Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Exército conclui inquérito sobre propaganda no Iraque

Investigação conduzida pelo Exército americano concluiu que a empresa de relações públicas Lincoln Group não violou regras militares ao pagar secretamente a empresas de mídia do Iraque pela divulgação de artigos pró-EUA, pois a prática não é expressamente proibida por regras militares. Para o governo americano, é legal plantar propaganda em outros países, mas não em território nacional.


Líderes do Pentágono e o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, criticaram a prática na ocasião em que ela foi denunciada pelo jornal Los Angeles Times, tendo em vista que o contrato foi assinado pelo comando militar em Bagdá e eles não estavam diretamente envolvidos com as atividades do Lincoln Group. No entanto, depois da investigação, cabe ao Departamento de Defesa americano decidir se serão necessárias novas normas para administrar ações de propaganda em países estrangeiros.


Campanha polêmica


O inquérito – cujos detalhes não foram divulgados publicamente – foi pedido pelo general George W. Casey Jr., comandante das Forças Multinacionais no Iraque, depois que o LA Times vazou o caso ao público, em novembro do ano passado. Na época, membros do Congresso intimaram o Pentágono a explicar o programa de propaganda, alegando que ele desrespeitaria princípios democráticos. Funcionários da Casa Branca também expressaram sua preocupação com os artigos plantados em jornais do Iraque. De acordo com oficiais do Pentágono, Rumsfeld teria considerado a criação de novas políticas para comandos militares regionais, a fim de esclarecer doutrinas e regras em relação ao setor de comunicação militar e de operações de informação.


Os resultados da investigação estavam sendo esperados com apreensão pelo Exército e pela administração Bush, onde funcionários se esforçam para encontrar uma maneira de melhorar a imagem dos EUA em todo o mundo – e particularmente no mundo muçulmano. Paige Craig, vice-presidente do Lincoln Group, afirmou que a empresa não havia sido informada dos resultados da investigação.


Segundo fontes militares no Iraque, o contrato com a empresa de relações públicas – estimado em US$ 7 milhões – será mantido e os esforços de propaganda no país terão continuidade, a não ser que seja emitida pelo Pentágono uma nova regra que restrinja a prática. Informações de Thom Shanker [The New York Times, 22/3/06].