Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um exercício de jornalismo?

Há muito tempo venho observando esse fascínio de todos pelas redes sociais – são amigos da faculdade, colegas mais próximos e até aqueles com que esbarro nos vagões do metrô. Todos vidrados na internet, que agora tem potencialidade até mais rápida nos celulares.

Não faço uma fervorosa crítica sobre esse uso das redes sociais. Mas o que me desperta uma curiosidade é o interesse maior que as pessoas têm na notícia, na sua própria notícia. O jornalismo anda pairando por toda parte sem que as pessoas percebam. Todos querem relatar histórias, todos querem contar seus fatos cotidianos. O restaurante que aprovou ou não, a praia que frequentou, a loja que foi, o acidente que presenciou, a estadia no hospital que acabou sendo boa ou ruim. Sem contar com os comentários por cima das próprias notícias: exemplo disso foram as eleições, onde redes se transformaram em palanques por seus aliados e os próprios candidatos.

E, embora eu tenho ido a fundo neste pensamento, é muito fácil provar tudo isso. Um repórter, por exemplo. É comum que ele avalie os critérios de noticiabilidade antes de levar uma notícia ao público, critérios que envolvem o novo, o extraordinário… Agora voltemos aos usuários das redes sociais. Antes de publicar alguma atividade ou alguma opinião em seus perfis, eles pensam: “Quem será que vai ler meu post?” ou “O que será mais interessante publicar agora? Essas fotos agradariam meus colegas?” Não se trata de um critério genericamente parecido com o do jornalismo formal? De atingir um público específico?

Fatos, opiniões e reação

Obviamente, devemos saber a diferença de interesses: o profissional do jornalismo tem a obrigação de levar aquilo que a população espera que ele leve, a informação de qualidade, enquanto o internauta só busca de uma maneira informal agradar quem o segue em seu perfil.

Enfim, a rede social talvez seja um exercício informal do jornalismo. Claro que nem sempre consciente e nem sempre fiel aos moldes tradicionais, mas ainda assim um exercício de contar fatos (relevantes ou não); trazer opiniões (coerentes ou não) e esperar ansiosamente a reação (ou curtidas e compartilhamentos) do público.

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[Aline Rodrigues Imercio é estudante de Jornalismo, São Paulo, SP]