Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornais nos EUA ganham fôlego e setor tem otimismo

A aposta dos jornais nos EUA em novas plataformas e a recuperação econômica incipiente do país deram fôlego às empresas tradicionais de mídia impressa no fim de 2012, e analistas já veem sinais de estabilidade no mercado.

Três de quatro grandes grupos de mídia que anunciaram resultados na semana passada tiveram aumento de receita no fim de 2012: a New York Times Company, a dona do Wall Street Journal (News Corp.) e a proprietária do USA Today (Gannett). A McClatchy, que publica jornais como o Miami Herald, manteve-se estável. No ano fechado de 2012, as donas do New York Times e do USA Today também ampliaram a receita acima do esperado – o lucro anual da primeira também cresceu. Um avanço mais forte do setor em 2012 esbarrou nos custos de reestruturação (pagamento de direitos trabalhistas e investimentos, além de mudanças tributárias). A receita do braço editorial da News Corp., do magnata Rupert Murdoch, teve contração de 0,8% no segundo semestre de 2012 -o ano fiscal da empresa acaba em junho. O faturamento da McClatchy, do Miami Herald, caiu 3,1% em 2012, resultado afetado pela redução dos anunciantes e pelo pagamento de dívidas, além de custos de reestruturação.

Novas plataformas

A empresa, porém, espera melhora neste ano, com maior investimento em meios digitais e assinaturas pagas. “Parece que o [jornalismo] impresso está se estabilizando, e a expectativa de vida hoje é maior do que a esperada há alguns anos”, disse Rick Edmonds, pesquisador do Instituto Poynter especializado em mercado de mídia. “Mas é muito otimismo apostarmos que o pior já passou”, advertiu, evocando o dinamismo do mercado. “Acho que faz sentido, porém, dizer que as coisas melhoraram, sobretudo em relação aos primeiros anos de crise [econômica global]. E estão melhores do que há um ou dois anos porque há mais coisas acontecendo.”

Uma das “coisas acontecendo” é o uso do chamado paywall poroso – a cobrança para acesso ao site após um determinado número de textos lidos por mês, iniciada pelo New York Times e usada também pela Folha e por cerca de 450 jornais nos EUA. O sistema tem trazido retorno para grandes publicações e também para regionais.

A conjugação de novos elementos (sobretudo vídeo) para explorar as novas plataformas de mídia e a diversificação de produtos não jornalísticos – como assessoria para otimização dos sites das empresas em mecanismos de busca – também estão revitalizando o setor.

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[Luciana Coelho é correspondente Folha de S.Paulo em Washington]