Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Josh Wolf é libertado nos EUA

O videojornalista freelancer Josh Wolf, preso por 226 dias por se recusar a fornecer informações à justiça americana, foi libertado na terça-feira (3/4). Aos 24 anos, ele foi o jornalista que mais tempo ficou na prisão nos EUA por não colaborar com um grande júri.


Wolf passou mais de sete meses em uma casa de detenção na Califórnia por desobedecer à ordem de entregar a autoridades federais uma gravação de vídeo de um protesto de rua em São Francisco, durante a cúpula do G-8, em 2005. Na confusão, policiais entraram em conflito com manifestantes – um policial foi ferido e um carro da polícia, incendiado.


Os investigadores do caso tentavam descobrir os responsáveis pelos atos de violência contra a polícia, e acreditavam que Wolf, que havia divulgado parte da gravação na internet e vendido parte dela para emissoras locais, teria estas imagens. Em um acordo com os promotores, o jornalista postou online a filmagem inédita que havia negado à justiça logo após ter sua soltura aprovada pelo juiz William Alsup.


Protegido ou não?


A gravação, entretanto, não mostra os atos de agressão, afirmou o advogado de defesa, David Green. Os promotores disseram que não devem insistir que Wolf testemunhe diante do grande júri, mas deixaram aberta a possibilidade de intimá-lo novamente no futuro.


Enquanto os advogados do jornalista alegavam que, pela Primeira Emenda, ele tinha o direito de recusar a intimação para revelar imagens inéditas, o juiz citou uma determinação da Suprema Corte de 1972 segundo a qual a constituição americana não habilita repórteres a reter fontes confidenciais ou material não publicado durante uma investigação federal ou de um processo criminal.


O tempo de prisão de Wolf ultrapassou o de Vanessa Legget, jornalista freelancer de Houston que passou 168 dias na cadeia entre 2001 e 2002 por se recusar a revelar material não publicado sobre um caso de assassinato. Informações de David Kravets [AP, 3/4/07].


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Diplomata ameaçada em jornal do Zimbábue


A diplomata britânica Gillian Dare foi ameaçada em uma coluna no jornal estatal Herald, no Zimbábue. David Samuriwo, crítico ferrenho do partido de oposição Movimento para a Mudança Democrática (MMD), é colaborador regular no jornal. Esta semana, ele acusou Gillian de liderar uma campanha ‘de terror e propaganda’ antigoverno e alertou que ela pode acabar morta. Ainda segundo o texto opinativo de Samuriwo, a diplomata teria uma verba para pagar jornalistas, acadêmicos e políticos de oposição zimbabuanos para atacar o presidente Robert Mugabe.


O polêmico colunista, que no mês passado acusou a embaixada dos EUA de financiar uma ‘violenta campanha’ do MMD, afirmou que Gillian também financia a violência perpetrada pelo partido de oposição. Segundo ele, a diplomata ‘deve ter consciência de que, ao jogar a etiqueta diplomática no lixo, ela se tornou alvo de deportação’. Samuriwo escreveu ainda que ela foi classificada como espiã por parte da imprensa zimbabuana e que ‘pode, um dia desses, ser pega em meio a um fogo cruzado enquanto brinca de enfermeira noturna de hooligans do MMD presos’. ‘Seria uma pena que sua família a buscasse no aeroporto de Heathrow em um saco para cadáver, igual a alguns de seus colegas do Iraque e do Afeganistão’, completou.


Ameaças inaceitáveis


O governo britânico declarou que chamou o embaixador zimbabuano em Londres para ‘ouvir nossas sérias preocupações’. ‘As ameaças diretas e agressivas feitas no Herald contra um membro de nossa equipe são chocantes e absolutamente inaceitáveis. As autoridades do Zimbábue são responsáveis por proteger nossos diplomatas’, afirmou uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.


O governo zimbabuano acusa o governo britânico de interferir na política do país e de querer tirar do poder o presidente, hoje com 83 anos. Governos ocidentais criticam constantemente as políticas repressivas de Mugabe. No mês passado, diversos membros da oposição, incluindo o principal líder do MMD, Morgan Tsvangirai, foram detidos e espancados quando tentavam comparecer a uma manifestação que o governo alegou ser ilegal.


Com o país em crise, Mugabe põe a culpa em uma suposta ‘sabotagem ocidental’, mas críticos estrangeiros dizem que a situação atual do Zimbábue é resultado da má-administração crônica do presidente. A inflação hoje ultrapassa 1.700% e a taxa de desemprego chega a mais de 80%. Informações da Reuters [3/4/07].