Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Murdoch rompe discrição e abre conta no Twitter

Rupert Murdoch começou o ano ingressando em um novo campo das comunicações – ele passou a escrever no Twitter. O magnata da mídia, que está se recuperando do que talvez tenha sido o ano mais difícil para seus negócios, passou a postar mensagens no Twitter, os chamados tweets, sob o apelido rupertmurdoch. A informação foi confirmada, ontem (2/01/12), pela porta-voz Daisy Dunlop, da News International.

A conta foi aberta no feriado de Ano Novo, mas muitos duvidavam de sua autenticidade porque Murdoch, de 80 anos, tem tentado manter-se longe dos holofotes devido à investigação cada vez maior de seu império de mídia, provocada pelo escândalo de invasão de caixas postais de telefones celulares por seus jornais britânicos. Murdoch enfrentou um duro interrogatório no Parlamento britânico no ano passado e pode ter de responder a mais questões sob o chamado Levison Inquiry – um inquérito público do governo sobre as práticas das empresas de mídia no país. Ele não fez, porém, nenhuma menção desses problemas em seus tweets, que incluem as resoluções de Ano Novo do chefe da News Corp. “Minhas resoluções: tentar manter a humildade e sempre a curiosidade”, ele escreveu. “E regime, claro!”

Murdoch havia atraído mais de 46 mil seguidores até ontem pela manhã, apenas dois dias depois de começar a enviar as mensagens. Wendi Deng, sua mulher, também entrou no Twitter, sob o pseudônimo wendi-deng. Ela mencionou os problemas do ano passado em seus tweets: “Muitas coisas ruins aconteceram em 2011, mas eu espero que em 2012 nós possamos deixá-las para trás e zarpar para um futuro brilhante para todos Wxx.” Na internet, o duplo “x” significa “beijos”. Wendi também lembrou delicadamente seus seguidores no Twitter a escreverem seu nome com “i” no fim, e não “y”.

Amigos ficaram “assustados”

A entrada dos Murdoch no mundo do Twitter foi recebida com uma certa surpresa e alguma hostilidade pelos frequentadores do site de mensagens curtas. John Prescott, ex-vice-primeiro-ministro do Reino Unido, teve uma das mais mordazes reações à chegada inesperada de Murdoch ao site. “Bem-vindo ao Twitter”, ele escreveu ao magnata, cujos repórteres invadiram sistemas de mensagens de telefones celulares. “Eu deixei uma mensagem de ‘Feliz Ano Novo’ em meu correio de voz.” Outros expressaram o receio de que o milionário pudesse comprar o Twitter.

Murdoch também apagou uma mensagem na qual sugeria que os britânicos talvez tivessem escolas públicas demais para um país que enfrenta tempos difíceis. Algumas vezes, em suas mensagens, Murdoch parecia entediado com o feriado de Ano Novo. Ele reclamou que há “gente demais” na ilha de St. Bart, um refúgio no Caribe. “De volta ao trabalho amanhã”, disse. “Chega de ficar à toa!” Murdoch também escreveu que alguns de seus amigos estavam “assustados” com o que ele poderia vir a dizer.

Dúvidas sobre a News Corp

Ele elogiou Mike Bloomberg, o prefeito de Nova York e membro do Partido Republicano, e Rick Santorum, candidato a uma indicação às eleições presidenciais nos Estados Unidos pelo mesmo partido. Murdoch fez votos de um feliz Ano Novo e disse que o período provavelmente vai superar as expectativas. “Feliz 2012”, escreveu. “Pode ser melhor do que todos os especialistas preveem. Tem de ser! Mudar tudo para criar empregos para todos, especialmente os jovens.” O perfil de Murdoch no Twitter é acompanhado de uma foto que o mostra fazendo careta. Ele está usando uma camiseta branca com um suéter azul-claro.

Murdoch foi forçado a fechar o jornal britânico News of the World no ano passado em decorrência do escândalo de invasão de correios de voz no tabloide, que ganhou ampla repercussão. As vítimas incluem celebridades, estrelas do esporte e uma adolescente que foi assassinada e cujas mensagens de voz foram acessadas ilegalmente.

O escândalo provocou danos às propriedades financeiras de Murdoch e levantou dúvidas sobre se sua família pode reter o controle da companhia, que tem negócios em áreas como jornais, revistas, filmes, televisão e livros.

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[Gregory Katz, da Associated Press, em Londres]