Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Uma visão da sociedade pelas lentes do cinema

Desde a época do cinema mudo dos anos 30, o genial Charles Chaplin usou a imagem em movimento para explicar o comportamento da sociedade. Em Tempos Modernos, assistimos à revolução industrial, as máquinas começaram a fazer parte da vida humana e as pessoas viraram peças-chave na produção das grandes fábricas. Os operários foram os responsáveis pela geração de fortunas para os industriais, que não ofereciam nenhuma condição digna de trabalho ao seu funcionário. O ser humano do início da era da modernidade viveu em função do trabalho.

Qualquer semelhança com as condições de muitos trabalhadores atualmente não é mera coincidência. A imagem em movimento do espelho da sociedade atual está representada na polêmica obra Clube da Luta, de 1999. Brad Pitt e Edward Norton mostram o outro lado da vida do homem em dependência do trabalho. Na tela vemos um turbilhão de informações, uma forte influência dos meios de comunicação de massa na vida das pessoas que incentivam o consumo. É incrível a facilidade de se mobiliar – hoje em dia é possível –, por exemplo, um apartamento inteiro por telefone! Vivemos o auge do consumismo. Muita coisa é descartável. Jovens bem-sucedidos, com bom poder aquisitivo e solteiros, perdem o entusiasmo pela vida, quando tudo é trabalhar, trabalhar, trabalhar e comprar, comprar, comprar.

“Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar, não tivemos Grande Depressão. Nossa Grande Guerra é a guerra espiritual, nossa Grande Depressão é a nossa vida.” Eles partem, então, numa busca insana por alucinantes experiências de vida e questionam esses valores. No século 21, a sociedade está totalmente rendida à coisificação, tanto é que a palavra dita pelo homem não tem mais nenhuma importância. Uma outra questão percebida como efeito de tal coisificação é o fato da família estar cada vez mais separada, uma vez que somos escravos do tempo os nossos filhos já cresceram e nem notamos. Portanto, cuidado! As coisas que você tem acabam dominando você.

***

[Sergio Batisteli é jornalista, São Paulo, SP]