Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Dois lados de um debate

Gostaria de declarar minha decepção com a entrevista do ministro Marco Aurélio de Mello, realizada dia 28 de julho pelo programa Observatório da Imprensa na TV. Acho que o correto naquela situação seria convocar também para a discussão algum ministro que se posicionou contrariamente à manutenção da exigência do diploma de jornalista para o exercício desta profissão. O verdadeiro debate, onde existissem de fato posições opostas, seria em minha opinião o mais correto.

Sempre admirei esse veículo de comunicação pela sua isenção e responsabilidade com a verdade, mas esse programa me decepcionou por sua parcialidade e espírito corporativista. Destaco que sou favorável, assim como os demais ministros do Supremo não entrevistados, à não exigência de diplomas para o exercício de profissões que não têm procedimentos científicos pré-estabelecidos para a execução e que não põem em risco direto a vida de seres humanos (à exemplo da profissão que exerço, de publicitário). Acredito que a regulamentação traz sérios precedentes que tolhem direitos básicos constitucionais, como o de liberdade de expressão, e ajuda ainda mais na segregação econômica e social. Acatar a obrigatoriedade de diploma para o exercício da profissão jornalística é o mesmo que exigir a partir de agora que só exerçam funções administrativas aqueles que se graduaram administradores, ou que um comerciante esteja proibido de fazer relações públicas do seu estabelecimento ou que a função de programação digital seja restrita a analistas de sistemas.

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Meus pais já não estão mais vivos para saber que a filha que um dia se formou jornalista não é mais jornalista! Pelo menos, disso eles foram poupados.

Meu sobrinho, que ainda faz a faculdade de jornalismo, deve estar com o maior nó na cabeça. E o que dizer dos pais dele, que pagam a faculdade? Como ficam esses pais, esses alunos?

Para ser jornalista, não basta ser celebridade, fazer perguntas idiotas, com erros de português, acompanhadas de caras e bocas.

Sendo assim, por que não acabar também com a obrigatoriedade de todos os diplomas e fechar as faculdades? Sugiro começar pela de Direito; em seguida, Medicina, Arquitetura, Engenharia.

O tresloucado ministro Gilmar deveria ter seu registro caçado por incompetência, irresponsabilidade. Espero que ele pague por isso. (Emily Cardoso, jornalista, São Paulo, SP)

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Gostaria de sugerir que houvesse uma discussão sobre por que quase todos os telejornais dão preferência a notícias ruins, mortes, catástrofes, etc. Inclusive, elas vêm uma seguida da outra. Notícias às vezes perfeitamente dispensáveis, tais como um problema com um trem na Ásia. Será que não aconteceu nada de bom nesse dia? Não nasceu ninguém? Não descobriram nenhum remédio novo contra o câncer ou AIDS? Será que notícias boas não dão Ibope? Será que o telespectador precisa dessas notícias ruins para não se sentir tão mal com a sua vida? (José Jorge Contursi, aposentado, Rio de Janeiro, RJ)

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‘Petrobras fica entre as dez maiores empresas globais’, aponta pesquisa da Ernst & Young. Esta notícia saiu no Blog da Petrobras e na Folha de S. Paulo. Mas não saiu em O Globo, JB, O Dia e O Estado de S.Paulo… Por que será? Não interessa a ninguém? Socorro, Observatório da Imprensa! (Carlos Eduardo Rodrigues da Silva, engenheiro naval, Rio de Janeiro, RJ)

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Por que a mídia não discute a questão de Honduras? Será que para construir a verdadeira democracia é necessário utilizar armas? Veja o que aconteceu no Iraque, com democracia sustentada com armas internacionais. Criticaram tanto o ditador do Iraque e como ficam os golpistas de Honduras? (Ozeias Teixeira, historiador, Araguaína, TO)

Nota do OI: O leitor não deve ter notado a farta cobertura da imprensa brasileira sobre a crise de Honduras.

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Publicitário, Belo Horizonte, MG