos programas de inclusão digital, César Alvarez, disse que outra possibilidade em estudo é a de qualificar as lan houses para servir de apoio à rede escolar. Ele citou uma experiência desenvolvida em Aracaju (SE), em que o aluno ganha um ‘lan cheque’ para usar nas lan houses. ‘Elas são responsáveis por 50% dos acessos no Brasil. Os governos não podem desprezar esse espaço em que as pessoas se incluem digitalmente.’


Segundo Alvarez, o objetivo do estudo é criar mecanismos para que as lan houses gerem emprego, renda e serviços. ‘Nós não queremos contribuir para a demonização das lan houses, como os fliperamas já foram demonizados’, afirmou, lembrando que a Receita Federal já mudou a definição da lan house de casa de jogos para prestadora de serviços.


‘Queremos oferecer a quem hoje tem uma lan house a possibilidade de ter qualidade, comprar equipamento a bom preço, ter financiamento, ser regido como micro empresa e oferecer um trabalho complementar a um município’, acrescentou Alvarez.


BUROCRÁTICO


O presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (Abcid), Mário Brandão, critica a lentidão do governo no andamento do projeto. ‘Já tem um ano e meio que a gente conversa e nada acontece.. O processo é burocrático e descasado da realidade. Enquanto isso, 30 milhões de pessoas acessam a internet em lans e 79% dos acessos de quem ganha até 1 salário mínimo são feitos em lan house.’’


 


 


REVISTA
Livia Deodato


Uma seleção do melhor da Almanaque Brasil


‘No dia de ontem, mas no ano de 1940, o tenente Zé Rufino marcha mais de mil quilômetros atrás do último cangaceiro vivo. Todo o bando de Lampião havia morrido ou se entregado dois anos antes. Antes de pegar a estrada ao lado de sua mulher, Dadá, Corisco corta a cabeleira. Leva consigo apenas um revólver, 300 contos de réis e dois quilos de ouro. No dia 25 de maio, Zé Rufino finalmente o alcança, mas Corisco não se rende: ‘Sou homem pra morrer, não pra me entregar.’ É metralhado pelas costas. Ouro e dinheiro jamais foram vistos.


Há dez anos, Elifas Andreato e João Rocha Rodrigues se debruçam sobre as mais intrigantes e genuínas histórias que recontam o Brasil de Norte a Sul. Desde 1999, origem de expressões populares, efemérides dos 365 dias do ano (junto aos seus respectivos santos), características marcantes dos signos do zodíaco e particularidades só vistas em terras tupiniquins ilustram a revista Almanaque Brasil, distribuída em voos da TAM e por meio de assinaturas. ‘Os 150 mil exemplares mensais desaparecem em menos de 15 dias. É um sucesso danado’, comemora Elifas.


Pois a parceria bem-sucedida entre a companhia aérea, cujo slogan é o Orgulho de Ser Brasileiro, e a Andreato Comunicação e Cultura acaba de render uma compilação que reúne os mais relevantes fatos publicados nesta década. Brasil – Almanaque de Cultura Popular, que terá lançamento fechado para convidados hoje no MAM e já se encontra disponível nas livrarias, é uma espécie de ‘melhores momentos’ das dezenas publicadas mês a mês desde 1999. ‘Extraímos o que achamos mais interessante, sem deixar de contemplar as efemérides sempre presentes em almanaques, assim como as brincadeiras como, por exemplo, a seção intitulada Estação Colheita, em que apresenta o que ?se colhe? em cada mês’, relata Elifas. ‘Se antes era retratada a visão dos sertanejos, agora é comprovação científica’, diverte-se. Em tempo: até o dia 31 é época de laranja, pimentão verde, seriguela e tangerina.


Logo após a apresentação de Ziraldo, tão divertida quanto todo o almanaque, é destrinchada a história dessa publicação no mundo e no Brasil – a etimologia teria vindo do árabe al-manakh, lugar onde os camelos se ajoelham para beber água em meio a uma viagem. A crônica Como se Inventaram os Almanaques, escrita por Machado de Assis em 1890, também presente na obra, profetiza: ‘E hão de chover almanaques. O Tempo os imprime, Esperança os edita; é toda a oficina da vida.’


Serviço


Brasil – Almanaque de Cultura Popular. De Elifas Andreato e João Rocha Rodrigues. Ediouro. 256 pág. R$ 54,90. MAM. Parque do Ibirapuera, portão 3. Hoje, 20 h, só para convidados’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Vice de madrugada


‘Apesar do esforço da nova direção do SBT – que atende por Daniela Beyrute, filha de Silvio Santos -, são cada vez menores as faixas horárias em que o canal mantém a vice-liderança em audiência, segundo medição do Ibope na Grande São Paulo.


Dados deste mês mostram que o canal só mantém o segundo lugar absoluto na madrugada, quando suas séries americanas confrontam os programas da Igreja Universal, na Record.


Alguns desenhos, como o sucesso Ben 10, exibido pelo SBT, deixam a briga entre as duas emissoras mais acirrada pela manhã, com a audiência oscilando na casa dos 6 pontos. A eterna reprise de Chaves, ao meio-dia, é vitória certa para o SBT. O seriado atinge médias na casa dos 10 pontos, ante 8 pontos da Record.


Mas a diferença entre as duas se acentua no horário nobre. Às 21 horas, Promessas de Amor tem registrado média na casa dos 9 pontos, ante 4 pontos do SBT Brasil no horário. Revelação também perde no horário, ficando na casa dos 6 pontos, ante 12 da Record. No embate entre Dona Beija e Poder Paralelo, vem a maior diferença do placar: 7 pontos a mais para Record.’


 


 


 


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