Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Intolerância religiosa

Mais um caso de intolerância religiosa é divulgado na mídia. O mais recente: um homem, que não teve nome, idade ou profissão revelados, supostamente foi preso por insultar o profeta Maomé pelo Twitter no Kwait. Este indivíduo está preso e passará por interrogatório antes de ser levado ao tribunal.

Fazendo uma retrospectiva, podemos afirmar que o mundo árabe passou a ser visto de forma diferente, principalmente, após os ataques de 11 de setembro, em 2001. Desde então, sociedade e veículos de comunicação passaram a generalizar islâmicos e muçulmanos como significado de terrorismo. Não é a primeira vez que ocorre tal fato. Desde 2005, temos inúmeros exemplos do desrespeito ao islamismo. O melhor e mais explicativo são as charges que circularam por toda a Europa causando revolta no mundo árabe. Em uma, Maomé tem os traços de Bin Laden e um chapéu caracterizado como uma bomba.

É necessário partir do princípio que o islâmico não é terrorista. O que ocorre é que os terroristas utilizam à religião como justificativa para suas ações. A nossa mídia não foge à regra. Há pouco mais de um ano tivemos um bom exemplo. A escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, foi o palco de uma chacina onde doze adolescentes foram assassinados. O assassino em questão, era o ex-aluno da própria escola, Wellington de Oliveira. Ao vasculhar a vida de Wellington, encontraram uma foto do rapaz com barba e a vestimenta muçulmana. Logo o associaram como um terrorista.

Wellington foi um assassino e cometeu um crime bárbaro. E essa definição não mudaria se ele fosse católico, evangélico ou espírita. Não foi o fato de ser (ou não) religioso que o transformou em um assassino.

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[Vitor Orlando Gagliardo é jornalista, Rio de Janeiro, RJ]