Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornalista e escritor morre aos 76 anos

O jornalista, escritor e professor universitário Rodolfo Konder morreu aos 76 anos na manhã de ontem [quinta-feira, 1/5] em São Paulo. De acordo com sua mulher, Silvia Gyuru Konder, com quem era casado havia quase 40 anos, Konder morreu devido a complicações no tratamento de um câncer. Ele estava internado há dois meses no hospital Beneficência Portuguesa. Há 20 dias, ele foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde morreu às 10h30.

"Ele estava em uma batalha insana contra o câncer. Rodolfo foi uma pessoa muito séria, muito íntegra, muito intrigante. Era um excelente pai. Muito divertido. Foi uma perda muito grande", disse Silvia. O corpo de Konder foi cremado ontem às 17h, no Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra (Grande SP), em cerimônia restrita aos familiares.

Konder era diretor da representação da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) em São Paulo. Natural de Natal (Rio Grande do Norte), Konder nasceu em 1938, filho de Valério Konder, que foi dirigente do PCB, e de Ione Coelho. Era irmão do filósofo Leandro Konder e de Luíza Eugênia Konder. O jornalista deixa um filho.

Um dos maiores defensores das liberdades e destacado militante contra a ditadura militar (1964-1985), Konder foi preso político em 1975, ao lado do jornalista Vladimir Herzog. Ele foi testemunha do assassinato sob tortura, em 1976, de Herzog nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) em São Paulo.

Imprensa e livros

Konder foi secretário municipal de Cultura de São Paulo nos governos Paulo Maluf (1993-1996) e Celso Pitta (1997-2000). Além disso, foi membro do Conselho da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), integrou a diretoria da Bienal de São Paulo e foi presidente da Comissão Municipal para as Comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.

Como jornalista, Konder trabalhou nas revistas: "Realidade", "Singular Plural", "Visão", "Isto É", "Afinal", "Nova"'; e colaborou com a "Playboy", "Revista Hebraica" e "Época". Também trabalhou em jornais e em rádio –como a Rádio Canadá, em Montreal. Durante quatro anos, foi editor-chefe e apresentador do "Jornal da Cultura" (TV Cultura) e colaborador permanente de "O Estado de S.Paulo" durante dez anos.

Publicou artigos na Folha e nos jornais "Movimento", "O Diário", "Voz da Unidade", "Jornal da Tarde", "Gazeta Mercantil", "Diário Popular", "Pasquim", "O Paiz", "La Calle", "El Clarin", "História", "Venus", "Opinião", "Povos e Países", "Jornal do Brasil", "Jornal da Semana", "Leia Livros", "Shopping News", "Américas" e "Shalom".

Konder foi professor de jornalismo na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), diretor da FIAM (Faculdades Integradas Alcântara Machado). Além disso, Konder fez palestras e conferências no Brasil e no exterior, sempre sobre temas relacionados ao jornalismo, à liberdade de expressão e à luta pela democracia.

Como escritor, Konder venceu o Prêmio Jabuti em 2001 pelo livro "Hóspede da Solidão". Ele também é autor de: "Cadeia para os Mortos", "Tempo de Ameaça", "Comando das Trevas", "De Volta, os Canibais", "Anistia Internacional: uma Porta para o Futuro", "O Veterano de Guerra", "Palavras Aladas", "O Rio da nossa Loucura", "As Portas do Tempo", "A Memória e o Esquecimento", "A Palavra e o Sonho", "Hóspede da Solidão", "Labirintos de Pedra", "Rastros na Neve", "Sombras no Espelho", "Cassados e Caçados", "Agonia e Morte de um Comunista", "A Invasão", "As Areias de Ontem", "Educar é Libertar" e "O Destino e a Neve".

Konder também venceu os prêmios Monteiro Lobato (1979), Vladimir Herzog (1982), Hebraica (1995), ECO (2002) e Borba Gato (1996).