Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Debate sobre a Ley de Medios argentina

Volto novamente a escrever a este Observatório para criticar da postura dos editores do programa. Acabo de assistir ao programa sobre a questão da chamada “lei dos meios” na Argentina e fico pasmo, pois está numa emissora pública que, em tese, tem a obrigação de oferecer no debate de ideias o contraditório. O que se vê são três convidados a falar mal da presidente Cristina Kirchner e detonar uma lei que a nossa presidenta Dilma não tem coragem de bancar, uma lei democrática que vem no sentido de regular os meios de comunicação e dá voz quem nunca teve. Portanto, sr. Alberto Dines, não é ético num debate como esse não estarem presente vozes diferentes. Aliás, por que o senhor não convidou, por exemplo, Altamiro Borges, Paulo Henrique Amorim, Emir Sader, Venício Lima, Laurindo Lalo Leal, Breno Altman e tantos outros jornalistas que poderiam dar uma boa colaboração para o debate. Ou será que o senhor só gosta de ouvir o que é “sonoro” para os seus ouvidos? (Luiz Carlos Ferreira Lula, técnico agrícola, Salgueiro, PE)

 

Ministro Joaquim Barbosa

O comportamento que parte da militância política favorável ao atual governo tem tido com o ministro Joaquim Barbosa é, no mínimo, “politicamente inadequado”. Ele tem sido particularmente contestado, muitas vezes com menções ao fato de “estar tentando sair da senzala e ingressar na Casa Grande” e coisas do gênero. Lamentável. Querem destruir o ministro através desta argumentação rasteira, mas o que tende a acontecer é justamente o contrário, com o ministro se tornando, além de paladino da justiça e caçador de corruptos, o guardião da igualdade racial. Daqui a pouco um veículo grande, desses tradicionais (do suposto “PIG”), começa a abordar essa novidade dessa turma dita progressista: o racismo enrustido. Creio que a coisa só não esteja pior pelo efeito pedagógico que o processo envolvendo os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Heraldo Pereira teve. Neste caso, o primeiro teria acusado o segundo de ser “preto de alma branca”. Como o segundo não gostou e procurou a Justiça, forçando PHA a fazer um acordo judicial, aparentemente as línguas mais famosas não estão afiadas o suficiente para sentenciar Joaquim Barbosa como um “preto de alma branca”. Com as vozes famosas acalmadas pelo efeito pedagógico do processo movido por Heraldo Pereira, resta aos militantes jogarem pesado sobre este tema. Alguns militantes mais famosos têm dito coisas lamentáveis sobre a negritude do ministro. Que coisa triste, vindo justamente de pessoas de um partido que tanto reclamou da abordagem do aborto da última campanha eleitoral. Já não se fazem progressistas como antigamente (Lucas Costa, bacharel em Direito, Recife, PE)

 

Colunistas da Folha de S.Paulo

O jornalista Mario Sergio Conti contabilizou, recentemente, os colunistas do jornal Folha de S.Paulo até chegar à extraordinária cifre de 136. E olha que o número exato mesmo, nem o Datafolha consegue projetar. Assim, segue aqui um manual politicamente incorreto de como ser colunista de tão prestigioso jornal, o que dá o maior cartaz, mesmo não se ganhando nada. Primeiro, é bom ser professor universitário da USP, PUC, Unicamp, Mackenzie ou FGV e ter publicado pelo menos um livro. Caso isto não tenha acontecido, junte, depois de eleito colunista, vinte a trinta colunas e publique pelo jornal o livro. Recomendação para não dançar. Ah, é preciso também curso no exterior. Segundo, é prudente ter menos de 50 anos, ainda que não imprescindível, sendo que 17 anos é uma ótima idade. Terceiro, é praticamente indispensável ser poliglota – o ex-presidente Lula não ganhou uma coluna por isso. Outros pontos importantes: trabalhar no governo federal ou estadual, ou ainda, neles ter trabalhado e agora ser oposição. Importante: caso tiver as qualificações acima e for jornalista, melhor ocultar. O colunista da Folha de S.Paulo, ao contrário dos repórteres, não precisa conhecer o Manual da Folha de S.Paulo – o que é uma bruta vantagem – mas tem de saber quem são os principais articulistas da página dois, de Opinião – os editoriais não têm importância. Outro handicap é já ter escrito em outro jornal ou revista estrangeira – a não ser a Veja. Se já tiver escrito em outro jornal brasileiro, jamais mencione, muito menos se for O Estado de S. Paulo. São bem-vindos políticos em geral e principalmente dirigentes partidários e patronais, bem como economistas (do BC, então!) e diplomatas. Escritores têm alguma chance desde que não sejam poetas e tiverem ganho o Prêmio Nobel de Literatura ou qualquer outro. Ser amigo do pastor, do bispo ou do papa não adianta nada. Ainda que frequentar círculos no Bom Retiro, TFP e Opus Dei não pegue mal. Alerta: macumbeiro não entra nem pelo porão. Como se vê, ser colunista da Folha de S.Paulo é mais fácil do que os 10 passos dos alcoólicos anônimos, como bem sabe a Barbara Gancia. Só o Mario Sergio Conti não consegue (Zulcy Borges de Souza, jornalista, Itajubá, MG)

 

Por que tanta parcialidade?

Venho aqui expressar-me sobre o que li no jornal Amazônia Jornal um fato que me deixou demasiadamente indignado. Desde quando jornal tem direito a induzir o leitor o voto num candidato com notícias tendenciosas e negativas em detrimento de outro? Claramente, na coluna de “Polícia e Justiça” da edição de 13/10/2012 do Amazônia Jornal, está comprovado que o grupo que comanda este veículo de imprensa aproveita-se do direito de “liberdade de imprensa” para distorcer fatos, explanar seu ódio a uma ideologia e trabalhar indiretamente/paralelamente para a campanha do candidato Zenaldo Coutinho (PSDB) em detrimento da campanha do Edmilson Rodrigues (PSOL) de forma descarada neste segundo turno. Neste trecho, o redator diz: “O PSOL, partido de Heloísa Helena, Babá, João Fontes e Luciana Genro, que abriga as correntes marxista, leninista, trotskista e eurocomunista, politicamente independente e de oposição ao governo federal, no Pará é aliado no segundo turno ao Partido dos Trabalhadores, o mesmo partido que em âmbito nacional abriga condenados por corrupção como José Dirceu, Genoíno e Delúbio Soares.” Outra: “A tendência dos eleitores de Duciomar – e do próprio prefeito de Belém – é apoiar no segundo turno Zenaldo Coutinho, embora o gestor municipal não tenha ainda se posicionado.” Agora eu me pergunto: é a esse tipo de jornalismo que “todo mundo lê” que devemos dar credibilidade junto aos leitores ? O jornal está autorizado a virar um panfleto do PSDB em plena época de campanha eleitoral de forma gratuita (se é que não ganham nada por isso por parte da campanha que favorecem)? Será que a sociedade, público em geral da nossa tão amada e sofrida cidade de Belém a quem o grupo se dirige precisa de ajuda de jornal – que se diz “informativo com credibilidade e imparcialidade” – para definir o voto? Será que o horário político eleitoral não basta? Por que não assumem abertamente para o público em geral seu candidato predileto para este segundo turno? Fica aqui registrada a minha indignação e da mesma forma que tais grupos de comunicação tenham direito a dita liberdade de expressão, como cidadão comum, leitor e eleitor, tenho direito de expressar minha revolta contra esse tipo de jornalismo “marrom”, parcial e todo tipo de generalização burra, irracional e tendenciosa que confunde a responsabilidade de expor os fatos para virar panfleto de um determinado grupo político (Elton Carlos, trabalhador no ramo de saúde pública, Belém, PA)