Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Mais um suspeito na lista de fontes do vazamento

Richard L. Armitage, ex-subsecretário de Estado dos EUA, pode ter sido a fonte que revelou a identidade secreta de Valerie Plame, noticia Philip Shenon [The New York Times, 23/8/06]. A identidade da ex-agente da CIA foi divulgada pela imprensa em 2003, dando início a uma longa investigação para se descobrir se alguém do governo Bush vazou a informações confidencial. Há suspeitas de que o vazamento tenha ocorrido em represália ao marido de Valerie, o ex-embaixador Joseph C. Wilson IV, que havia publicado artigo no New York Times no qual questionava as razões do presidente americano para ir à guerra contra o Iraque.

A divulgação dos registros dos encontros de 2003 de Armitage renovou as suspeitas de que ele teria sido o primeiro a contar ao jornalista do Washington Post Bob Woodward sobre a identidade da agente secreta da CIA. Os documentos, inicialmente obtidos pela Associated Press através de um pedido do Ato de Liberdade de Informação para o Departamento de Estado, mostram que Armitage havia marcado, em 13 de junho de 2003, um ‘encontro particular’ com Woodward, repórter do Post que ficou famoso na década de 70 pelo caso Watergate.

Em novembro do ano passado, Woodward, que tinha acesso ao presidente Bush e a autoridades do alto escalão, deu início a uma especulação de nomes quando revelou que um ‘atual ou ex’ funcionário do governo havia lhe contado sobre a ex-agente da CIA, em junho de 2003. Tal revelação teria acontecido alguns dias antes de qualquer outro repórter ter tomado conhecimento da conexão de Valerie com a CIA. Na época, Woodward recusou-se a informar o nome de sua fonte, alegando que ela o havia autorizado a conversar com o promotor Patrick Fitzgerald, responsável pela investigação, mas não a revelar o seu nome publicamente.

Sem confirmação

Benjamin C. Bradlee, ex-editor-executivo do Post que guiou Woodward em sua reportagem sobre o Watergate na década de 70, especulou que Armitage seria a ‘possível fonte’ do vazamento. Bradlee ressaltou, entretanto, que a especulação não era baseada em informações dadas por Woodward.

Armitage, que deixou o Departamento de Estado em fevereiro de 2005, recusou-se a confirmar a alegação de que teria sido a fonte de informação sobre Valerie para Woodward ou para Robert Novak, colunista que primeiro divulgou na imprensa o nome da agente, em texto publicado em 14 de julho de 2003. Foi a coluna de Novak que fez com que a CIA pedisse uma investigação ao Departamento de Justiça.

A investigação comandada por Fitzgerald levou ao indiciamento, em outubro do ano passado, de Lewis Libby, ex-chefe de Gabinete do vice-presidente Dick Cheney. Libby era acusado de obstrução à justiça e falso testemunho ao informar aos investigadores que ficou sabendo da identidade de Valerie através de repórteres, e não de outros funcionários do governo. Quando indiciou Libby, Fitzgerald o descreveu como o primeiro funcionário do governo a discutir a identidade de Valerie com a jornalista Judith Miller, que trabalhava então para o diário New York Times, em uma conversa em 23 de junho de 2003. A agenda de Armitage mostra que ele teve um encontro com Libby também em junho de 2003, por 15 minutos; o tema do encontro não foi especificado.