Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um legado de Líbero Badaró

Ser jornalista é ser um profissional da informação que divulga os principais fatos baseados na ética e no profissionalismo. A imprensa possui um papel fundamental na fiscalização e na denúncia de atos irregulares na sociedade. No Brasil, essa tão importante classe foi homenageada em várias datas. Em algumas ocasiões foi no dia 24 de janeiro, data do padroeiro da profissão, São Francisco de Sales; em outras passou a ser o dia 29 de janeiro, por conta da morte, em 1905, do jornalista e abolicionista José do Patrocínio. Além do 16 de abril, em que se comemora o Dia do Repórter. O Dia do Jornalista passou a ser comemorado em uma única data a partir da intervenção da Associação Brasileira de Imprensa, que instituiu o 7 de abril.

Nessa data, em 1831, o imperador dom Pedro I teve de abdicar do trono após um grande desgaste político que teve como elemento de combustão o assassinato do jornalista e médico João Batista Líbero Badaró – também chamado de Giovanni Baptista Líbero Badaró –, redator do Observador Constitucional. O patrono do jornalismo brasileiro foi atingido por um tiro quando participava, em 22 de novembro de 1830, em São Paulo, de uma passeata de estudantes em comemoração aos ideais libertários da Revolução Francesa.

O crime foi atribuído a autoridade que representava o braço judiciário, mas a imprensa liberal afirmou que a morte teria sido encomendada pelo imperador. Líbero Badaró precisava ser morto porque seu proselitismo em favor da liberdade de expressão incomodava o regime. Em seu jornal denunciava os desmandos e excessos cometidos pelos governantes. A morte do jornalista provocou uma corrente de indignação que repercutiu em toda a imprensa e na sociedade. Líbero Badaró, após ser atingido pelo tiro, agonizou por 24 horas e deixou a célebre frase: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade.” Assim se tornou um símbolo da liberdade de imprensa no Brasil. Um século depois de sua morte, em 1931, a data foi instituída pela Associação Brasileira de Imprensa como o Dia do Jornalista.

Em favor da qualificação

A data é também escolhida pelos jornalistas como o Dia Nacional da Luta em defesa do Diploma que se iniciou no I Congresso Brasileiro de Jornalistas, em 1918, no Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, se reivindicava pela primeira vez, de forma oficial, a criação de um curso específico de nível superior para a profissão. A reivindicação dos jornalistas brasileiros era em favor de uma qualificação profissional mínima para aqueles que pretendiam trabalhar nas redações.

Hoje a luta da classe, ainda em favor da qualificação, se dá por meio da reivindicação do restabelecimento da obrigatoriedade do diploma.Enquanto no Brasil não existir outra forma de qualificar esses profissionais, se faz necessário manter a graduação como principio básico para exercer a profissão de jornalista.

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[Cristiano Wildner é estudante de Jornalismo, Lajeado, RS]