Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Greve de professores nas universidades públicas

O chamado Partido da Imprensa Golpista (PIG) está encontrando um ponto de vista convergente com a opinião do governo sobre a greve dos professores: poucas e preconceituosas notícias sobre o assunto. Como comentou minha irmã, via Facebook: “Fica a dica para o jornalista Paulo Henrique Amorim: quando a ideologia dos grandes conglomerados midiáticos coincide com a do governo federal, a teoria do PIG mostra-se completamente equivocada.” É estranho que em um país com tantos desafios para chegar ao futuro e cumprir toda a mística em torno de si (Brasil, o país do futuro), o debate sobre a carreira do magistério superior seja tão raso. Desconfio que não se quer o futuro para o Brasil, mas sim, o agora eternizado. Pelo descaso para com a educação ora verificado, só posso supor que a classe governante nos considera muito bem, obrigado, a despeito do enorme passivo social que salta aos olhos dos transeuntes de nossas grandes metrópoles. A superficialidade dos argumentos com que se condenam os professores por suas reivindicações soa como uma sentença: estamos condenados aos grilhões do passado! É uma pena que estejamos perdendo o nosso bom momento econômico sem promover uma revolução, uma alteração que seja, no estado da educação nacional (Lucas Costa, funcionário público, Recife, PE)

 

De que Síria estamos falando?

Ouvi o sr. William Bonner dizer, no horário nobre, que Bashar al-Assad afirmou que o massacre em Houla não era de autoria de seu governo. Em seguida fecha o bloco (agora é hora de falar do Campeonato Brasileiro etc.) com a seguinte frase: “A CIA apontou mesmo um movimento mais intenso de entrada na Síria por membros da Al Qaeda.” Não é possível que a Globo continue subestimando assim a inteligência e o discernimento do povo brasileiro, né? É o governo fazendo uma bruta força para elevar as pessoas comuns à condição de cidadãos críticos e essa rede de TV estragando sistematicamente… E não é só: a quem se interessar (e tiver estômago forte) o OESP fez publicar na edição de hoje uma “reportagem” da BBC Brasil intitulada “Entenda quem é quem no conflito sírio“ . Como assim, “entenda quem é quem”? Quem é a BBC para dizer quem é quem nesse imbróglio que está sendo levado em palco sírio, mas às custas de gente real? (…) Fui com meu filho a uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça, na AFA. Por ser comemoração especial, 60 anos da EDA, havia aviadores e aeronaves convidados de vários países. Me impressionei demais com a demonstração de habilidade dos pilotos chilenos; parecia um bando de passarinhos brincando no ar com seus aviões acrobáticos leves, ágeis. Mas o que mais me emocionou foi o alarde feito em torno de um F-18 da força aérea dos EUA: quem já tinha visto dizia, com cara de bobo: “Treme até o chão!” De fato, é indizível o pasmo ante o estrondo que causa esse avião quando decola e quando sobrevoa nossas cabeças. Apenas um desses aviões faz realmente o chão tremer sob nossos pés. E eu não consegui conter minha imaginação: “Imagine 10, 20 aviões desses sobrevoando área civil em Bagdá, passando sob prédios e casas onde há mães e seus filhos tentando levar uma vida normal.” Depois, perguntam por que é que crianças árabes pegam em armas. Porque é que o mundo a eles parece tão hostil? Enquanto gorduchos petizes estadunidenses bulem-se mutuamente ao som das árvores balançando ao vento. O prejuízo que o sistemático ataque dos EUA a países a quem eles querem imputar a pecha de “maus”, através de uma imprensa ás vezes mais bélica do que fuzis, está acontecendo hoje, sem dúvida. Mas ainda durará por gerações. Ou alguém imagina que uma criança árabe vai conseguir se livrar do medo e da raiva que a guerra lhe impôs assim tão fácil? Se os EUA gostam tanto da guerra, que o façam em seu território (Renato Lazzari, analista de sistemas, São Paulo, SP)

 

Sobre intrigas, fofocas e diz-que-diz

A respeito de matéria publicada no Estado de S.Paulo sob o seguinte título: “Estado divulga nota e mantém as informações publicadas“. Excerto daquela matéria: “A matéria publicada pelo Estado é fruto de apuração junto a fontes credenciadas do governo e desenvolvida desde a divulgação do teor da conversa entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes. Segundo essas fontes, o fato preocupou profundamente a presidente Dilma Rousseff pelo seu potencial de crise. Dentro e fora do Palácio do Planalto é corrente a leitura de que é preciso evitar o envolvimento do governo com o assunto, raiz da orientação presidencial de silêncio sobre o tema.” De novo, o OESP incorrendo em falácias. Senão, vejamos: apelo à autoridade anônima (fontes credenciadas?) e argumentum ad populum (“Dentro e fora do Palácio do Planalto é corrente a leitura de que”…). Não sei, de fato, se a presidência realmente se incomodou com a acusação de Mendes. Lula e Jobim, tanto pelas suas declarações quanto pelas ações subsequentes às acusações, me parece que não se incomodaram muito. É como meu pai dizia: mexer com criança é garantia de sair mijado. E bem que o Estadão teve a chance de ter se mantido longe das fofocas sobre esse incidente. Um exemplo bem eloquente da expressão “diz-que-diz”. Bem, na verdade nem foi um “diz-que-diz”, já que tanto Jobim quanto Lula se limitaram a respostas diretas e econômicas sobre a acusação de Mendes. Que sirva de lição ao jornal paulista, torcendo para que este se mantenha longe dos datenismos e ratismos que assolam órgãos como a FSP e a Veja. É isso (Renato Lazzari, analista de sistemas, São Paulo, SP)

 

As palavras de Gilmar Mendes sobre os gângsteres

Um país de gângsteres, boateiros, blindeiros e mentirosos. O que dizer aos nossos filhos? O vergonhoso episódio que leva o país, perante o mundo, para uma imunda e fétida vala podre, envolvendo a ardilosa tentativa de um ex-presidente da República de blindar a quadrilha dos “companheiros do ‘mensalão’”, ao pressionar e ameaçar indiretamente o Poder Judiciário, com a possibilidade de colocar também na lama a integridade moral do ministro Gilmar Mendes, do STF, fere todos os princípios éticos da política e cai no mundo do crime e do gangsterismo. Quando três pessoas têm três distintos relatos sobre um fato – a Veja denunciou o encontro no gabinete do ex-ministro Nelson Jobim –, das três uma: ou os três mentem, ou dois dizem a verdade e o outro mente, ou um só diz a verdade. Pelo tom de indignação, até que se prove em contrário, como cidadão brasileiro no pleno direito constitucional da liberdade de pensamento, fico com a verdade do ministro Gilmar Mendes. Indignado com o que chama de “sórdida ação orquestrada para levar o Supremo Tribunal Federal para a vala comum”, Gilmar Mendes não teve papas na língua: “A gente está lidando com gângsteres. O Brasil não é a Venezuela, onde Chávez já mandou prender até juiz. Estamos lidando com bandidos que ficam plantando essas informações (boatos)”, acusando o ex-presidente Lula (o chapéu no estilo Al Capone é mera coincidência) de centralizar a divulgação de informações falsas sobre a referida autoridade judicial. Resumindo, chamou Lula, com todas as letras, de chefe dos gângsteres e do banditismo. Em sua defesa Lula não se pronunciou. No início da notícia do “mensalão”, Lula havia declarado que de nada sabia. Depois se disse traído. Por último tenta blindar os “companheiros traidores”. Por mais que se tente, não dá para entender tais distintos comportamentos. Que interesses teria o ex-presidente em tentar blindar os companheiros do PT? Será que haverá novas denúncias durante o julgamento do esquema do Valerioduto? Ou trata-se apenas de postergar o julgamento para fazê-lo cair no esquecimento? Ou será que é mesmo pura gratidão aos saudosos companheiros? Pelo sim e pelo não, estamos diante de um escândalo “jamais visto na história desse país” (qualquer semelhança, novamente é mera coincidência). Fico pensando mesmo o que dizer aos nossos filhos e netos. O partido da decantada ética, a grande vestal da política brasileira, o Partido dos Trabalhadores – PT, que se opunha a tudo de ruim que ocorria no país da cachoeira de denúncias, do dólar na cueca, do envelope suspeito dos gabinetes e das licitações fraudulentas, acabou também enlameado e sujo, dos pés à cabeça, pela mesma lama. Só resta agora ao Supremo Tribunal Federal, julgando o quanto antes o processo do “mensalão”, deixar claro ao povo brasileiro que o crime do colarinho branco e dos gabinetes da política também não compensa. O exemplo da firme aplicação da lei, para as novas gerações, precisa ser deixado. Por enquanto, como disse o ministro Gilmar Mendes, a gente está lidando com “gângsteres”. Profundamente lamentável. Continuamos sendo o país da falta de ética e de vergonha. A sociedade brasileira, em nome da ética na política, aguarda ansiosa a decisão do Supremo Tribunal Federal. Que prevaleça, sobretudo, a isenção e o rigor da lei. Ainda bem que a imprensa é livre neste país (Milton Corrêa da Costa, coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro)

 

Erro de ortografia se repetindo

Achei que seria de seu interesse notar que diversos veículos da mídia nacional estão escrevendo errado o nome do jornal norueguês Verdens Gang. Basta uma pequena busca no google.com.br com os termos Verdens Ganf (sic, com “f” em vez de “g”) e “Ernst Henning Eielsen” e se perceberá quanto o erro se repete (Christina Chambronne, auxiliar de escritório, São Paulo, SP)