Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Mario Vitor Santos

‘De todo o festival de hipóteses e afirmações supostamente definitivas que marca a cobertura com o acidente do Airbus da TAM, apenas uma coisa é certa: com todas as evidências que vão surgindo, inclusive com a gravação do diálogo da cabine, não é possível condenar ninguém. Nem inocentar. Nessa cobertura, parcela da mídia deixou-se conduzir pela ânsia de associar o acidente em Congonhas ao caos aéreo no país e, assim, responsabilizar as condições da pista e o governo federal.

Faça o que fizer a partir de agora, essa mídia já errou. Contra ou a favor do governo, todos deixaram-se levar precipitadamente a uma disputa de adivinhações cujo verdadeiro tema de fundo é apenas um: culpar ou não culpar o governo Lula. A dúvida sobre o que ocorreu foi trocada pelas certezas. O jornalismo criterioso e prudente, baseado em evidências, no confronto e na interpretação minuciosa de informações, foi substituído pelo fla-flu da manipulação política.

Como não deu certo, boa parte da mídia atravessa agora constrangida uma fase de esconder ou explicar porque, com base nas informações existentes, não se sustentam as conclusões que ela mesma havia sugerido. Apesar de num primeiro momento os veículos terem comprado a possibilidade de falha humana, os especialistas, peritos e as máquinas de gravação que é provável que a pista não tenha causado o acidente.

A essa altura já é possível, então, chegar a um juízo final, sob o ponto de vista da ética jornalística. Seja qual for o desfecho, a cobertura foi um fracasso, repetindo, como resultante geral, desvios já ocorridos em coberturas anteriores. Os veículos jornalísticos moveram-se em grupo pautando-se pela discussão da culpa ou inocência de Lula. Isso inclui todos, a favor ou contra o governo. Se houve órgãos que se destacaram mais do que outros na escolha de hipóteses erradas (expressando interesses claramente políticos) para basear seu trabalho, não houve nenhum (inclusive o iG) que se destacasse pelo oposto, ou seja por evitar avançar conclusões feitas com base em ‘apurações’ de qualidade duvidosa.

Isso só reafirma o valor de trabalhos jornalísticos como o de Fernando Rodrigues, da Folha (que teve acesso ao diálogo na cabine do avião na hora do acidente), e Marcio Aith, da Veja. Trouxeram a público informações inéditas, na contramão do que prevalecia na cobertura, mas que nem assim permitem qualquer conclusão sobre responsabilidades, tomada com base em fatores isolados.

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Os internautas reclamam e o iG responde (3/8/2007)

O ombudsman do iG realizou 845 atendimentos em julho, o segundo mês de trabalho, contra 310 atendimentos em junho, o que representa um crescimento de 172%. O salto deve-se a três fatores: os problemas havidos com dezenas de milhares de e-mails gratuitos que foram perdidos, a estréia da nova capa do iG e a maior divulgação do trabalho do ombudsman.

Há um mês, em 2 de julho ocorreu o lançamento da nova capa do iG, mais harmoniosa e organizada, embora menos jornalística num primeiro momento. De todas as manifestações dos internautas, cerca de um terço (254) foram sobre problemas com e-mails. O mês de julho, além dos problemas nos servidores de e-mails, marcou também o começo da migração de dezenas de milhares de contas de correio eletrônico para uma nova plataforma, administrada em parceria com o Google. O número de queixas sobre e-mails cresceu muito no início e foi caindo ao longo do mês. Deve diminuir ainda mais nos próximos meses, a partir de uma regularização dos serviços do iG.

Houve número relevante de críticas (42) a ‘outros serviços do iG’, ‘problemas de atendimento’(49) e ‘cobranças indevidas’(60). O setor de serviços (que inclui produtos e atendimento) recebeu ao todo 209 queixas via ombudsman.

A nova capa do iG gerou 54 manifestações de internautas. Isso é só uma parte das 228 mensagens relativas à área de conteúdo do iG, que engloba os temas ligados ao jornalismo e os diversos portais setoriais (Mulher, iGJovem, Gente e outros). Os internautas reagem ao conteúdo do iG porque esperam qualidade dele.

O ombudsman do iG está voltado principalmente a questões de conteúdo, mais especificamente à qualidade das práticas jornalísticas e à ética jornalística, mas também procura encaminhar e dar atenção ao iG como um todo. Nas áreas de Conteúdo, Publicidade e Marketing, os diretores têm recebido todas as mensagens e respondido as que demandam alguma solução. Nos setores de Serviços e Tecnologia, a área de atendimento do iG busca resolver o mais rápido possível as solicitações. A taxa de resolução dos problemas no mês foi de 81%. Algumas queixas, porém, demandam mais tempo e não é raro receber mais de uma mensagem do mesmo internauta cobrando solução mais rápida.

Para lidar com esse número tão grande de demandas num período curto, o ombudsman tem recebido a ajuda de diversas áreas do portal para desenvolver ferramentas e rotinas de trabalho rápidas e eficientes. O objetivo é fazer jus à credibilidade que os internautas e toda a equipe do portal vêm depositando neste novo serviço.

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Conversa Afiada: o ataque e defesa (3/8/2007)

Depois que publicou as críticas ao Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, o blog do Ombudsman recebeu, em apenas dois dias, quase trinta mensagens a favor do jornalista. Leia abaixo as manifestações em defesa do Conversa Afiada.

‘Caro Ombudsman:

Na seleção de comentários não havia nenhum favorável ao Conversa Afiada? Nesse caso, eu me candidato. Aos descontentes com o Paulo Henrique e satisfeitos com a Globo, recomendo: não o leiam, assim como nos recomendam usar o controle remoto para evitar conteúdo que nos desagradam na TV. Eu, por exemplo, não leio o Diogo Mainardi nem peço à Abril para censurá-lo…’

Carlos Siqueira

‘Caro Mario. Parabéns pelo desempenho em sua nova função. Quanto ao conteúdo de ’Conversa Afiada’ não tenho nenhuma restrição, pois ele serve como um contraponto aos outros colunistas que leio para, ao final das leituras, tentar chegar a uma informação mais precisa. Penso que o contraditório é essencial para se ter clareza do que está se passando. É preferível que o Paulo Henrique responda por seus excessos do que tê-lo calado. Um abraço.

Flavio

‘As reclamações contra o site do PHA não fazem sentido. Eu vou na globo.com e vejo ’jornalista’ que se dizem trabalhar com informação fazendo sua campanha opinativa contra o governo. Mas esses não têm a coragem do PHA de colocar às claras seus pontos de vista como o PHA faz em não coma gato por lebre. Mas o IG tem um mérito ainda maior, além de manter os glogs do mino e do PHA é trazer essa discussão através de seu Ombudsman. Coisa que os outros meios de comunicação não têm.’

Roberto S

‘Agora querem mandar embora o Paulo Henrique Amorim? Jornalista sério que nem o Paulo Henrique Amorim, não tem vez neste pobre Brasil. Paulo Henrique Amorim é maior do que o site OI.’

Henrique

‘Por absoluta falta de alternativa, escuto todas as manhãs a CBN, emissora do grupo globo. Diariamente, o Arnaldo Jabor vomita contra o governo, a Miriam Leitão só falta dizer que no tempo de D. João VI a economia ia melhor, a Lúcia Hipólito cria factóides, o decrépito Cony inventa coisas a partir do nada. Todos estes são sabidamente tucanos mas ninguém pede suas cabeças à globo. Pior, ainda, é o Heródoto Barbeiro, com uma suposta neutralidade, fazer entrevistas praticamente com pessoas só da oposição e fazendo perguntas com direcionamento para respostas possivelmente combinadas, também desfavoráveis ao governo federal (no Estado de São Paulo está tudo uma maravilha). E não há nenhuma oportunidade de qualquer ouvinte se contrapor, no ar, aos comentários torcidos. No iG a queixa é livre e sem censura. É um exemplo de espaço democrático que não pode ser eliminado somente porque certos donos da verdade se julgam superiores e não suportam opiniões diferentes.’

José Maria de Souza

‘Democracia ainda se pauta em liberdade de opiniões. E isto ainda não nos foi tirado. Respeito as opiniões de Paulo Henrique Amorim e Mino Carta, apenas deixo a sugestão de leiam (ou relieam) o livro ’A Revolução dos Bichos’ de George Orwell, e repensem suas responsabilidades como comunicadores e parem de uma vez de todas de chamar de golpistas as pessoas que não concordam com o petismo e seus inúmeros defeitos de caráter político e pessoal que este governo tem nos apresentado a olhos nus.’

Fernanda Ferreira

‘Já notaram que os leitores insatisfeitos do IG são sempre os mesmos e navegam pela internet inteira promovendo os blogs anti-lulistas? Isso é coisa de quem não tem o que fazer…ou é golpista.’

Nilza Bellini

‘Tem gente que não consegue conviver com a pluralidade. Melhor ler quem declara sua opinião do que aqueles que escondem-se atrás da tal imparcialidade, sempre eletiva. Por estas e outras, deixei de dar dinheiro para a FSP ou a Veja. Eles têm todo o direito de existir e quem concordar com eles que os sustentem. Mas sejamos honestos, imparcialidade não existe.’

Ronaldo Almeida

‘O que acho mais interessante nestas manifestações contrarias ao PHA é que elas são o símbolo do comportamento xiita da imprensa nativa. Estas pessoas que escrevem com tamanha sanha são os leitores de Veja e Estadão e quejandos. Nenhum deles se atreve a ler Caros Amigos ou qualquer revista que não compactue com seu pensamento de manada. E quanto ao NoMínimo, era um blog que nem sempre era critico ao governo, visto ter entre seus membros pessoas de alto nível intelectual que não fazem oposição à toa, mas que mostravam preocupação com os rumos do pais. Sinto muita saudade e acompanho alguns deles longe do iG. No mais, que viva a pluralidade em todas as formas de manifestações humanas. Chega de pensamento único!’

Ricardo Pereira

‘O ARNALDO JABOUR mete o pau todo dia no Governo Lula e as Organizações Globo não manda ele embora. Pergunto: Será por quê? Paulo Henrique Amorim sou seu leitor e fã, continue com suas críticas principalmente contra essa mídia golpista.’

Edmundo Bernardo

‘Como sempre Paulo Henrique foi claro, objetivo e trazendo um chamamento a um posicionamento crítico diante dos fatos. Faltou apenas uma sugestão, democrática como todas que sempre propõe: os leitores insatisfeitos do IG, que podem declarar essa insatisfação no fórum do Conversa, também podem optar por não lerem o Conversa! Que façam com o Conversa Afiada como eu faço com a Veja, o Estadão e com a Globo: não busquem, não leiam, não vejam. Não fico por aí clamando para que fechem tais jornais ou ocultem e calem tais e tais vozes com quais não concordo. Façam isso e deixem em paz a livre manifestação de pensamento. Deixem o homem trabalhar!’

Marcelão

‘Apesar de ser leitor assíduo do PHA, não o vejo como apenas contestador, mas sim de um informador, uma vez que o que ele levanta (suscita) sobre notícias, é de suma importância para aqueles que querem ver pela confrontação, quem está mais perto da verdade e quem está procurando iludir a opinião dos eleitores. Por que na verdade, todas as opiniões postadas têm como finalidade, um objetivo político eleitoral e oportunista. Cada qual com sua opinião partidária e de conformidade com seus princípios de ideais democráticos ou não. Ao ser a favor do Lula não o vejo como tal, apenas tenho o PHA como um jornalista que não fica sobre o muro e tem uma forma partidária toda sua. Ele vê como um tipo de enganação as ações de governos tucanos a favor das classes médias altas e médias como apropriadoras dos espaços dos menos favorecidos. É por isso que ele é muito combativo e procura desmistificar esta maneira malandra de querer enganar o público próprio (ao que me parece) de tucanos.’

Divaldo

‘É importante separar bem as coisas. Não concordo com as opiniões do Sr. Paulo Henrique e não gosto do ’estilo’ que ele imprime ao seu blog, mas defendo seu direito de expor suas idéias. O que se questiona é o destaque exagerado que o IG dá às opiniões desse senhor. Além de espaço fixo na capa do site, as chamadas desse colunista invadem freqüentemente as manchetes sobre Brasil, Economia, Mundo, Cultura, Educação, etc., numa proporção visivelmente maior do que se verifica com outros colunistas. O resultado disso é que as opiniões discutíveis do Sr. Paulo Henrique assume ares de fatos inatacáveis.’

Marcelo

‘Olá, Mário Vitor, sou jornalista e entendo que – desculpem, leitores – o espaço dado ao Paulo Henrique Amorim, é de opinião e ponto final. Ou seja, quem quiser ler, acesse. Quem não quiser, não leia. Agora, vi comentários que tratam do fato de o site colocar chamada na home como se fosse notícia. Com isso, o leitor entra no Conversa Afiada achando que está lendo alguma notícia. Esse é um ponto que acho legal ser analisado., pois induz o leitor a acessar algo que julga ser relevante e ler algo com o qual não concorda – por ser opinativo. Não quero fazer juízo de valor sobre isso, mas sugiro que debatam a possibilidade de deixar mais claro na home todo conteúdo considerado opinativo. Abraços’

Fábio Couto

‘Antes de mais nada, parabéns ao IG pela pluralidade ímpar de seu conteúdo. Nenhum outro sítio da internet Brasileira , guardada as devidas proporções, da voz a todas as opiniões que se vê no IG. Agora o interessante é, muitos espernearem acreditando que sua visão à respeito do Brasil é a visão da maioria, e esquecem-se que sequer convivem em meio à maioria. Esquecem-se até mesmo que a internet é um meio de comunicação das minorias… Dizem até que o PHA, junto com Mino, Chagas, Nassif e outros, estão fomentando uma ’guerra de classes’… Mal sabem eles que a ’classe’ a ser manipulada mal sabe o que é a Internet…’

Fábio

‘A existência de Mino Carta e Paulo Henrique Amorim no IG, são as únicas garantias de um mínimo de democracia na mídia brasileira, já que todos se especializaram em tentar derrubar o Lula. Sem eles, o que nos resta?’

Sylvia Manzano

‘É o que temos de excelência no iG. Um ’canal’ de Opinião. E Paulo Henrique explicita esse fato e o faz com competência. Totalmente livre! Parabéns pois ao PHA, como ao IG, por tê-lo em seus quadros.’

Maria Lucia Marconde

‘Eu adoro o Conversa Afiada do Paulo Henrique Amorim’

Henrique

‘Será que elles também mandam carta para a Veja censurando o REI AZEDO?? E o outro que critica o PHA pela chamada ’FHC que liberou pista de Congonhas’, será que ele critica o noticiário que culpava o Lula pelo acidente da TAM??? Devem ser todos do AFF!!!’

José Marcos

‘Vibro muito com o espaço do PHA em um dos portais mais visto pelos brasileiros. Esse terreno tinha de ser polarizado. É muito injusto temos um pool de grandes mídias (Folha / Estadão / Veja / O Globo / TV Globo) trabalhando somente em prol do PSDB. E não venham me dizer o contrário. A única coisa que não admito no PHA, é ele colocar algumas informações (dos opositores) sem checar a informação (um dos princípios básicos do jornalismo). E não digo isso por ser purista, mas por torcer para que ele não perca a credibilidade. Precisamos dele, do Mino, etc, enfim, precisamos polarizar, dar grito a outras torcidas, e não só ouvir; ’Mengão!’. Entendem?! Que ele continue assim e com saúde, porque, diante deste grupo CANSEI, organizado por um representante mor da OAB… Precisaremos de muita energia para combater o golpe

Janaina

‘Paulo Henrique Amaorim é impagável! Além de crítico, sério e justo, sua ironia com as hipocrisias da grande imprensa são hilárias! É uma das principais razões de eu ter abandonado uol e terra, que são parcialíssimas contra o atual governo, e acessar apenas o IG que destaca tanto suposto jornalismo favorável quanto oposicionista. PHA é uma das melhores páginas da internet!!’

MRCL

‘Apoio entusiasticamente o Conversa Afiada que mostra um outro lado das notícias, lado este muito mais próximo da verdade. Faço votos de que PHA continue o bom trabalho para despeito da tucanada’

Walmir

‘Nossa. PHA pega leve demais e eles já estão chiando? Deveriam ler www.horadopovo.com.br Vão considerar o PHA moderado!!!’

Pires

‘Sr.ombudsman, boa noite… quero parabenizar o Paulo Henrique Amorim pelo trabalho e que ele fique muito tempo neste espaço sendo uma voz diferente no meio de uma mídia golpista que não respeita a maioria do país que elegeu lula seu presidente. Neste momento em que a classe média prepara mais um golpe contra a nação, me apoio no Paulo Henrique Amorim. Acho que esses que pedem a saída do Paulo Henrique entendem pouco de democracia …’

Adenilde Petrina Bis

‘PHA você está com razão… um dos únicos jornalistas que dizem a verdade nesse país….um país de imprensa atrelada aos oportunistas desses país..que não querem ver pobre …melhorar um pouco de vida. Essas pessoas que sempre usufruíram de favores políticos e papai e mamãe, tem que se conscientizar que chegou a hora do povo.’

Sergio

‘Bom dia. Considero o site Conversa Afiada excelente, e torço para que apareçam mais blogs como esse, para fazer um contraponto às Vejas e Estadões de costume. Aos que consideram PHA imparcial, recomendo a leitura dos blogs de Ricardo Noblat, Fernando Rodrigues e as colunas de Miriam Leitão e Lúcia Hippólito, os recordistas em parcialidade!’

José

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A opinião de Paulo Henrique Amorim (1/8/2007)

A respeito dos textos que publicou abaixo sobre o Conversa Afiada, o ombudsman recebeu a seguinte manifestação do jornalista Paulo Henrique Amorim:

‘Caro Mario,

Seu texto é impecável.

Não tenho nada mais a declarar.

Uma única observação – provavelmente inútil.

Para o meu gosto falta, sim, pluralidade ao iG.

Na seleção dos textos da capa do Último Segundo – que, em geral, reproduzem automaticamente o que diz a mídia conservadora (e golpista) – e no elenco de colunistas. Ficamos eu e o Mino Carta a carregar nas costas o pejorativo ‘lulista’.

Se você quiser, para assegurar a pluralidade nesse capitulo, tenho várias sugestões a fazer – especialmente de possíveis colunistas FORA de São Paulo.

Para deixar claro que levo muito a sério a minha independência, processo no crime e no cível o Diogo Mainardi, que me acusou de auferir vantagens com esse suposto ‘lulismo’. Não reconheço em nenhum colunista brasileiro autoridade para questionar a minha independência.

Quanto aos leitores do iG podem – e devem – dizer o que bem entendem. Como fazem, aliás, no espaço ‘comentários’ do Conversa Afiada. Abraços’

Paulo Henrique Amorim

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A ‘Conversa Afiada’ do iG (31/7/2007)

Este ombudsman vem recebendo dezenas de manifestações de leitores inconformados com o site ‘Conversa Afiada’, assinado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim. Muitos leitores reclamam que o site defende o governo Lula. Dizem ainda que Amorim ataca a Rede Globo. Não concordam que Paulo Henrique se posicione contra a ‘mídia golpista’, como ele denomina a imprensa crítica do governo. Os leitores discordam de Paulo Henrique e contestam sua agressividade. Não entendem também por que o iG mantém um espaço exclusivo reservado para Paulo Henrique Amorim na capa do portal. Em relação ao site de Amorim, é importante esclarecer que se trata de um espaço de opinião, em que se pratica jornalismo opinativo. A opinião de Paulo Henrique Amorim e sua visão política representam um dos pontos de atração (e rejeição) do iG.

Aviso ao leitor: a partir deste ponto, vou entrar em uma argumentação mais complicada sobre o próprio jornalismo. Se você quiser pular essa parte e saber logo a minha opinião, vá para o penúltimo parágrafo.

Uma questão permanente do jornalismo diz respeito à existência da neutralidade e da objetividade jornalística. Ou seja, o leitor é mais bem servido se obtém informações de alguém que declara suas preferências políticas ou é melhor confiar em quem se apresenta como neutro e objetivo? Na minha opinião (já estou eu opinando), uma análise do jornalismo deve procurar distinguir informação e opinião. São dois campos conectados, mas podem ser distintos e é preferível que assim sejam tratados por quem faz e lê.

O jornalismo informativo procura o máximo possível a chamada informação neutra, objetiva, imparcial. Por exemplo, a notícia de que morreram 199 pessoas no Airbus da TAM é imparcial, ou seja, todos reconhecem esse número e o admitem. Trata-se de um número triste, mas que pode ser constatado. É relativamente fácil falar de informação imparcial quando o assunto é O número de mortos, embora até em relação a isso sempre possa haver disputa.

A informação sobre quem são os responsáveis pelo acidente (TAM ou Infraero, Anac e governo) é bem mais sujeita a dúvidas, questionamentos, laudos e especulações. Há uma torcida pelas informações e pelas suas óbvias repercussões políticas. Isso mostra que até o jornalismo informativo está bem sujeito a influências subjetivas, políticas, emocionais. Isso não quer dizer que todo o lado subjetivo do jornalismo informativo seja automaticamente influenciado pelas preferências políticas dos veículos ou dos jornalistas. A revista ‘Veja’, por exemplo, considerada consistentemente de oposição ao governo Lula, acaba de divulgar como novidade uma reportagem de capa que faria qualquer um vibrar no Palácio do Planalto. Com base em informações que já haviam sido antes divulgadas pelo jornal ‘O Estado de S.Paulo’, o veículo afirma que as caixas-pretas (ali onde a objetividade das informações colhidas por sensores sobrevive até a choques e a temperaturas de mais de mil graus) revelam que a responsabilidade do acidente é do comandante, que cometeu uma falha ao pousar.

Note que o sentimento supostamente oposicionista da ‘Veja’ foi mais fraco do que a avidez pelo ‘furo jornalístico’. A competição com outros veículos supera as inclinações políticas. Para continuar esse balé de troca de posições, a informação da ‘Veja’ está sendo contestada pelos peritos do próprio governo que foram aos Estados Unidos acompanhar a extração dos dados da caixa-preta. Isso também é interessante, pois, em tese, o governo deveria (se fosse se guiar apenas por interesses políticos e agisse como um corpo unitário) apoiar as informações e a interpretação implícita na informação de que houve falha humana, para assim se eximir da culpa. O destaque para certas informações e os interesses políticos dos que as fornecem podem estar ligados, mas nem sempre a conexão é simples, ou seja, nem sempre, funciona direta e automaticamente e às vezes ela apenas não existe.

Desde que seja assumida como opinião, com autor e preferências declaradas, não cabe a ninguém, nem a este ombudsman, restringir as avaliações que este ou aquele ‘colunista’ quiser expressar sobre o governo Lula, a Rede Globo, ou quem quer que seja. Como regra geral, o ombudsman não discute a opinião, seja de Paulo Henrique Amorim, de Mino Carta, ou de qualquer colunista veiculado pelo iG. Faz parte dos direitos do jornalista, do colunista e do cidadão poder ter e divulgar a sua opinião. Pode ser, porém, que ao expressar essas opiniões, o jornalista ataque a honra ou calunie pessoas e instituições. Isso sim merece ser apurado caso a caso, em especial quando pessoas ou instituições julguem-se especificamente prejudicadas e solicitem uma atuação do ombudsman. Neste caso, o ombudsman tem obrigação de apurar.

Dos diversos blogueiros e colunistas do iG, o mais (embora não o único) denunciador do suposto golpe contra o governo Lula é Paulo Henrique Amorim. ‘Conversa Afiada’ tem espaço reservado na parte superior da capa do iG. Paulo Henrique ocupa esse espaço não por denunciar os que criticam o governo Lula, mas por seu peso específico como comunicador, jornalista e apresentador de TV. Entretanto, é evidente que os colunistas de oposição a Lula não têm o mesmo destaque na capa do iG. O atento Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, por exemplo, exerce uma vigilância sobre o Palácio do Planalto. Suas opiniões merecem destaque na capa do iG. Mas, a rigor, não há entre os colunistas que o iG mais destaca um opositor sistemático da atuação do governo Lula. (Não cabe aqui discutir, para não desviar o foco, se o que falta ao iG sobra nos outros veículos). Esse desequilíbrio do iG agravou-se com a saída do NoMínimo, que entre os blogs do portal tinha uma posição crítica em relação ao Planalto. Assim, num sentido mais geral, está faltando ao iG algo básico no bom jornalismo: mais pluralidade.

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A versão do iG (31/7/2007)

Em relação às críticas recebidas, o diretor de Conteúdo do iG, Caique Severo, afirmou que o portal defende a pluralidade de opinião e que não interfere no trabalho de seus colunistas. Veja abaixo a resposta do diretor.

‘O iG informa que tem entre seus príncípios apresentar diversidade de opiniões no seu conteúdo, daí sua aposta firme não somente em colunistas de diversos matizes como na capacidade do cidadão internauta criar conteúdo e emitir opinião. O iG também frisa que não só respeita como defende a liberdade de expressão. No que toca aos colaboradores regulares, as opiniões são expostas principalmente na página específica do Último Segundo em http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/ e também nos destaques na homepage entre os quais se destaca o trabalho do respeitado jornalista Paulo Henrique Amorim que, como todos os colaboradores do portal, inclusive os colaboradores internautas, nunca sofreu nem sofrerá restrição à sua liberdade de pensar e de expressar suas idéias. O iG também informa que na semana passada começou a utilizar com mais freqüência o espaço da caixa Último Segundo na homepage para dar chamadas para os textos de opinião dos seus mais diversos e pluralistas colunistas.’

Caique Severo, diretor de conteúdo do iG’