Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Hamas acusado de ataque a emissora de TV

O escritório da TV Palestina na cidade de Khan Younis foi invadido por homens armados na segunda-feira (5/6), em uma demonstração de força contra o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. A TV Palestina anunciou que pararia a transmissão por 30 minutos no dia dos ataques, em protesto contra a violência sofrida.


O incidente ocorreu na véspera do prazo final dado por Abbas ao Hamas, grupo militante islâmico que assumiu o poder depois de vencer o Fatah nas eleições de janeiro, para aceitar um manifesto de reconhecimento implícito da existência de Israel. O presidente havia afirmado que, caso o prazo não fosse respeitado, convocaria um referendo sobre o assunto em julho. Muitos temem o aumento da violência caso Abbas confirme a realização do referendo.


A proposta foi elaborada por líderes de todas as facções palestinas detidos em prisões israelenses e inclui uma cláusula pedindo por um futuro estado palestino independente ao lado de um estado israelense. ‘O documento tem de ser aceito como está. Se começarmos a mudá-lo, nunca chegaremos a um resultado’, Abbas disse em coletiva.


Violência


Funcionários da emissora disseram que os agressores que invadiram o escritório eram membros locais do Hamas. Eles atiraram nos equipamentos, quebraram computadores e afirmaram, aos gritos, que a TV Palestina favorecia o Fatah, partido de Abbas. Antes de sair, os homens agrediram dois funcionários. ‘Os homens armados me agrediram e também ao chefe da redação, Ahmed Sager’, afirmou o cinegrafista Bassam Abdallah. ‘Eles subiram no teto e usaram armas para destruir os satélites e o equipamento de transmissão’, contou o jornalista Mohammed Jouda. Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, negou envolvimento do grupo no caso.


A ONG Repórteres Sem Fronteiras condenou o ataque à TV Palestina e pediu ao primeiro-ministro Ismail Haniyeh para pôr fim à violência contra jornalistas nos territórios palestinos. ‘É essencial que medidas efetivas sejam tomadas para garantir a segurança física dos jornalistas. Pedimos ao primeiro-ministro para fazer o possível para investigar as circunstâncias deste ataque. É inaceitável que jornalistas sejam tratados desta forma’, declarou a RSF. Informações de Nidal al-Mughrabi [Reuters, 5/6/06] e Repórteres Sem Fronteiras [5/6/06].