Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Humilhação de protagonista negra é retrocesso

Gostaria que convidassem a produção da novela Viver a Vida, se possível o próprio autor, Manoel Carlos, para esclarecimentos à população negra, pelo capítulo de segunda-feira (16/11) da novela Viver a vida. Toda a humilhação de fazer ajoelhar uma personagem como Helena (Taís Araujo), que representa para as mulheres negras uma vitoriosa conquista como protagonista. Estamos vivendo a ‘Semana da Consciência Negra’. Temos feriado, leis, impostos e o desrespeito inesperado.

O Movimento Negro vem lutando para ver aquilo que vimos ontem? Era Ibope? Pena que foi negativo. Estamos regredindo para o século 19 ou avançando para outros séculos, deixando para nossos filhos negros e brancos a dignidade de viver em um país onde se conquistou o respeito e a civilização? Será que outra vez veremos a ‘escrava implorando comida para a sinhá’? Ou viveremos a vida como raça humana?

É bom lembrar que nós, ‘os coitadinhos’ do passado, já fomos abolidos. E a certeza agora é gritante de que nos devem muito. Somos bonitos, fortes, saudáveis, inteligentes; estudamos, trabalhamos e vamos à luta como qualquer cidadão. Em nome de todas as mulheres negras do Brasil, combatam isso com informação! Temos apenas pouco mais de 100 anos de libertação; não temos herança patriarcal a não ser Deus e nossa força de vontade de vencer.

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Recentemente, no Jornal da Record, em mais um capítulo da guerra declarada entre esta emissora e a Globo, houve a denúncia de que uma reportagem do Fantástico deturpava o conteúdo de uma entrevista sobre desvio de dinheiro de igrejas para outros fins que não obras de caridade e de construção da propria igreja. Acompanhei a resposta do entrevistado (com meu modesto inglês) e constatei que era fato. Durante a dublagem, o repórter ‘colocou palavras na boca do entrevistado’. Não tomo partido de nenhum dos dois lados dessa ‘guerra’, mas abusar da inteligência do espectador, na expectativa de que ele não seja capaz de entender o que ocorre, é uma indignidade. O que será que pensa um ‘profissional de imprensa’ desses? (Luciano José de Freitas, oficial administrativo, Itaporanga d´Ajuda, SE)

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O Ministro Marco Aurélio Mello disse que nossa Constituição até parece periódico em razão de ter sofrido tantas modificações. O jornalista que fez a matéria não percebeu a ironia. Marco Aurélio é um dos maiores defensores da ‘PEC da bengala‘, ou seja, da proposta de mudança da Constituição que vai permitir que os ministros do STF fiquem no Tribunal até os 75 anos de idade. Esta PEC é tão escandalosa que até os juízes se organizaram para combatê-la.

Marco Aurélio Mello encarna o que existe de mais fino em matéria de casuísmo constitucional. Mudar a constituição em seu benefício, pode; em benefício de outros, nunca. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)

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Sempre que noticia as greves dos servidores do Judiciário, a imprensa passa ao largo do problema.

Enquanto os reajustes dos salários dos juízes, desembargadores estaduais e federais e ministros dos tribunais em Brasília forem desvinculados dos concedidos aos demais servidores judiciários, estas greves serão constantes. Os desembargadores estaduais e federais e ministros dos tribunais em Brasília administram o orçamento do Judiciário. A história recente do país está aí para provar que eles sempre procuram engordar os salários dos juízes mantendo os salários dos demais servidores bem magros.

Esta distorção é provocada em razão dos privilégios e dignidades concedidos aos Juízes pela CF/88. Isto tem que mudar, com ou sem o apoio de suas excelências. Afinal, quem custeia o serviço judiciário é o contribuinte e é justamente o contribuinte que depende dos serviços judiciários que estão sendo prejudicados em razão das greves provocadas por estas distorções salariais. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)

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Professora, Maricá, RJ