Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista sudanesa é condenada por ‘indecência’

A jornalista sudanesa Lubna Hussein, que havia sido detida por usar calças compridas em público, foi julgada na segunda-feira [7/9]. O tribunal a declarou culpada por violar as leis de decência do país e a obrigou a pagar o equivalente a 200 dólares, mas a poupou de receber 40 chicotadas. Lubna foi presa em julho quando estava em um café no centro da capital, Cartum. Ela e outras 12 mulheres que usavam calças compridas no local foram acusadas de falta de decoro.

Algumas das mulheres se declararam culpadas, receberam 10 chicotadas cada uma, e foram libertadas. A jornalista, entretanto, decidiu protestar contra a rígida interpretação da lei islâmica adotada no Sudão. Ela pediu demissão de um emprego nas Nações Unidas, que lhe daria imunidade, e enfrentou o julgamento. Seu plano deu certo: o caso chamou atenção internacional.

Sem defesa

Uma das advogadas de Lubna afirmou que o juiz só permitiu que policiais testemunhassem e não deixou que a jornalista se defendesse. ‘Ele não nos deu nenhuma chance’, declarou. Após o julgamento, Lubna, uma viúva de 34 anos, afirmou que não pagará nem um centavo da multa. O juiz ameaçou prendê-la por um mês se ela não o fizesse, mas ela respondeu que não se importava. ‘Seria uma chance de explorar as condições da cadeia.’

A jornalista ainda andou pelas ruas de Cartum com a mesma calça que causou a confusão e foi presa no fim do dia. Em uma entrevista na semana passada, Lubna deixou claro que é islâmica e entende as leis islâmicas. ‘Mas eu pergunto: em que lugar do Corão é dito que mulheres não podem usar calças?’. Informações de Jeffrey Gettleman e Waleed Arafat [The New York Times, 7/9/09].