Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Folha de S. Paulo

‘O assassinato do jornalista Vladimir Herzog, preso pelas forças de repressão da ditadura em São Paulo e submetido a torturas até a morte, completa 30 anos no próximo dia 25 de outubro. A data -um ponto de inflexão que marca o início da derrocada do regime militar- será lembrada com homenagens, ciclos e lançamentos, mas parte importante da documentação da época continua inacessível, já que arquivos do regime militar continuam fechados.

Diretor da TV Cultura, Herzog foi acusado de ‘subversão’ por militar no PCB (Partido Comunista Brasileiro). Preso em 24 de outubro de 1975, no dia seguinte seria morto no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) em São Paulo.

Se o caso há 30 anos mobilizou a sociedade civil e lideranças religiosas contra a versão oficial da morte -suicídio-, a publicação, em 2004, de fotos que seriam de Herzog preso reacendeu o debate sobre a abertura dos arquivos do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações). As imagens, depois se esclareceu, eram de um padre.

De lá para cá, o governo Lula reformou a medida provisória de Fernando Henrique Cardoso sobre o sigilo dos papéis -com possibilidade de manter segredo eterno. Montou uma comissão interministerial para tratar da abertura, mas que pouco caminhou. A área de Direitos Humanos passou de secretaria com status de ministério à subsecretaria.

Para o jornalista Paulo Markun, a efeméride serve como motivação para a volta da pressão pela abertura dos arquivos. Preso com Herzog em 1975, Markun, hoje âncora do programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, é autor de ‘Meu Querido Vlado’, que será lançado em 9 de novembro.

O livro reproduz ata de uma reunião conjunta de órgãos de repressão, em 10 de setembro de 1975, em que o senador Romeu Tuma (PFL-SP), então delegado do Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), classifica Vlado como ‘elemento sabidamente comprometido’. Procurado na sexta-feira, o senador não foi localizado.

Homenagens

Sete dias depois da morte de Herzog, 8.000 pessoas, entre elas o rabino Henri Sobel e o cardeal d. Paulo Evaristo Arns, participaram de ato na Catedral da Sé, no primeiro grande protesto contra a ditadura desde o AI-5 (Ato Institucional nº 5), de 1968. No próximo domingo, Sobel e Arns voltarão a se reunir na Sé.

O ato é parte da programação organizada pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, em que será lançada a 6ª edição do livro ‘Dossiê Herzog’, do jornalista Fernando Pacheco Jordão.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘Anular o voto? Nunca!!!’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 13/10/05

‘A única diferença entre o político e o ladrão é que o primeiro a gente escolhe e o segundo escolhe a gente (circulando na internet)

Anular o voto? Nunca!!!

Um considerado leitor que (compreende-se) deseja anular o voto no referendo, escreveu à coluna:

‘(…) O Caetano se arrependeu e quer anular o voto, talvez a atitude mais correta, pois nega o próprio referendo. Mas não há jeito de se anular voto eletrônico se não houver uma tecla com essa opção, confere? Ou será que se apertarmos as teclas ao mesmo tempo, o voto é anulado? Boa pergunta pro amigo levantar na coluna do Comunique-se.’

Janistraquis foi pesquisar e ensina:

‘Como a máquina é a mesma de uma eleição comum, se o elemento apertar qualquer tecla, menos 1 e 2, e depois confirmar, pronto, anulou. Porém, é preciso esclarecer uma coisa importantíssima: quem anula o voto dá a vitória aos fascistas, porque a militância destes, que não desiste nunca, estará reforçada pela bandidagem do país inteiro, por motivos óbvios.’

É mesmo; todo cuidado é nenhum. E o Caetano não poderia mesmo apoiar o ‘sim’; afinal, não foi ele quem compôs É Proibido Proibir?!?!

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Bandidagem

Com referência ao assunto da nota acima, o considerado leitor sabe que os traficantes estão empenhados na luta pelo SIM? Pois se não sabe, leia no Blogstraquis as aventuras de um bandido conhecido como Xaxim, que manda e desmanda no Morro do Dendê, na Ilha do Governador.

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De pai e mãe

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão vê-se o presidente da República a garatujar artigos para a Folha de S. Paulo, auxiliado pela atenta Michele, pois Roldão leu no Correio Braziliense a seguinte frase perpetrada por Sua Excelência:

Da mesma forma que um cidadão pode financiar um táxi para ganhar o seu dinheiro, ele poderá financiar um barquinho para poder ganhar o seu sustento, para renovar, para equipar esse barco.

O Mestre protestou:

‘Esse uso do verbo financiar tanto com o sentido de dar como o de receber um financiamento é, sem dúvida, prática que se vem generalizando e empobrecendo nosso vernáculo.’

Janistraquis concorda plenamente, ó Roldão, mas aproveita para fazer esta pequerrelha observação:

‘E o que mais esperar de um presidente que se orgulha de ser analfabeto de pai e mãe?!?!’

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Bem feito!

Deu na coluna do Claudio Humberto:

Nordeste diz ‘não’

Coordenador do Comitê Pró-Desarmamento, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) voltou do Nordeste ‘assustado’ com o crescimento do ‘não’ no referendo.

Janistraquis festejou:

‘Bem feito, considerado, bem feito! Afinal, este Suassuna compromete a inteligência da família; onde já se viu um sertanejo paraibano aliar-se a truanazes como esse que ocupa o Ministério da Justiça e aqueloutro que preside o Senado?!?!?!

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Insônia

Depois de passar a madrugada inteira em busca de uma emissora de rádio que o conduzisse ao sonho, Janistraquis apresentou-se para o café da manhã com a cara amarfanhada e a língua escaldante:

‘Considerado, não concordo com essa generalização de que somente Cristo salva; afinal, precisamos ter um pouco de fé no Corpo de Bombeiros!!!’

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Exército

Assustadora manchete do UOL, que chamava para matéria da Folha Online:

Exército do Paquistão eleva para 18 mil total de mortos em tremor

Janistraquis ficou perplexo:

‘Considerado, a barra lá no Paquistão anda mais do que pesada, hein?! Não bastou o terremoto, foi preciso que o exército completasse os números da tragédia!’

Verdade. Em país subdesenvolvido, o exército é capaz de tudo…

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Competência

Chama-se Almir Gabriel, é repórter/apresentador do programa Tom da Amazônia, exibido pelo canal Futura, e, desde já, recebe o voto do colunista para melhor repórter da TV brasileira, no Prêmio Comunique-se do ano que vem.

Gabriel comanda um programa divertido e educativo que prova e comprova esta verdade: o ‘politicamente correto’ não precisa ser, obrigatoriamente, chato e burro. E como Tom da Amazônia homenageia o Maestro Tom Jobim, o repórter/apresentador ainda toca violão e canta!

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Diário de Notícias

O excelente jornalista e escritor Celito De Grandi lançou nesta segunda-feira em Porto Alegre o desde já candidato a best-seller Diário de Notícias – O romance de um jornal, editado pela L&PM. Em 221 páginas, recheadas de fotos dos melhores tempos e de manchetes inesquecíveis e grandes furos, como a edição extra de 1950 sobre o acidente que matou Salgado Filho, candidato do PTB ao governo gaúcho, o livro de Celito parece mesmo um romance de grandes aventuras, cujo protagonista é Ernesto Corrêa, seu diretor por 43 anos.

O Diário de Notícias, que pertencia aos Associados, de Assis Chateaubriand, foi o grande concorrente do Correio do Povo e fez e aconteceu de 1925 a 1979. Para ser lido e consultado, sempre.

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Da Independência a Lula

Neste país de sesquipedal ignorância e extremada burrice (país de m…, para não perdermos o hábito…), um novo livro de Bolívar Lamounier é sempre o bálsamo-tranqüilo da cada vez mais rara inteligência. A coluna se refere a este que agora vem a lume, intitulado Da Independência a Lula: Dois Séculos de Política Brasileira (Augurium Editora).

Bolívar, sabemos, é o mais iluminado dos cientistas políticos do Brasil e jamais se atém à superfície de qualquer assunto de sua especialidade. Na primeira parte da obra, o Mestre revê nossa historiografia política desde o Século 19, reestuda a gênese do Império, do Parlamento e dos partidos políticos e as práticas eleitorais.

A segunda parte reexamina as alterações institucionais a partir de 1930, longo período que nos enfiou pela goela abaixo a ‘Polaca’ do Estado Novo e os desrespeitos ‘jurídicos’ dos beleguins de 1964. A terceira parte de Da Independência a Lula analisa os pontos mais importantes do debate acerca da reforma política que este lamentável país não pode mais empurrar com a barriga. O livro é um curso superior e intensivo de política, com a linguagem acessível das obras verdadeiramente indispensáveis.

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Pieguice

Quem quiser saber a que ponto pode chegar a pieguice contemporânea, leia, com ou sem engulhos, o seboso artigo do professor Tomás Eon Barreiros, intitulado Desarmamento: por que votar ‘sim’? Está homiziado na editoria ‘Em Pauta’ deste Comunique-se.

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Bala-bumerangue

O considerado J. Nascimento lia A Tarde, de Salvador, quando tropeçou num despacho (no sentido jornalístico, é claro) da ‘Sucursal do Extremo Sul’, que relatava a morte de um rapaz em Itabela. Começava assim:

O laudo necroscópico aponta que a vítima se encontrava apoiada numa superfície plana quando recebeu os quatro tiros com trajetória de baixo para cima…

Nascimento ponderou:

‘Os policiais estavam deitados no chão e a vítima sobre uma mesa, ou, o mais provável, em cima do telhado. Mas a continuação era …as balas teriam transfixado o corpo e atingido o piso da habitação. Agora, estou na dúvida; existem balas-bumerangues?’

Janistraquis, que entende de balística, acha que pode ter havido um ‘rebuceteio de ricocheteamento’; é fenômeno raro, porém existe.

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Nota dez

O considerado Zuenir Ventura escreveu excelente artigo em O Globo; tão bom que o eleitor do NÃO inicia a leitura, prepara-se para festejar a conquista de mais um aliado ‘de peso’ e… decepção! Na frase derradeira, o autor dá aquele drible a mais e bota tudo a perder. Uma coisa, porém, é certa: até quando vota errado, Zuenir age com a classe de um raro cavalheiro. Leia íntegra no Blogstraquis.

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Errei, sim!

‘FALECIDO’ SAUDÁVEL – Jornal do Brasil, primeira página, em texto-legenda que descrevia o painel do pintor Eurico Abreu, inaugurado no restaurante Antonio’s, no Rio de Janeiro, para homenagear clientes célebres e já falecidos: ‘(…) Uma espécie de ceia boêmia, com o ex-presidente Kubitschek comandando duas mesas onde aparecem Sérgio Porto, Vinícius, Maysa, Regina Rosemburgo, Lúcio Rangel, Djanira, Di Cavalcanti, Irineu Garcia, Carlinhos Oliveira, Ciro Monteiro, Leila Diniz e Hélio Beltrão’.

Aos 75 anos, bonito e saudável, o ex-ministro encontrava-se, na ocasião, em viagem de lazer pela Europa… (julho de 1992)

(N. da R.: até o momento em que encerrávamos esta edição [maio de 1997], nosso considerado amigo, o ex-ministro Beltrão, curtia, aos 80 anos, merecido ócio e certamente com mais disposição do que Janistraquis, eu e o prezado leitor – juntos!!!)’



LÍNGUA PORTUGUESA
Deonísio da Silva

‘A urucubaca do presidente’, copyright Jornal do Brasil, 17/10/05

‘Na semana passada, o presidente Lula utilizou a palavra urucubaca para dizer que a oposição torce para as coisas não darem certo. Tendo na cabeça um capacete de operário, que alternou com um quepe de capitão, inseriu em sua fala versos atribuídos a Fernando Pessoa ou a Caetano Veloso, conforme a cultura de quem os cita: ‘Navegar é preciso, viver não é preciso’.

Urucubaca vem de urubu. Urubu voando por perto é sinal de desgraça, de que há cadáveres nas redondezas. Para os índios, o aviso de sinistro na língua tupi era ‘uru’, ave, e ‘wu’, negro. Ou ‘y-re-bur’, fedorento.

Quando surgiu, em 1918, durante a gripe espanhola, era pronunciada ‘urubucaca’, mas consolidou-se como urucubaca, designando a mesma coisa: azar, má sorte, ziquizira. Também um tecido quadriculado, em preto e branco, é conhecido por urucubaca, por ser utilizado na fabricação de mortalhas.

Já os versos dos navegadores antigos foram registrados por Plutarco e teriam sido pronunciados por Pompeu, no século I a.C., conclamando marinheiros a zarpar com navios carregados de alimentos, mesmo em meio a uma tempestade, porque havia muita fome em Roma.

O presidente Lula estava em Niterói quando reclamou de urucubaca. Seu objetivo era faturar politicamente a construção de 42 petroleiros da Petrobras. A licitação tinha acabado de sair.

Havia dois presidentes na solenidade. Um, o autêntico homem do povo, com uma fala marcada pelo universo vocabular da base da pirâmide social. Neste caso, a fala presidencial é clara, coesa, concisa, didática. Ao falar, descreve, narra, procura tirar ensinamentos das dificuldades do cotidiano e repassá-los aos ouvintes. Foi este o presidente que usou a palavra urucubaca.

Havia ali, porém, outro Lula, que é pautado por assessores. Vestindo roupas de grife, usa boné de sem-terra, capacete de operário ou quepe de capitão, aparece como se fosse sem-terra, como se fosse operário, como se fosse capitão, mas não é. Esse presidente é falso. O verdadeiro é o outro.

O verdadeiro é aquele operário que, há muitas décadas, utilizando a via sindical como ascensão social, deixou de ser operário e mudou vários hábitos, mas não sua fala. Lula é verdadeiro quando fala ‘errado’. E é falso quando fala ‘certo’.

Imaginemos que Fernando Henrique Cardoso, orientado por assessores, passasse a falar ‘errado’. Pois é isso que alguns assessores de Lula estão fazendo: o presidente perder a naturalidade que o levou a ser eleito.

Os cultos e os elegantes que votaram nele ‘perdoaram’ seus ‘erros’ em nome de seu projeto de governo. E o presidente está sendo abandonado, não pela elite – esta adorou a metamorfose – mas pelas classes médias urbanas. Para reconquistá-las, ele precisa demonstrar que no segundo mandato executará o projeto para o qual foi eleito no primeiro!

Como aprecia metáforas, embora evite, por motivos óbvios, comparações escolares, ele ficou em segunda época, não foi ainda reprovado, está em recuperação. Como demonstrou ao longo da vida ser um bom aluno, talvez seja o caso de mudar os professores, a bibliografia e os exercícios.’



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‘Outras urucubacas’, copyright Jornal do Brasil, 18/10/05

‘É verdade que errei em boa companhia ontem no JB, mas errei. Apoiado em Antônio Houaiss, José Pedro Machado e Silveira Bueno, entre outros, escrevi, a propósito da urucubaca invocada pelo presidente Lula, que o vocábulo surgira na gripe espanhola de 1918. Quatro enganos, como se verá. Fazer o quê? ‘A ciência é a eliminação progressiva do erro’, disse Engels. E meus antigos professores de latim reiteravam sempre errare humanum est, sed perseverare in erro diabolicum est (errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico).

A urucubaca é mais antiga. Surgiu antes de o jingle político existir apenas como louvor, quando a ironia grassava nas campanhas e ia passando de boca em boca. O rádio só surgiria em 1922.

Assim, foi muito cantada no carnaval de 1915, Ó Filomena (gravada em 1914, quatro anos antes da gripe espanhola), de J. Carvalho e J. Praxedes, cujos versos ironizavam a idéia que o presidente tinha de fazer seu sucessor: ‘A minha sogra morreu em Caxambu/ Foi pela urucubaca/ Que deu o seu Dudu./Ai Filomena/ Se eu fosse como tu/ Tirava a urucubaca/ Da careca do Dudu’. Dudu era o apelido do presidente Hermes Rodrigues da Fonseca.

Cantada até hoje na melodia de Marcha, soldado, cabeça de papel, foi sucesso no carnaval e fracasso na política. Venceslau Brás, o candidato oficial, venceu as eleições presidenciais. ‘Dudu quando casou/Quase que levou a breca/Por causa da urucubaca/Que ele tinha na careca’. Quem levou a breca foram os autores, os eleitores votaram maciçamente contra a canção, dando 90% dos votos ao vitorioso.

Várias vezes deputado e depois presidente da República, Artur Bernardes mandou prender o escritor Djalma Andrade, seu conterrâneo, autor de jingle que dizia às claras o que era entredito em murmúrios, isto é, que o presidente era homossexual. Para tanto, utilizou a ambigüidade polissêmica do verbo comer: ‘Quando à cova ele desceu/Inteiramente despido/Disse um verme para outro verme:/Não como, já foi comido’.

Na voz de Chico Alves, o candidato Washington Luís sofreu, mas venceu as eleições de 1926: ‘Ele é paulista?/É sim senhor/Falsificado?/É sim senhor./ Cabra farrista? É sim senhor./ Ele é estradeiro?/ É sim senhor’. Estradeiro porque dissera que ‘governar é abrir estradas’. Falsificado, porque era carioca de Macaé.

Chico Buarque fez marchinha para apoiar Fernando Henrique Cardoso, contra Franco Montoro, nas eleições para o Senado, em 1978, aproveitando os acordes de Acorda Maria Bonita: ‘a gente não quer mais cacique/A gente não quer mais feitor/ A gente agora tá no pique/Fernando Henrique pra senador’.

As farpas de Chico Buarque não surtiram efeito, mas é bom lembrar que um homem como Franco Montoro, íntegro, ético e um de nossos melhores políticos tenha sido chamado ‘cacique’ e ‘feitor’ por um artista como Chico Buarque! Como lembrou Fernando Morais em artigo publicado na Folha de S. Paulo (disponível em www.teste.observatoriodaimprensa.com.br), ‘com a proximidade da derrota de FHC, os montoristas refizeram com fino humor a letra do jingle: A gente não tem mais cacife/ A gente não tem mais mentor/A gente agora foi a pique/Fernando Henrique é só professor’. Houve, porém, a tréplica da realidade e na seqüência FHC foi eleito senador, tornou-se ministro da Fazenda, elegeu-se e foi reeleito presidente da República.

As urucubacas, como Minas, estão onde sempre estiveram. No Brasil, infelizmente! Mas sempre soubemos vencê-las! Falta apenas descobrir como faremos desta vez!

PS. Agradeço a meu querido amigo, o jornalista Jayme Copstein, que me escreveu de Porto Alegre, identificando o erro e enviando a marchinha Ó Filomena.’



SODRÉ NA BIBLIOTECA NACIONAL
Pedro Soares

‘Sodré assume a Biblioteca Nacional’, copyright Folha de S. Paulo, 17/10/05

‘Sondado há dez dias pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, para presidir a Biblioteca Nacional, o professor titular da Escola de Comunicação da UFRJ Muniz Sodré, 63, disse à Folha que aceitou ‘o desafio’ na sexta e que assumirá o cargo com ‘desinteresse e desapego de vantagens pessoais’.

‘Não sou dono de empresa e não tenho interesse na área [editorial]’, disse Sodré, que afirma ser amigo do ministro desde os tempos de faculdade na Bahia. Sodré evitou criticar a administração anterior, do colecionador Pedro Corrêa do Lago, que pediu demissão no começo do mês.

Com mestrado em ciências sociais e pós-doutorado na Sorbonne (França), Sodré foi jornalista e é autor de diversos livros.

Sodré disse que seus únicos interesses à frente da Biblioteca Nacional serão preservar o maior acervo de livros do país e promover a leitura. Ele se disse consciente da falta de recursos e dos problemas que encontrará. Afirma que buscará parcerias com estatais e empresas privadas. Entre as prioridades, está terminar a microfilmagem do acervo.

Sodré declarou que se reunirá nos próximos dias com o ministro Gil para formalizar os detalhes antes de assumir o posto.

O comunicólogo declarou que não teve motivações financeiras para aceitar o convite: ‘O salário é menor do que eu ganho. É mais uma posição de prestígio’, afirmou Sodré, acrescentando que manterá seu salário de professor.

Pedro Corrêa do Lago saiu da Biblioteca Nacional em meio a investigações da Controladoria Geral da União, do Ministério Público e da Polícia Federal por suposta irregularidades em sua gestão.

Em julho, constatou-se o sumiço de pelo menos 150 fotos históricas da biblioteca. A investigação da PF ainda está em andamento e corre em segredo de Justiça.’