Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Folha de S. Paulo

CRÔNICA
Carlos Heitor Cony

Crise de identidade

‘Entrei no táxi e o motorista me saudou com um entusiástico ‘é muita honra!’. Agradeci, mesmo sem saber por que eu era uma honra para ele. Ao virar na primeira curva, explicou: ‘Estou lendo ‘O beijo no asfalto’, é maravilhoso, estou adorando’.

Encalistrado, não o corrigi, já me confundiram anteriormente com Fernando Sabino e com o próprio Nelson Rodrigues. Estou habituado. Ele continuou elogiando a peça que não escrevi, volta e meia dizia que eu era o maior. Modestamente fiquei encolhido no meu canto, sem nada a fazer para desmanchar a honra que involuntariamente lhe causara.

Depois de muito me elogiar, chamou-me de Cony e aí quem ficou pasmado fui eu. Ele acertara o nome, mas errara a obra. Atribuí o equivoco ao fato de ter publicado, há pouco, um livro intitulado ‘O beijo da morte’, em co-autoria com Anna Lee. Atribuí o erro dele à troca do nome do título, embora estivesse correto na autoria.

Durou pouco a explicação que dei para mim mesmo. Quando saltei na cidade e quis pagar a corrida, não aceitou o meu dinheiro, era uma homenagem que me fazia. Comunicou-me que após ‘O beijo no asfalto’, queria ler minha obra toda, ia comprar ‘O vestido de noiva’. Quis saber se era bom, ouvira dizer que era a minha melhor obra.

Mais uma vez modestamente, disse que não era das minhas melhores coisas. Ele ficou decepcionado. Além do mais, um outro táxi buzinava atrás dele, pedindo que se mancasse, estava atravancando o tráfego. Quis saber então que obra eu lhe recomendaria para a sua próxima leitura. Sugeri ‘O auto da compadecida’.

Ficou satisfeito, disse que já tinha ouvido falar muito bem dessa obra. Saltei do táxi e, antes que arrancasse, ele disse para si mesmo: ‘Ganhei o meu dia!’’



TV DIGITAL
Elvira Lobato

Brasil e Argentina divergem na TV digital

‘Argentina e Brasil devem adotar tecnologias distintas de televisão digital. Em novembro do ano passado, os dois países assinaram um acordo de cooperação para desenvolvimento de um sistema único, mas, a partir de janeiro, o governo brasileiro começou a sinalizar a escolha do sistema japonês.

Segundo a Folha apurou, o sistema japonês, conhecido pela sigla ISDB, está praticamente descartado na Argentina. Ele é o preferido dos radiodifusores brasileiros e também do ministro das Comunicações, Hélio Costa -o governo já se definiu pelo sistema japonês, segundo a Folha publicou em março. Só falta o anúncio.

Na Argentina, a situação é diferente: os radiodifusores estão divididos entre o sistema norte-americano, conhecido pela sigla ATSC, e o europeu (DVB).

A Telefe, uma das maiores redes de televisão da Argentina, pertence à subsidiária local do grupo Telefónica de Espanha. Por isso, defende o DVB. O grupo Clarín, dono de outra importante rede de TV, o Canal 13, já está fazendo transmissões experimentais com a tecnologia norte-americana.

Em 1998, a Argentina anunciou a escolha do sistema norte-americano. A decisão está suspensa, mas não foi revogada oficialmente.

Fórmula matemática

A Secretaria das Comunicações argentina criou uma comissão, com cinco representantes do governo e dois do setor privado, para escolher a tecnologia a ser adotada pelo país.

O diretor-executivo da Associação de Radiodifusoras Privadas (entidade que representa as emissoras de rádio na Argentina), Hector Parreira, diz que, ‘lamentavelmente’, a tendência é que os dois países adotem tecnologias diferentes.

‘Seria melhor que o Mercosul, e dentro do possível, todo o Cone Sul, adotasse o mesmo padrão.’

A Argentina escolherá a tecnologia do fornecedores que garantirem maior volume de investimentos no país, maior geração de empregos, diretos e indiretos, menor cobrança de royalties, além de transferência de tecnologia.

Fórmula matemática

Essas contrapartidas também estão sendo negociadas pelo governo brasileiro. A diferença, na Argentina, é que as propostas serão avaliadas seguindo fórmula matemática. Os candidatos apresentarão proposta para cada item (investimento, emprego, economia de royalties). O vencedor será o que tiver o maior número de pontos, como ocorre no exame das propostas técnicas nas licitações públicas brasileiras.

A informação de radiodifusores é que os japoneses não fizeram proposta. Nesse caso, a escolha se dará entre os sistemas norte-americano e europeu.

O Ministério das Comunicações informou, por intermédio de sua assessoria, que não tem conhecimento da comissão de estudo da TV digital criada na Argentina e que, para a pasta, continua em vigor o termo de cooperação assinado no final do ano passado.

Um dos objetivos do acordo era conseguir melhores condições para os dois países nas negociações com os fornecedores. Na ocasião, o Ministério das Comunicações divulgou que o objetivo da Argentina, ao optar por uma ação articulada com o Brasil, era reativar sua produção industrial. Anunciou também a possibilidade de todos os países da América do Sul aderirem ao acordo.

O Ministério das Comunicações avaliava que a Argentina acompanharia a decisão que fosse tomada pelo Brasil.

Quem negociou o acordo com o Brasil, pela Argentina, foi o ex-secretário de Comunicações Guilhermo Moreno, que foi substituído por Lisandro Salas, em abril. A primeira decisão política de Salas foi constituir a comissão para a escolha da tecnologia de TV digital.

Uruguai

Que reação esperar dos demais países do Mercosul? O Uruguai só agora começou a discutir internamente a questão da TV digital. Recentemente, o presidente da Ursec (a agência reguladora das telecomunicações), León Lev, disse, em entrevista, que seria conveniente que toda a América Latina elegesse o mesmo sistema.

‘Se não houver integração dos mercados, perderemos economia de escala, e as possibilidades de fabricação ficarão substancialmente restritas.’’



BIG BROTHER TUCANO
André Caramante

Governo quer vender dados dos paulistas

‘Enquanto tenta controlar os impactos da maior crise na segurança da história de São Paulo, o secretário Saulo de Castro Abreu Filho apresentou um projeto pelo qual autoriza que empresas particulares administrem e vendam a base de dados com a ficha pessoal de todos os cidadãos que tiraram documento no Estado. Hoje, por lei, o sigilo e a manutenção dos dados são responsabilidade do poder público.

Para transferir as fichas para a iniciativa privada, Abreu Filho quer que empresas escolhidas por licitação modernizem toda a base de dados que, hoje, o Estado administra. Parte da proposta é converter do papel para meios digitais 45 milhões de fichas datiloscópicas e 60 milhões de registros criminais.

Segundo o economista técnico da unidade de PPP (Parceria Público-Privada) Deraldo Mesquita Júnior, da Secretaria de Economia e Planejamento, a empresa escolhida deverá gastar, só no início do projeto, cerca de R$ 490 milhões.

Ele também disse que uma das ‘contrapartidas’ é a exploração comercial desses dados, que poderão ser repassados para bancos, administradoras de cartões de crédito e redes de magazines e de telemarketing.

Com isso, uma loja poderá negar um serviço a alguém que já cumpriu pena por algum crime; uma seguradora de carros poderá descobrir que o cliente já registrou ocorrência de acidente de trânsito e aumentar o valor de uma apólice.

Para encampar a idéia de modernizar as fichas da população do Estado, que, na sexta à noite, chegava a 40.443.124 pessoas, segundo a Fundação Seade, Abreu Filho teve aval do governador Cláudio Lembo (PFL).

Em dezembro, ainda vice do hoje presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), Lembo presidia o Conselho Gestor do Programa Estadual PPP, criado pelo governo tucano em 2004.

Na proposta feita à Secretaria de Economia e Planejamento, que gerencia as PPPs, Abreu Filho relacionou uma série de aspectos que, na visão dele, serão benéficos para o trabalho de inteligência da polícia.

Para ter uma idéia das dificuldades atuais, as polícias Civil e Militar não têm nem freqüência única de radiocomunicação para trocar informações, como foi necessário nos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), quando 162 pessoas, entre agentes de segurança e supostos criminosos, morreram no Estado.

Como já passou pelo crivo do Conselho Gestor do Programa Estadual PPP, Abreu Filho deverá apresentar agora sua proposta de privatização do cadastro pessoal dos cidadãos à CPP (Companhia Paulista de Parcerias), ligada à Secretaria de Estado da Fazenda. Os estudos estão sendo aprofundados.

Modelo norte-americano

Durante toda a semana passada, uma equipe da Polícia Civil -que tinha inclusive o diretor do instituto onde ficam as fichas de quem tirou documentos em São Paulo- percorreu algumas cidades dos EUA para descobrir como o sistema funciona lá e tentar definir como adaptá-lo à realidade paulista.

Um dos maiores problemas que deverão ser enfrentados com o repasse das informações dos cidadãos para o setor privado é o mesmo que envolve a base de dados de empresas de telefonia e da própria Receita Federal. Na rua Santa Ifigênia (região central de São Paulo), a poucos metros da sede da 1ª Delegacia Seccional da Polícia Civil, vendedores ambulantes negociam ilegalmente, por aproximadamente R$ 100, CDs piratas com dados pessoais -como endereço, CPF, renda anual e número de telefone.’



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Projeto é inconstitucional, diz advogado

‘Absurda, inconstitucional, um erro estratégico primário e terrível. É assim que o advogado Augusto Tavares Rosa Marcacini, presidente da Comissão de Informática Jurídica da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) e um dos maiores especialistas do país em bases eletrônicas de dados, interpreta a proposta do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, de viabilizar a venda de dados pessoais dos cidadãos paulistanos para empresas privadas.

‘O secretário [Abreu Filho] deveria saber, antes de mais nada, que os dados presentes nos documentos não são do Estado, são da população. No mundo inteiro existe uma preocupação muito séria com a administração de bases de dados pessoais. Essas informações estão diretamente relacionadas à privacidade das pessoas e esses dados podem ser utilizados para bombardear as pessoas. Já temos precedentes complicados demais no país. Acho terrível porque vão comercializar a privacidade dos cidadãos comuns’, afirmou Marcacini.

Na interpretação do advogado, deveria sempre haver, antes de mais nada, uma preocupação grande com a maneira como um banco de dados como esse que o secretário Abreu Filho quer repassar às empresas privadas é formado.

‘Modernizar, tudo bem. Mas vão modernizar a esse custo, vendendo nossos dados pessoais? Não dá para ser assim. Isso toma uma proporção ditatorial. Você começa a criar o ‘Grande Irmão’ [alusão ao livro ‘1984’, de George Orwell], onipresente’, disse.

Decisão de gabinete

‘No Brasil, o pessoal põe a tecnologia em cima da mesa e passa a achar que vale tudo. O setor público sempre coloca duas alternativas: ou é o caos ou é a nossa versão de como utilizar a tecnologia. E não é bem assim que funciona. Tecnologia precisa ser discutida, principalmente o uso que vai ser dado para essa tecnologia. Via de regra, o Estado brasileiro tem feito isso sucessivamente. Eles tomam decisão de gabinete’, afirma o advogado.

Outro especialista jurídico que é contra a iniciativa do secretário Abreu Filho é o advogado criminalista e conselheiro federal da OAB Alberto Toron. ‘Isso [o repasse das informações pessoais à iniciativa privada] fragilizará todo o sistema de proteção da privacidade garantida por lei aos cidadãos, que têm direito de sigilo e fidedignidade dos seus documentos pessoais’, diz Toron.

Depois de receber da reportagem detalhes da proposta de Abreu Filho, que disponibiliza no site da Segurança Pública (www.seguranca.sp.gov.br) um modelo de carta para os interessados na obtenção do direito de cuidar do banco de dados com as informações pessoais dos cidadãos, Marcacini disse que vai pedir uma avaliação do projeto para a OAB, durante uma reunião na próxima semana.

Para Marcacini, é necessário que o Estado guarde os dados pessoais dos cidadãos em sigilo e só os acessem quando realmente for necessário, em situações especiais.

‘A sociedade civil também deveria ter o direito de auditar não os dados, mas, sim, a guarda deles, para que não vazassem. Seria bom que alguém da sociedade civil, de vez em quando, pudesse ir à Receita Federal para tentar descobrir onde estão as brechas para esse sistema de dados sigilosos não vazar de maneira nenhuma’, opina Marcacini.’



CASO SUZANE
Folha de S. Paulo

Associação recorre ao STJ para liberar transmissão do júri

‘A Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo entrou ontem com ação no Superior Tribunal de Justiça para que o julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Cravinhos, que vai começar amanhã, seja transmitido ao vivo pela TV.

Os três confessaram ter planejado e executado o assassinato dos pais de Suzane, Manfred e Marísia, em 2002.

Anteontem, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou o pedido feito pela Acrimesp, com a justificativa de resguardar a intimidade de réu, promotor, advogados, juiz, testemunhas e jurados.

Na nova ação, a Acrimesp sustenta que a transmissão torna o Judiciário mais próximo de todos os cidadãos. O pedido deverá ser analisado antes do julgamento.

Ontem, o muro do prédio onde a jovem cumpre prisão domiciliar, no Morumbi (zona oeste de SP), foi pichado mais uma vez, com uma frase ofensiva à Suzane. O mesmo ocorreu na quinta-feira.

O síndico Alexandre Lopes Borges, 60, divulgou uma carta encaminhada a Denivaldo Barni, que era amigo do pai de Suzane e que a abriga em seu apartamento.

Na carta, Borges relata os transtornos causados pela presença de jornalistas no local, diz que a privacidade deles está ameaçada e que Barni será responsabilizado por danos materiais e morais provocados pela situação.

Barni disse ter pedido desde 2005 a transferência da prisão domiciliar de Suzane para a casa da avó dela, mas que a Justiça não respondeu.

Mauro Nacif, advogado de Suzane, disse ontem que faria simulações de perguntas a ela neste final de semana.’



INTERNET
Shin Oliva Suzuki

Políticos descobrem as ‘rádios da internet’

‘Já pensou em ter à disposição, com pouco trabalho e à hora que quiser, uma seqüência dos vários discursos do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acerca do seu projeto de renda mínima, para escutá-los durante os exercícios no parque, rumo ao trabalho, caminhando pela rua, enfim, praticamente em qualquer lugar e situação?

Com dois senadores norte-americanos, um republicano e outro democrata, isso já é possível por meio do podcast, mídia em que programas de rádio e vídeo produzidos no esquema faça-você-mesmo estão disponíveis na internet, para serem baixados e reproduzidos em tocadores portáteis de MP3 -dos quais o mais popular é o iPod, fabricado pela empresa Apple.

O democrata Barack Obama, do Estado de Illinois, e o republicano Norm Coleman, de Minnesota, estão entre os primeiros políticos dos EUA a expor suas idéias por meio de podcasts -e, como deverá ocorrer a um eventual programa do senador Suplicy no futuro, os dois ainda não ameaçam a popularidade de podcasts de humor, comportamento, música, sexo, entre outros gêneros.

Ajuda a impulsionar a tendência, no caso americano, a tradição da ‘accountability’, conceito que significa o dever dos homens públicos de prestar contas de seus atos. Mas é fato que integrantes da classe política americana e européia já estão despertando para a chance de dialogar com uma audiência voltada às mídias não-tradicionais, que também compreende o universo dos blogs.

Sarkozy no podcast

Na época da onda dos conflitos nos subúrbios de baixa renda franceses, no ano passado, o polêmico ministro do Interior da França, Nicolas Sarkozy, causou sensação quando aceitou conceder uma entrevista transformada em podcast a Loïs Le Meur, um dos blogueiros mais populares do país. Em curto espaço de tempo, a página de Le Meur -que tem o lema ‘mídia tradicional envia mensagens, blogs iniciam discussões’- atraiu 50 mil visitas.

A entrevista não gerou nenhuma manchete política importante, mas o blogueiro e também ‘podcaster’ francês conseguiu quebrar algumas convenções: dispensou o tratamento formal, chamando o ministro Sarkozy de ‘você’, e serviu de divulgador para o público sem ser jornalista nem comentarista político.

Já os senadores norte-americanos preferem ter seu próprio programa; enquanto Coleman apenas converte seus discursos em podcasts, o jovem Obama, considerado uma estrela ascendente nos círculos democratas, grava seus episódios, de duração de cinco a dez minutos, e coloca-os no ar regularmente, sem muita produção, vinhetas e efeitos espetaculares.

Entre os temas já abordados por Obama estão combustíveis alternativos ao petróleo, os protestos dos imigrantes ilegais e a situação política no Oriente Médio. É o podcast político mais ouvido no iTunes, também da Apple, site onde são disponibilizados programas de áudio de vários gêneros.

Nova audiência

Para Mark Glaser, especialista em novas mídias e blogueiro sobre a área no site da PBS, rede pública de rádio e TV dos EUA, podcasts ou blogs não são determinantes para vencer uma eleição -ainda.

‘Políticos apostam muito mais em comerciais de TV e são extremamente conservadores na hora de arriscar o seu dinheiro. Mas isso pode estar mudando um pouco. [O político democrata] Howard Dean teve sucesso em mobilizar sua campanha por meio da internet e de seu blog. Mas ele não ganhou nada de expressão até agora’, disse Glaser à Folha.

Todd Gitlin, autor do livro ‘Mídias sem Limites’ e professor da Faculdade de Jornalismo na Universidade de Columbia, afirma que alguns políticos sabem que os jovens, mais antenados às novas tendências, são os que menos inclinam-se a votar nas eleições e vêem um nicho aí. ‘Políticos tentam de tudo para arregimentar mais votos e chamar a atenção. Isso inclui as novas mídias. Há o exemplo de Barack Obama, e outros também devem seguir.’

Gitlin concorda com Glaser que o impacto das novas mídias ainda é pequeno nas urnas, mas acha que o poder de recurso como os podcasts não deve ser desprezado. ‘As previsões apontam para a erosão da mídia convencional entre o público jovem. Assim, os que dominarem mais rapidamente as novas tecnologias se tornarão mais competitivos.’

Prepara a voz, Suplicy.



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O que é um podcast

‘FAÇA-VOCÊ-MESMO

Podcast é uma mídia em que programas de rádio e vídeo são produzidos no esquema faça-você-mesmo e ficam disponíveis na internet

COMO

Qualquer pessoa com um microfone e um software de edição de áudio pode fazer um programa sobre os mais variados temas

ONDE

Entre os softwares de áudio gratuitos está o Audacity, que pode ser baixado, em português, no endereço audacity.sourceforge.net

PARA OUVIR

Finalizado o programa, ele pode ser disponibilizado em sites. Há páginas que hospedam gratuitamente, como o www.podomatic.com (em inglês)’



TELEVISÃO
Daniel Castro

‘Belíssima’ terá finais falsos para despistar

‘Quem é o filho(a) de Bia Falcão (Fernanda Montenegro) e Murat (Lima Duarte)? Quem é o mandante de todos os crimes de ‘Belíssima’? Se depender do autor da novela das oito da Globo, Sílvio de Abreu, essas perguntas só terão suas respostas reveladas no último capítulo.

Abreu concluiu na semana passada o desenvolvimento de todos as cenas da novela, até a derradeira. Ainda falta escrever muitas falas, mas os ‘acontecimentos’ já estão definidos.

Para despistar jornalistas e até mesmo o elenco e a equipe de produção da novela, Abreu desenvolveu vários finais. Esses finais, inclusive os falsos, serão gravados. Assim, os atores de ‘Belíssima’ só saberão o desfecho das principais tramas e a solução dos mistérios quando as cenas estiverem no ar.

Abreu pretende dessa forma ‘preservar a surpresa para o telespectador’. A maioria dos ‘verdadeiros’ finais já estão definidos pelo autor desde antes de a novela estrear. E não serão mudados mesmo que ‘vazem’.

Não se deve esperar desfechos mirabolantes para ‘Belíssima’. A novela é realista e, como tal, tudo deverá ter verossimilhança e explicações lógicas.

Não é a primeira vez que Sílvio de Abreu escreve falsos finais. Ele lançou mão desse recurso em 1995, em ‘A Próxima Vítima’, que tinha trama policial. A novela, no entanto, teve um final alternativo, que foi ao ar em Portugal e em sua reprise em ‘Vale a Pena Ver de Novo’.

ÍDOLO LATINO 1 O canal Sony está produzindo uma versão latino-americana de ‘American Idol’. A produção reunirá participantes da Argentina, Colômbia, México e Venezuela. O Brasil ficou de fora porque os direitos do formato do ‘reality show’ já pertencem ao SBT (‘Ídolos’). Mas o programa latino será exibido aqui, a partir de julho.

ÍDOLO LATINO 2 ‘Latin American Idol’ será o maior investimento em produção do Sony na América Latina.

BABÁ VOLTA Está confirmada a segunda edição de ‘Supernanny’. Vai ao ar ainda neste ano. O SBT detectou que o nome do programa virou sinônimo de bicho-papão: para acalmar crianças rebeldes, adultos têm ameaçado chamar a ‘supernanny’.

COMEÇAR DE NOVO Hebe Camargo anda animadíssima por causa da volta de seu programa às segundas-feiras, a partir de amanhã. A apresentadora do SBT vem participando de reuniões da equipe de produção que definem assuntos e convidados. Ela nunca se envolvera tanto com o ‘Hebe’.

APROVADOA cúpula da Globo está satisfeita com os resultados de ‘Estrelas’, novo programa de Angélica. A atração tem dado 14 pontos de média, dois a mais do que antes registrava o ‘Vídeo Show’ aos sábados.

NOVIDADE Mesmo com a segunda temporada de ‘Minha Nada Mole Vida’, a partir de novembro, a Globo mantém a exibição no final deste ano da série ‘Vila Brasilândia’, da produtora O2.’



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Dízimo da Universal leva Record à vice-liderança

‘A sensacional guinada da Record, que até o final deste ano deve se consolidar como a segunda maior rede de TV brasileira em audiência e faturamento, desbancando o SBT, não caiu do céu. Ou caiu.

A Record não conseguiria produzir as novelas, os telejornais e os programas de variedades que vêm alavancando seu ibope e suas receitas sem os quase R$ 500 milhões que a Igreja Universal do Reino de Deus injetou legalmente nela, apenas nos dois últimos anos, comprando espaço na madrugada a preços muito acima da realidade do mercado.

A rede do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, já é, desde o início deste ano, a segunda maior audiência da TV brasileira no horário nobre (18h/24h). Até o final do ano, espera passar o SBT também na média diária (7h/24h).

Alexandre Raposo, presidente da Record, estima que sua emissora fechará 2006 com uma receita bruta de R$ 950 milhões -R$ 150 milhões a mais do que o SBT.

Desses R$ 950 milhões, pelo menos R$ 240 milhões sairão do dízimo depositado pelos fiéis da Universal, segundo estimativas do mercado. Esse valor já coloca a igreja (que compra horários em outras TVs) entre as instituições que mais investem em propaganda no país.

Se fosse considerada um anunciante comum (o que ela não é), a Universal seria o terceiro maior do país no ranking dos 30 maiores de 2005 que a revista especializada ‘Meio & Mensagem’ publica amanhã. Ficaria atrás apenas das Casas Bahia (R$ 1 bilhão) e Unilever (R$ 268 milhões). Estaria à frente das fortíssimas Ambev (R$ 229 milhões) e Liderança (do Grupo Silvio Santos, R$ 162 milhões). No governo federal, seria necessário juntar a Petrobras (R$ 133 milhões) e o Banco do Brasil (R$ 118 milhões) para superar o que a Universal investe somente na Record.

O valor que a Universal paga à rede de TV de seu líder pode ser considerado ‘superfaturado’. Para conseguir faturar R$ 240 milhões por ano com suas madrugadas, a Record teria de vender três minutos de publicidade por hora (o máximo que a Globo consegue nas madrugadas), da 1h às 7h, e cobrar R$ 17.100 líquidos (sem incluir as comissões das agências de publicidade) pelo comercial de 30 segundos -ou 3,5 vezes o que a Globo pede por uma inserção às 4h, R$ 4.770.

No entanto, em maio, a Record marcou 0,8 ponto no Ibope da Grande São Paulo entre 1h e 6h. A Globo cravou 4,9 pontos. Cada ponto na região metropolitana equivale a cerca de 54.500 domicílios.

O presidente da Record afirma que esse valor (R$ 17.100) não faz sentido porque a Igreja Universal não compra comerciais avulsos de 30 segundos, mas, sim, blocos de várias horas de programação, que ela mesma produz em seus estúdios.

‘Quando se vende horário não se trabalha com unidades de 30 segundos. É uma tabela progressiva: quanto mais tempo o cliente compra, mais barato fica’, afirma Raposo.

Mesmo considerando o argumento da Record, ainda custa muito caro a madrugada da emissora. O mercado avalia em R$ 2 milhões mensais o máximo que vale a faixa das 2h às 5h (a programação da Universal vai da 1h às 7h na maioria dos dias). Rival de Edir Macedo, o missionário R.R. Soares desembolsa cerca de R$ 3 milhões mensais por 50 minutos diários no horário nobre da Band, com 1,4 ponto no Ibope em maio.

A pedido da Folha, um especialista em custos de televisão calculou quanto a Record está gastando para manter uma superestrutura de novelas (serão três simultaneamente no ar a partir de agosto), jornalismo (são 300 profissionais só em São Paulo), futebol e filmes.

O especialista, que pediu para não ser identificado, concluiu que a Record de São Paulo (que inclui o RecNov, central de estúdios no Rio) custa R$ 680 milhões por ano.

Dos R$ 950 milhões que a Record prevê faturar neste ano, ela deverá desembolsar R$ 256 milhões com comissões de agências de publicidade e repasses às suas afiliadas (são 98 emissoras em todo o país). Sem considerar o dinheiro da Universal, a Record terá um faturamento líquido neste ano de R$ 454 milhões. Como custa R$ 680 milhões, teria um déficit de R$ 226 milhões. Ou seja, os R$ 240 milhões da Universal fazem toda a diferença.

Alexandre Raposo contesta esses valores. Diz que os custos atribuídos à Record estão superestimados. Ele, no entanto, não revela seus números.

Raposo também não confirma (nem nega) que a Universal paga R$ 240 milhões: ‘Não falamos sobre investimentos de clientes. A igreja não é acionista, é um cliente. Acionista é Edir Macedo’.

Mas é graças a esse poderoso ‘cliente’ que a Record vem multiplicando seu tamanho. Em 1995, ela ocupava uma área construída de 8.000 m2 no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Hoje, são 44 mil m2.

Mesmo assim, setores como o departamento comercial tiveram de se mudar para um prédio nos Jardins. E a produção de novelas se concentrará no RecNov, complexo no Rio que terá oito estúdios em 2007 e cinco cidades cenográficas.

PREVISÃO ERA PASSAR SBT SÓ EM 2007

Record foi favorecida por queda na audiência da rede de Silvio Santos, que tinha 15 pontos no horário nobre em 2001 e hoje só registra 8 no Ibope da Grande São Paulo. O SBT, no entanto, já esboça uma reação

PRÓXIMA META É ALCANÇAR A REDE GLOBO

Lema da Record é ‘A Caminho da Liderança’. Mas a rede está muito longe da líder, que tem quase quatro vezes mais audiência. ‘Ainda é cedo para estimar o momento de passar a Globo’, diz seu presidente.’



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Busca pelo 2º lugar começou com novelas

‘A primeira tentativa do bispo Edir Macedo de transformar a Record em uma rede comercial ocorreu em 1997, com a contratação do jornalista Boris Casoy. Nessa época, e até 2000, a Record teve bons índices de audiência, mas sua programação era estruturada em apresentadores (Ratinho e Ana Maria Braga), portanto, frágil.

Em 2002, deu um salto ao tirar do SBT o diretor comercial Walter Zagari.

Um ano depois, seu então diretor artístico, Luciano Callegari (ex-SBT), anunciou a disposição de conquistar a vice-liderança. A estratégia era exibir novelas. A primeira experiência, ‘Metamorphoses’, fracassou. A Record partiu então para a produção própria. Assediou atores, autores e diretores da Globo. O ‘remake’ de ‘A Escrava Isaura’ foi um sucesso. Neste ano, ‘Prova de Amor’ encostou no ‘Jornal Nacional’.

A igreja, porém, ainda mantém membros em pontos-chave. Quase toda a área artística é ‘laica’, mas seu superintendente é o bispo Honorilton Gonçalves.’



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Universal quer montar ‘CNN gospel’

‘O céu é o limite para a Igreja Universal. Depois de passar o SBT, a Record quer vencer a Globo e criar uma rede internacional de televisão evangélica, falada em inglês ou espanhol, com sede em Atlanta (EUA), onde funciona a CNN.

O ‘projeto CNN’ ainda é um assunto restrito à cúpula da emissora. Por enquanto, não passa de uma ambição.

Dono da Record, o bispo Edir Macedo já possui um canal de TV em Atlanta (EUA), uma das cidades em que mora.

A igreja também tem concessões de TV em países africanos. Essas emissoras, por enquanto, são usadas pela Record Internacional, o canal que transmite para o exterior as mesmas novelas, programas e jogos de futebol que são exibidos no Brasil. Além da África, o sinal da Record Internacional chega aos Estados Unidos, Canadá e Europa. Recentemente, a Record Internacional substituiu a Globo na TV Cabo, a maior operadora de TV paga de Portugal.

Partido

Outro braço da Igreja Universal é o Partido Republicano Brasileiro, criado no ano passado com assinaturas coletadas em templos de todo o país. As ‘estrelas’ do partido são o vice-presidente da República, José Alencar, o senador e bispo Marcelo Crivella e o filósofo Roberto Mangabeira Unger (também colunista da Folha).

Presidente nacional do PRB, o bispo e deputado licenciado do Distrito Federal Vitor Paulo dos Santos, 42, recusa o rótulo de ‘partido da igreja’.

‘É uma grande injustiça dizer isso. A igreja não tem partido. Tem gente que diz que o PT é o partido da Igreja Católica, mas não é verdade. O vice José de Alencar é católico’, afirma.

Para continuar existindo em 2007, o PRB terá de vencer a chamada cláusula de barreira -obter pelo menos 5% dos votos válidos para deputado federal e eleger congressistas em nove unidades da federação, no mínimo.

‘Não vai ser uma eleição fácil’, prevê o presidente do PRB, que hoje tem, além do senador Crivella e do vice Alencar, dois deputados federais e quatro estaduais.

O PRB só deve lançar candidato ao governo estadual no Rio de Janeiro, onde, acredita Santos, ‘o senador Crivella tem boas chances de ganhar a eleição’ (o político aparece em segundo lugar nas pesquisas).

O partido também conta com uma aliança em torno da reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Santos afirma que terá amanhã uma reunião em Brasília com o presidente da República, que já prometeu subir no palanque de Crivella mesmo com o PT tendo candidato próprio no RJ.

Santos define o PRB como um partido de ‘centro-esquerda’, que ‘luta por uma melhor distribuição de renda e pela erradicação da pobreza’. Seu grande objetivo? ‘Todo partido quer ter um candidato à Presidência, mas isso ainda não foi cogitado’, responde.’



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Os Números

‘3 ESTÚDIOS

tinha o RecNov quando a Record comprou o complexo de Renato Aragão em 2005

8 ESTÚDIOS

terá o RecNov daqui um ano

5 CIDADES CENOGRÁFICAS

a Record construirá no entorno do RecNov para gravar novelas

R$ 30 MILHÕES

é o custo estimado de toda a novela ‘Prova de Amor’

R$ 15 MILHÕES

foi o faturamento líquido de ‘Prova de Amor’ em maio’

Vivian Whiteman

SBT fica fashion com Gloria Coelho

‘Gloria Coelho, um dos nomes mais importantes do line-up da São Paulo Fashion Week, foi convidada para fazer os figurinos das 20 modelos que aparecem na abertura de ‘Cristal’, novela do SBT que estréia amanhã.

Para a gravação, emprestou peças de sua coleção de inverno, apresentada em janeiro na SPFW. Ela também assina algumas roupas de uma das protagonistas, a empresária de moda Vitória (Bete Coelho).

Assim como ‘Belíssima’ e ‘Cobras & Lagartos’, sua concorrente na Globo, ‘Cristal’ aborda o universo fashion. Vitória é dona de uma maison de alta-costura e contrata Cristal (Bianca Castanho) como modelo sem saber que é a filha que tivera com um padre e abandonara ao nascer. O SBT quer aproveitar o tema para lucrar com merchandising.

Queridinha de algumas das mulheres mais elegantes do país, Gloria acha interessante ver suas roupas numa emissora popular e acredita que as novelas possam ser um novo canal de divulgação para os criadores brasileiros. ‘É sempre bom você poder difundir suas criações, encontrar mais gente que se identifica com sua expressão.’

Ela descarta preconceitos fashion e vê com otimismo a proliferação das tramas sobre moda na TV, que levam a um público maior as novidades mostradas em eventos restritos como a SP Fashion Week e o Fashion Rio. ‘O sol nasceu para todos, não é?’, filosofa.

Além de Gloria, outros estilistas têm exibido suas criações e até feito aparições em novelas. Alexandre Herchcovitch e Walter Rodrigues, por exemplo, apareceram em ‘Belíssima’. Já Reinaldo Lourenço, marido da estilista, emprestou várias de suas criações para o figurino de Rebeca, a fashionista vivida por Carolina Ferraz.

A moda já teve outros muitos flertes com a dramaturgia televisiva. ‘Tititi’ (1985) tinha Reginaldo Faria e Luis Gustavo como os estilistas Jacques Leclair e Victor Valentim, e ‘Top Model’ (1989) colocou Malu Mader no papel de uma modelo. A diferença é que, agora, as emissoras estão colocando cada vez mais realidade na tela.

‘Shop Tour’

A TV também passou a integrar a estratégia comercial dos estilistas brasileiros. O casal Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço começou a anunciar suas liquidações no programa de vendas ‘Shop Tour’.

O sucesso foi tanto que, depois deles, Clô Orozco, da Huis Clos, Serpui Marie e Rosa Chá, entre outras grifes de grande prestígio, resolveram seguir o mesmo caminho.

A Rosa Chá, de Amir Slama, registrou movimento recorde depois de anunciar no programa. ‘A fila virava o quarteirão, foi uma loucura. Tivemos até de controlar a entrada na loja. Olhando de fora, parecia que estava acontecendo um megaevento’, conta Jacimar Silva, diretor de marketing da grife.’

Bia Abramo

As revoluções por minuto do ‘Metrópolis’

‘A partir de amanhã, não há mais ‘Metrópolis’. Não: a partir de amanhã, o programa ganha novo horário, tem sua duração ampliada em dez minutos e, ainda, ganha mais uma inserção no ‘Jornal da Cultura’.

O leitor que estiver estranhando o parágrafo acima pode se tranqüilizar. Está em seu juízo perfeito. Estranhas são as idas e vindas da TV Cultura em relação ao ‘Metrópolis’, um dos únicos programas diários de jornalismo cultural, que completou 18 anos no ar em abril deste ano.

Na sombra das comemorações, anunciou-se que o programa passaria de diário a semanal; não havia data definida, mas o programa prosseguiu ainda diário. Depois de idas e vindas, ele desaparece para transformar-se em inserções nos telejornais.

É mais um tijolinho da desconstrução progressiva da TV Cultura, mais um passo de uma trajetória rumo a não se sabe muito bem onde.

O fim do ‘Metrópolis’ faz parte da ‘programação 2006’, que só agora entra no ar. O destaque é a ampliação do espaço para o jornalismo, que saltou de 50 minutos para três horas diárias. De resto, é mais do mesmo. Ou melhor, só mais um pouquinho do mesmo. Foram 18 anos no ar fazendo jornalismo cultural na TV, reportando o mundo das artes e espetáculos de SP. Se 18 anos atrás a agenda já comportava um programa diário de 30 minutos, não é por falta de assunto que acharam por bem acabar com o ‘Metrópolis’.

É mais uma questão de falta de ousadia, de um lado, em bancar essa programação mais diferenciada, que, aos poucos, tende a sumir da TV Cultura, pelo andar da carruagem. De outro, uma tentativa canhestra de se adequar ao que se supõe ser a demanda do ‘mercado’, privilegiando programas mais ‘vendáveis’ para captar dinheiro de publicidade.

Não é irônico que uma das vítimas da ‘nova’ TV Cultura seja justamente um programa sobre… cultura? Ah, pode-se argumentar que a essência do ‘Metrópolis’ será incorporada a esse jornalismo mais robusto, que terá três telejornais diários e, que, portanto, ele não vai sumir. Mas, evidentemente, a marca do programa, que eram reportagens mais longas, a tentativa de captar a vibração cultural da cidade, o registro da recepção do público aos principais eventos corre o risco de se perder no meio do noticiário. Um dos trunfos do ‘Metrópolis’ era justamente chamar a atenção para os temas culturais; outro, a possibilidade de dar espaço para uma diversidade maior de pautas, inclusive as que fugiam da agenda mais ‘obrigatória’. Ambos devem se diluir no novo formato.’



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