Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Livro e Fundação o celebram jornalista

Desde que extremistas islâmicos seqüestraram e assassinaram o jornalista americano Daniel Pearl no Paquistão, em 2002, seu pai, Judea Pearl, vem tentando encontrar um significado para as últimas palavras do filho, divulgadas em um vídeo distribuído pelos terroristas pela internet. ‘As pessoas freqüentemente nos perguntam se não queremos nos vingar. Sim, nós queremos. O ódio levou nosso filho e nós vamos lutar intensamente contra este ódio pelo resto de nossas vidas’, disse Pearl no Templo Sholom, a convite da Jewish Family Services de Greenwich, nos EUA, que ajuda a promover a comunidade judaica.

O repórter, que completaria 42 anos em outubro, era chefe da sucursal do Wall Street Journal no sul da Ásia e investigava vínculos entre militantes islâmicos e Richard C. Reid, preso meses antes em um vôo de Paris para Miami com explosivos nos sapatos. Depois de sua morte, a família de Pearl criou a Fundação Daniel Pearl para lutar contra o ódio e promover a compreensão entre culturas. A ONG financia um programa que convida jornalistas muçulmanos a trabalharem em uma redação americana por seis meses. ‘Um investimento em um jornalista é um investimento em milhares e milhares de leitores’, explica Judea Pearl.

‘Eu sou judeu’

Uma das últimas frases de Pearl antes de morrer virou o título de um livro escrito pelo pai do jornalista no ano passado, I am a Jewish: Personal Reflections inspired by the Last Words of Daniel Pearl (Eu sou judeu: Reflexões Pessoais inspiradas nas Últimas Palavras de Daniel Pearl, tradução livre). A família do jornalista entrevistou 300 personalidades para colher depoimentos sobre o que significa ser judeu, e os colocou no livro.

A outra frase de Daniel Pearl registrada no vídeo de sua execução teria sido: ‘Na cidade de Bnei Brak [em Israel] existe uma rua que leva o nome de meu bisavô, Chayim Pearl, um de seus fundadores’. Judea Pearl questiona o que o filho quis dizer ao contar esta história. ‘Naquela frenética corrida contra bilionésimos de segundo, por que ele teria falado sobre aquela quase esquecida história do nosso arquivo de família? Como vocês podem imaginar, me perguntei esta questão milhões de vezes nos últimos anos’, revelou. ‘A resposta é que meu filho queria mandar alguma mensagem de esperança para o resto do mundo’, respondeu ele.

O avô de Daniel Pearl era líder de uma corrente judaica que ajudou a fundar, junto com outras famílias que deixaram a Polônia, uma das cidades mais religiosas de Israel. Para o pai do jornalista, ele quis lembrar aos outros da possibilidade de um futuro. ‘Somos construtores de cidades. A verdade é que não temos sido perfeitos. Nossas ações são destruídas por materialismo e egoísmo. Mas somos ainda os maiores exportadores do mundo de esperança, pluralismo, tolerância, igualdade e liberdades básicas’, afirmou Judea Pearl. Informações de Hoa Nguyen [The Stanford Advocate, 8/11/05].