Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

FBI desiste de documentos de jornalista investigativo

A família do jornalista americano Jack Anderson, morto em dezembro de 2005, ficou aliviada com a desistência do governo em conseguir documentos oficiais vazados ao repórter ao longo de sua carreira. Anderson deixou centenas de caixas com documentos acumulados por muitos anos de atividade jornalística, que viraram motivo de disputa entre o FBI e a família do repórter investigativo.

Funcionários do Bureau alegavam que, entre os papéis, poderiam estar documentos com informações confidenciais do governo. A família de Anderson e seu biógrafo, o professor de jornalismo da Universidade George Washington Mark Feldstein, diziam não haver tais materiais nas caixas com os arquivos do jornalista.

A notícia de que o governo deixaria de tentar conseguir acesso aos papéis veio no fim de novembro de 2006, por meio de uma carta. Nela, não é explicada a razão pela qual o FBI desistiria de abrir um inquérito sobre o caso. O promotor James H. Clinger, que assina a carta, afirmou que representantes do Bureau tiveram um encontro com a família de Anderson para tentar revisar os arquivos com o consenso dela, mas que nenhum esforço era feito para reclamar nenhum documento. ‘Eu fico aliviado de saber que eles [o FBI] desistiram de tentar conseguir papéis de um repórter morto em busca de documentos confidenciais de décadas atrás’, afirmou Feldstein.

Inimigo de Nixon

Anderson, que morreu aos 83 anos, teve uma carreira marcada pela exposição de escândalos. O jornalista chegou a entrar para a ‘lista de inimigos’ do presidente Richard Nixon e políticos ficavam sobressaltados tentando descobrir a fonte dos vazamentos que apareciam em sua coluna sindicalizada.

A viúva de Anderson foi avisada de que o governo queria os arquivos do marido logo após seu funeral. Na ocasião, agentes do FBI afirmaram que gostariam de revisar as caixas e remover delas documentos confidenciais para que eles não chegassem ao público – já que os arquivos seriam doados à Universidade George Washington. Um porta-voz do Bureau chegou a dizer que alguns dos papéis de Anderson continham informações sobre fontes e métodos utilizados por agências de inteligência americanas.

O filho do jornalista e o biógrafo afirmaram ter sido procurados por agentes que demonstraram interesse em documentos que pudessem ajudar o governo no caso contra dois lobistas do Comitê Americano-Israelense de Políticas Públicas, acusados de vazar informações confidenciais. Informações de Lara Jakes Jordan [AP, 4/1/07].