Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Impunidade a assassinatos de escritores e jornalistas

Oito anos depois dos brutais assassinatos de três escritores e jornalistas e dois ativistas iranianos entre os dias 25/11 e 12/12 de 1998, a organização Repórteres Sem Fronteiras condenou o fato de os supostos envolvidos nas mortes ocuparem hoje cargos no governo. As vítimas foram esfaqueadas ou estranguladas até a morte por lutar por liberdade de expressão ou criticar o regime.


‘O governo iraniano vem prendendo aleatoriamente, torturando e matando escritores e jornalistas por anos’, afirma a RSF. ‘Um sistema judiciário com fraudes assegura que os crimes não sejam investigados e que ninguém seja punido. O regime não apenas silencia dissidentes, como também protege e promove os envolvidos nestes assassinatos. Os anos passam, mas continuamos a acompanhar os casos junto com as famílias das vítimas e não vamos nunca parar de pedir uma investigação à comissão internacional a fim de saber a verdade’.


Vítimas


Dariush Formular e sua mulher, Parvaneh, ambos líderes da oposição liberal, foram encontrados esfaqueados em sua casa em Teerã, em novembro de 1998. Os escritores e jornalistas Majid Sharif, Mohamad Mokhtari e Mohamad Jafar Pooyandeh desapareceram entre 25/11 e 9/12 daquele ano. Seus corpos foram encontrados dias depois em um subúrbio de Teerã.


Pirouz Davani, editor do jornal Pirouz, também desapareceu no fim de agosto de 1998. Seu corpo nunca foi encontrado. O jornalista Akbar Ganji foi indiciado e recebeu sentença de seis anos de prisão pela publicação de matérias que afirmavam que Davani teria sido ‘executado’ e por relacionar o promotor Mosheni Ejehi à sua morte. ‘Este caso representa apenas uma minúscula porção das atrocidades cometidas pelo regime durante estes anos nos quais o mal se tornou algo comum. As autoridades fizeram o necessário para silenciar estes jornalistas’, diz Ganji.


Sem punição


Apesar da forte evidência do envolvimento de funcionários do alto escalão do governo nestes assassinatos, nunca houve vontade política de se fazer justiça. Três dos suspeitos mais importantes, o atual ministro do Interior Mostafa Purmohammadi, o atual ministro da Inteligência Gholam-Hossein Mohseni Ejei e o promotor público Ghorbanali Dorri-Najafabadi (ex-ministro da Inteligência), nunca foram interrogados ou presos. Apenas 15 agentes do ministério de Inteligência foram condenados e sentenciados de três a 12 anos de prisão.


Da mesma forma, o promotor estadual de Teerã, Said Mortazavi, continua a ser um dos pilares do regime, mesmo estando envolvido na morte da fotojornalista Zahra Kazemi enquanto ela estava sob custódia. O presidente Mahmoud Ahmadinejad e o aiatolá Ali Khamenei estão entre os 35 piores predadores da liberdade, segundo ranking feito pela RSF [11/12/06].