Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Entre balas e informações perdidas

Por ocuparem um espaço físico que reúne um considerável aglomerado de pessoas – as quais possuem a finalidade precípua de garantir suas respectivas sobrevivências ante as adversidades da vida –, as grandes metrópoles estão sempre suscetíveis às manchetes periodicamente veiculadas nas imprensas brasileira e estrangeira. Nessa esteira, pôde ser visto, dias atrás, mais um acontecimento para engrossar as estatísticas do mapa da violência do país, mais precisamente da cidade de São Paulo: mais um conflito armado entre policiais e assaltantes no centro da cidade, ensejando, conseqüentemente, uma perseguição em plena luz do dia – relembrando os encalços espetaculares promovidos por policiais norte-americanos e marginais – entre os referidos protagonistas, deixando o saldo de um bandido e dois trabalhadores mortos.

Todavia, a minoria responsável em divulgar o mencionado episódio, partindo de julgamentos antecipados, propalou com contornos já característicos do cerne jornalístico que se tratou de mais uma desastrosa operação policial, cuja missão institucional seria a de proteger transeuntes, e não alvejá-los. Pois bem, há alguns pontos merecedores de nota nesta consideração.

Elementos preciosos

Sabendo-se da notoriedade do despreparo de determinados integrantes das corporações incumbidas da manutenção da segurança pública, impende fixar entendimento que dificilmente algum deles agirá como um assassino inescrupuloso e frio, a ponto de colocar em risco a vida dos cidadãos naquele momento de turbulência, ainda que haja um ou outro fato. A própria mídia em si, num aspecto encontradiço à sua tese exposta, elucida muitas ações de pura cautela e dedicação dos agentes públicos em pauta para com a sociedade em diversos casos de necessidade social. Porém, infere-se, em relação ao tipo de conduta albergado por esse círculo específico de comunicação, que o objetivo é tão-somente aumentar sua amplitude de audiência (atraindo, conseqüentemente, anunciantes, ressalte-se) e atingir o Estado, ainda que tal estratégia seja inadequada e inexista fulcro de opinião.

A estranheza nisso tudo está em caracterizar um argumento convincente acerca do ponto de vista permeado por tais institutos (leia-se, órgãos jornalísticos), de forma a atribuir a culpa única e exclusiva ao Estado, bem como refletir aspectos de negligência deste frente aos seus administrados. Nesse segmento, até há plausibilidade no que fora anteriormente apresentado, sob a questão proposta pela mídia. Entretanto, ao ser instaurado maior detalhamento dos fatores contributivos para essa situação, encontram-se elementos preciosos para embasar a ótica prolatada por esses canais de comunicação.

Soluções concretas

Ademais, é extremamente cômodo e genérico propor hipóteses de culpabilidade estatal em casos como esse, tão evidentes que são. O que não é vislumbrado, por omissão de determinadas vias jornalísticas, é a extensão da responsabilidade peculiar ao cidadão imbuído constitucionalmente a exercer seu direito de agir em circunstâncias desse calibre. Cabe salientar que os mais ‘saudáveis’ financeiramente, que deveriam ensejar esse processo, a começar pelos próprios titulares das vias comunicativas em voga, adotam uma posição estática concernente a tudo isso. Frise-se por oportuno, que a maneira dos referidos indivíduos se mostrarem ‘interessados’ no problema consubstancia-se excepcionalmente em utilizar artefatos rotulados de ‘consciência social’, haja vista o comando desses ‘interessados’ nas fundações e organizações não-governamentais que proliferam exacerbadamente sem atingir, na maioria das vezes, seu ‘objetivo’ idealizado.

Portanto, por maiores que sejam as adversidades encontradas em qualquer ambiente (geral ou local) ao iniciar juízos sobre o que ora afigura-se como óbvio, mister se faz em conhecer outras variáveis influenciadoras direta ou, como no evento em tela, indiretamente na real apreensão do acontecimento a ser solvido mediante soluções concretas, e não meras bravatas que nada têm a acrescentar, à exceção do único fim de valorizar o pensamento de seus propagadores.

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Administrador de empresas, João Pessoa, PB