Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista acusado de promover grupo curdo

Promotores públicos turcos acusaram nove pessoas, incluindo o jornalista Ferit Demir, que trabalha para a agência de notícias Reuters, de espalhar propaganda a favor de separatistas curdos, como noticia a Reuters [3/1/06]. Demir trabalhava como correspondente na cidade de Tunceli e foi detido em agosto do ano passado, quando cobria a libertação de um soldado seqüestrado pelo grupo de rebeldes separatistas conhecido como PKK. O jornalista e os outros homens – muitos deles ativistas de grupos de direitos humanos – aguardavam em liberdade o andamento das investigações.


Na segunda-feira (2/1), todos foram acusados de usar o caso do seqüestro do soldado para promover a causa do PKK, que vem travando uma luta armada contra as forças de segurança turcas na região sudeste do país desde 1984. Demir negou as acusações. Os promotores marcaram a primeira audiência do julgamento para o dia 3/3. Se considerados culpados, os acusados podem pegar até três anos de prisão.


Jornalistas que comentam publicamente sobre a morte de mais de 30 mil curdos nas últimas décadas devido a conflitos separatistas são atacados por autoridades do país. Curiosamente, ao mesmo tempo em que isso acontece o governo dá sinais de esforço para acabar com a discriminação aos curdos a fim de conseguir com que a Turquia se torne membro da União Européia. O problema maior para a liberdade de expressão no país é o sistema judiciário, que ainda se caracteriza como uma força extremamente conservadora. A Turquia culpa o PKK, considerada uma organização terrorista pelos EUA, pelas mortes e pelos danos econômicos que atingem a região por duas décadas. A violência diminuiu depois da captura do líder rebelde curdo Abdullah Ocalan, em 1999, mas voltou a aumentar desde que o cessar-fogo unilateral de cinco anos terminou, em 2004.