Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Funcionários da al-Jazira cobram respostas

Em protesto às supostas revelações do diário britânico Daily Mirror de que o presidente americano George W. Bush teria sugerido bombardear a sede da al-Jazira, no Catar, funcionários da emissora criaram um blog na quinta-feira (24/11).


No primeiro post de Don’t Bomb Us, todos os funcionários foram convidados a participar de uma manifestação em frente ao escritório central, em Doha, e nos outros escritórios da emissora, para pedir ‘a verdade’ sobre a acusação feita pelo jornal britânico a Bush.


Com base em duas fontes anônimas, o Mirror afirma, em reportagem publicada na terça-feira (22/11), que Bush teria conversado com o primeiro-ministro britânico Tony Blair sobre bombardear a al-Jazira em abril de 2004. Segundo a transcrição de um documento secreto, Blair teria dissuadido o presidente da idéia.


Os funcionários da emissora afirmam no blog que sua equipe é formada por pessoas das mais diferentes nacionalidades. ‘Nós não temos medo de suas ameaças – nós somos jornalistas. E há milhares de nós pelo mundo. Você pode matar alguns de nós – mas nunca conseguirá matar todos’, completa o texto.


Na manifestação em Doha, ainda na quinta-feira, os funcionários carregaram cartazes exigindo que as afirmações do Mirror sejam investigadas e exibiram fotografias de Sami al-Haj, preso na base militar de Guantánamo, e Tarek Ayoub, jornalista da al-Jazira morto em abril de 2003 quando um míssil americano atingiu o escritório da emissora em Bagdá. O departamento de Estado dos EUA alega que o ataque aéreo não foi proposital, e sim um erro.


O diretor-geral da al-Jazira, Wadah Khanfar, irá à Inglaterra este fim de semana para tentar um encontro com Blair, noticia Richard Norton-Taylor [The Guardian, 25/11/05]. Ahmed el-Sheik, editor-chefe da emissora, pediu que o governo britânico libere a divulgação do documento com a transcrição do encontro entre o primeiro-ministro e Bush. ‘Deixar que as coisas fiquem vagas é terrível’, afirmou ele à agência Associated Press. ‘O governo tem que explicar – foi um comentário sério ou uma piada?’.