Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Globo faz pressão para tirar emissora do ar

Acompanho o Observatório da Imprensa há algum tempo. Admiro o aspecto imparcial como são tratados os temas discutidos. Estou enviando esta mensagem com a finalidade de trazer à tona um assunto que tem atingido de forma muito triste telespectadores, notadamente nordestinos.


A partir do estado do Ceará vem sendo transmitido há anos o sinal da TV Diário, uma rede de TV com programação voltada à cultura do povo nordestino. A questão é que, há cerca de quatro dias, o sinal da respectiva TV foi retirado do ar e o que se sabe é que foi por pressão da Rede Globo de Televisão, devido ao seu aumento de audiência, principalmente no Nordeste brasileiro.


O grupo Edson Queiroz, proprietário da TV Diário, é também proprietário da retransmissora da Globo no Ceará, e, por conta disso, a Globo fez pressão até conseguir tirar o canal de TV do ar. É inadmissível um fato como este num regime democrático de direito.


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Primeiramente parabenizo a todos que fazem o Observatório da Imprensa. Este programa possui uma importância muito grande para mim, que desejo me formar em Comunicação Social. Gostaria que o Observatório abordasse o fato da Rede Globo ter proibido que suas afiliadas transmitam sinais via parabólica para o país. Esta censura atingiu TV Diário, que desde meia noite da quarta-feira (25/3) interrompeu a sua transmissão, o que tem gerado muitas discussões em blogs de jornalistas renomados da internet e a indignação de vários telespectadores. Foi um verdadeiro desrespeito à sociedade e o Ministério das Comunicações deveria interferir nisso. Apesar de serem empresas, os canais são de interesse público e a ambição financeira não pode prevalecer. (Wilian César Silva Alves, office boy, Juiz de Fora, MG)


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O Lula esteve domingo (22/2) na Sapucaí, no camarote do Sergio Cabral. Estavam super alegres, ele e Dona Marisa, que chegou a ir para a pista sambar.


O Neguinho, puxador antológico de samba da Beija-Flor, que está fazendo quimioterapia por causa de um câncer, casou no Sambódromo, pouco antes do desfile, e o Lula foi padrinho. Como a segurança não deixou ele sair do camarote, foi representado pela Bené e Pitanga, mas o Lula pediu que o Neguinho fosse ao camarote e ele saiu de lá dizendo, todo feliz, que o Lula tinha dado um beijo na careca dele.


Um amigo, que estava no sambódromo, disse que viu vários cartazes saudando o Lula (Lula, o Rio de Janeiro te ama, Valeu Lula!, etc), sem contar um coro: ‘Lula, cadê você, eu vim aqui só pra te ver’.


Claro que a Globo não falou dos cartazes e do coro, por isso estou passando a informação, que achei super legal, até porque, como carioca, fiquei furiosa com a vaia que o Cesar Maia criou para deixar o Lula constrangido no Pan. Nada como um dia depois do outro. (Sônia Montenegro)


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Tenho 25 anos, sou jornalista – atualmente da TV Bandeirantes – e estou muito empolgado com a realização de um grande sonho: trabalhar com jornalismo social. Para isso, eu e minha amiga Bianca Santos, repórter da Rádio Tupi, acabamos de criar uma ONG, a Comunir Jornalismo Cidadão.


A Comunir é uma associação civil sem fins lucrativos, que está em fase de criação por jovens jornalistas na cidade de Niterói, e vai atuar na área de jornalismo cidadão em comunidades carentes da região. O jornalismo cidadão ou comunitário é a prática da profissão voltada para a inclusão social, a promoção do pensamento crítico, por uma comunidade mais consciente de seu papel, por um cidadão mais participativo e ativo diante das instituições sociais, inclusive da mídia; é a renovação do jornalismo, dedicado ao desenvolvimento local; é também a invasão, no melhor sentido, da comunicação nas escolas, a fim de aperfeiçoar o sistema de ensino a crianças e adolescentes; são ações efetivas que trazem a crianças e adolescentes novas perspectivas, grandes oportunidades, um novo futuro. A Educomunicação vem sendo entendida pelo MEC (Ministério da Educação e da Cultura) como uma política pública necessária e cada vez mais urgente.


Enquanto não chega o tempo oportuno ao envio de projetos para concorrência nos editais públicos de patrocínio, este primeiro ano de trabalho da Comunir, 2009, terá de ser financiado por meio de eventos beneficentes, que começamos a realizar. O próximo passo é angariar recursos para a primeira fase de trabalho da Comunir, com a criação e manutenção de um site próprio e compra de equipamentos. Com esse objetivo, criamos em janeiro deste ano o Centro de Treinamento de Focas Comunir, projeto de organização, promoção e realização de oficinas, cursos e palestras sobre jornalismo, destinados a estudantes e profissionais recém-formados. Por meio da troca de experiências com profissionais reconhecidos no mercado e uma didática voltada para a prática jornalística, as oficinas visam fornecer a um ‘foca’ o suporte básico necessário para um bom começo de trabalho nas grandes redações. Toda a renda obtida com as inscrições das oficinas serão revertidas para os trabalhos iniciais da Comunir. (Paulo Américo Lima, jornalista, Niterói, RJ)


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Fatos, falas e opiniões que nos causam espanto e mal estar são, infelizmente, freqüentes. Fui particularmente atingido por uma fala do coordenador de portabilidade da Anatel, Luiz Antonio Moura, que, textualmente, comparou a ‘portabilidade’ na telefonia à carta de alforria, fala esta que foi ao ar no Jornal da Globo. Um servidor público, em princípio de boa formação educacional, não deveria, em nenhuma hipótese, cometer tal leviandade. Mais ainda, um meio de comunicação como a Rede Globo não deveria, jamais, divulgar tal declaração, a não ser com a intenção de dar a correta dimensão ao que significou a alforria. Até hoje a humanidade se depara com o desafio de implementá-la, não é mesmo? (Flávio Orlando Plentz Filho, físico, Belo Horizonte, MG)


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Como se não bastasse os jornalões brasileiros a serviço das elites nacionais, agora a principal instância de decisões judiciais do país também prega a criminalização dos movimentos sociais. As declarações feitas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, foram totalmente inoportunas e desnecessárias diante dos conflitos por terras em nosso país. Ao afirmar com veemência ‘que o MST não deve ser financiado por dinheiro público, pois é um movimento ilegítimo’, o ministro negou 25 anos de lutas constantes do MST pela transformação agrária do Brasil. Todos sabemos que a reforma agrária foi e é colocada na agenda de prioridades do governo federal graças às intervenções do MST e de outros movimentos agrários menores.


Ao renunciar ao passado do movimento, o ministro demonstrou claramente suas feições ideológico-burguesas em detrimento da coerência técnica que o caso exigia. No currículo de decisões polêmicas de Gilmar Mendes estão o habeas corpus concedido ao banqueiro Daniel Dantas (acusado de corrupção durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal) e a absolvição do latifundiário Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, que mandou executar em 2005 a missionária Doroty Stang em Anapu, no Pará. E nós não esquecemos.


Mendes representa a falta de identidade do Judiciário brasileiro, onde as ideologias elitistas contam mais do que a prudência analítica. São pessoas como Mendes que fazem com que a população brasileira tenha cada vez mais um descrédito com a justiça – que parece favorecer sempre para o lado mais forte, mais rico.


No dia 17 de abril de 1996, há quase treze anos, o MST foi vítima de um verdadeiro massacre em um conflito direto com a Polícia Militar do Estado do Pará – o resultado do confronto foram 19 integrantes mortos, 69 mutilados e centenas de feridos. Dos 144 policias e comandantes indiciados e, posteriormente condenados, nenhum cumpre suas penas e estão livres.


Nem mesmo as indenizações foram pagas, depois de 13 anos, aos familiares das vítimas. Outro sinal de que a morosidade é maior para os menos favorecidos. Assim caminha o Judiciário brasileiro. Resta saber se a justiça é realmente cega ou apenas enxerga o que lhe convém. (Adriano Ribeiro Machado, militante do Partido dos Trabalhadores)

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Funcionário público, Petrolina, PE