Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Imprensa mineira na berlinda

A mídia mineira impressa não costuma divulgar o que acontece no estado quando não é interessante para o governo. Os professores do estado estão em greve desde o dia 8 de abril de 2010. Fizeram uma enorme passeata no dia 29/4, que mobilizou toda a cidade. No outro dia, apenas em O Tempo sai uma pequena nota e foto. O Estado de Minas (maior jornal do estado, dos Diários Associados) nada publicou. O Hoje em Dia (de Edir Macedo, da IURD) também nada divulgou. É uma pena que não tenhamos uma imprensa democrática. É uma pena que a imprensa mineira seja tão atrelada ao governo. A greve dos professores de São Paulo provoca debates e editoriais em seus jornais (Folha e Estadão), ainda que a critiquem. Em Minas a idéia é fingir que o movimento não existe.

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Nos últimos dias, o assassinato de dois ‘empresários’ que atuavam na área do contrabando e lavagem de dinheiro vem tendo desdobramentos acima das expectativas em Belo Horizonte, com notória percepção de que se trata apenas da ponta de um gigantesco iceberg, um esquema que envolve nomes de politicos, juízes, policiais, sindicatos e gente da alta sociedade mineira. Lendo as reportagens do O Tempo e do Hoje em Dia, veículos menores da mídia mineira, vê-se grande disparidade com as matérias do Estado de Minas. Percebe-se que o assunto é indigesto para esse último. A emissora do jardim botânico também tem dado cobertura bem superficial numa história que é bem cabeluda. O assunto merece maior atenção da mídia não só mineira, mas nacional. (Gustavo Mata, analista de sistemas, Belo Horizonte, MG)

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Quero manifestar meu apreço aos senhores que nos prestam um serviço de extrema relevância: a informação imparcial. Muito meios hoje executam um jornalismo tendencioso, de manipulação, e é sobre isso que venho até os senhores neste período de campanha pré-eleitoral. Solicito que façam uma avaliação de duas ediçoes da revista Veja e suas capas: edição 2153, de 24 de fevereiro de 2010; e edição 2161, de 21 de abril de 2010. Há um negativismo exacerbardo em um e, no outro, um positivismo fora do comum. É ridículo e vergonhoso o que alguns meios de comunicação fazem com o jornalismo. Creio que dará um debate de extrema importância a todos nós telespectadores do Observatório da Imprensa. (Claudio Santos, policial militar, Garça, SP)

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Eu gostaria de saber o que o Observatório da Imprensa está fazendo de prático em relação à vergonhosa atuação da mídia brasileira nestas eleições, que apóia explicitamente o candidato da elite brasileira, José Serra. O PIG (Partido da Imprensa Golpista) inventa mentiras, esconde a verdade, deturpa os fatos, mostra um candidato como um anjo e o outro como o demônio. Todos estão percebendo. O que vocês farão? (Henrique Pinheiro, funcionário público, Vila Velha, ES)

N. da R. – Exatamente o que o Observatório vem fazendo há 14 anos na internet, 12 anos na TV e 5 no rádio: manter-se como um veículo jornalístico independente cuja pauta prioritária é a observação da mídia, contrapor-se ao lobby corporativo e acionar o ceticismo da sociedade em relação à mídia de que dispõe. Em épocas de eleição e também fora delas. O assunto de que trata o prezado leitor tem sido objeto de numerosos artigos aqui publicados. (Luiz Egypto)

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A greve do judiciário vai para o seu 5º dia: nenhum jornal ou telejornal deu a notícia (Globo, SBT, Record ou qualquer outra). Uns por serem pequenos e terem medo; outros por serem grandes e terem muita pendência judicial e muito rabo preso. O presidente ‘simbólico’ da OAB, D´Urso, que há muito não se ouvia falar, diz que vai processar os funcionários do judiciário. Por que ele não ‘processa’ os magistrados por usarem todos os recursos desse poder em causa própria? Será que só o presidente Lula tem coragem de peitar essa cambada do judiciário? Em 2004, após 91 dias de greve, a Globo fez pequena menção ao assunto. (João Silva, funcionário público, Santa Adélia, SP)

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Gostaria de saber se um canal de televisão pode tomar esta atitude, já que a partir do momento em que estamos assistindo passamos a ser consumidores. E-mail enviado à Band, ao qual não tive resposta:

‘Através desta, venho mostrar minha indignação pela falta de respeito que a Rede Bandeirantes de Televisão tem com seus telespectadores. Simplesmente a emissora mudou o horário da novela Quase Anjos, que passava às 20h15, para o horário da manhã no capítulo de número 30. Horário este em que meus filhos estão na escola e eu e minha esposa estamos trabalhando. Quem tem a disponibilidade de horário também ficou na mão, já que a emissora cortou a novela de vez e colocou a mesma desde o começo. Por este motivo, aqui em casa não iremos mais acompanhar nenhum dos programas da Rede Bandeirantes, já que a emissora, demonstrando total falta de respeito com seus seguidores, poderá nos deixar na mão novamente. Não tiveram nem a competência de avisar previamente sobre o fato; isso explica o por que da emissora não ter liderança na audiência. A falta de respeito com o público é o maior motivo de tanta indignação, já que nós somos a audiência.’ (Ricardo Alves, motorista, São Paulo, SP)

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Três vezes postei o mesmo comentário a margem do texto no website de Paulo Henrique Amorim e três vezes o comentário foi sumariamente eliminado.

No comentário não disse nada que já não tivesse dito aqui mesmo no Observatório da Imprensa. Além disto, o texto é apenas uma reprodução da mensagem que enviei aos Ministros do STF contra a anistia. Paulo Henrique Amorim gosta de dizer que é contra a anistia e se apresenta como um campeão da liberdade de imprensa. O que ele quer exatamente dizer quando afirma que é contra a censura? No site dele nenhuma opinião ‘não convencional’ pode ser postada? Ele exige de todas as vítimas da ditadura que se comportem como afeminados? Quem faz a justiça é o STF não o cidadão. E este cidadão aqui – que comeu e, de certa forma, ainda come o pão que os militares amassaram na sua casa aos 3 anos de idade – tem todo direito de dizer que espera que o STF faça justiça, mas deseja no íntimo a oportunidade de vingança. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)

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Professor, Belo Horizonte, MG