Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Plano de Avenidas combate caos urbano

No começo do século passado, entre 1920 e 1940, os paulistanos já enfrentavam muitos problemas que são comuns hoje. Em 1930, a cidade tinha 1 milhão de habitantes. Cenas recorrentes: cheia do Tietê, enchentes, crescimento desordenado e constantes congestionamentos no centro. À época, a mídia já denunciava a situação. Basta consultar os jornais.

Ante essa situação, em 1930, Prestes Maia e João Florence de Ulhôa Cintra, ambos engenheiros, elaboraram o “Estudo de um Plano de Avenidas para a cidade de São Paulo”. O projeto viário previa a organização e o desenvolvimento da cidade.

Sem dúvida, São Paulo, é atualmente uma das maiores e mais ricas megalópoles do planeta. Na mesma proporção, os seus desafios e problemas. O próximo prefeito vai herdar a desordem que toma ruas e avenidas, a ocupação irregular de mananciais e a falta de infraestrutura em muitas áreas. O prefeito Gilberto Kassab, de concreto, não fez nada nesse sentido para minimizar a situação.

Mediação da sociedade civil e mídia

Está escrito: São Paulo não para. Portanto, o deslocamento no sentido centro à periferia (e vice-versa) pede solução urgente. São inúmeras horas perdidas, dado o excesso de veículos, disputando cada centímetro, nas ruas, no horário de pico. Quando chove a situação se complica mais. A TV mostra constantemente essa realidade. Pessoas ilhadas, carros inundados e marginais alagadas. Essa situação é fruto do descaso e abandono oficial. É violência contra o cidadão comum. Por quê? A cada eleição, para prefeito ou governador, as coisas não se resolvem.

Não se imagina que o próximo gestor não tenha um projeto que aprecie os graves problemas do trânsito paulistano. O morador sabe que transitar pela cidade é um grande desafio. Por outro lado, é preciso repensar o papel da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), cujo paradigma deveria ser outro. Exceto nos feriados, o que não falta é engarrafamento. Logo, o conceito de mobilidade está comprometido. Não se pode dizer que essa situação incômoda não tem solução. É preciso planejamento urbanístico e arquitetônico, que leve em conta as necessidades dos moradores da cidade.

É por isso que cabe à mídia e organizações da sociedade civil exigir do próximo gestor soluções concretas para esses incômodos que causam enormes prejuízos à cidade, bem como, os cofres públicos. Devemos deixar de lado a apatia e através do diálogo e debate cobrar das nossas autoridades mudanças que melhorem a nossa qualidade de vida.

Um novo plano viário

Está claro, portanto, que não se pode negar que o tema é relevante; aliás, é fundamental que a mídia dê sua contribuição neste debate que urge. De que forma? Dar visibilidade ao assunto que é de interesse da sociedade. Isso deve e pode ser feito estimulando os cidadãos a participar e opinar das discussões.

São Paulo, do ponto de vista arquitetônico, antropológico e histórico, merece um olhar estético mais atento. Ninguém nega que, sem um novo plano viário, o processo de fragmentação, da estrutura social, tende a ser mais crítico e adensado. Isso independe de ser, ou não, no eixo central.

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[Ricardo Santos é jornalista e professor de História, São Paulo, SP]