Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mídia não debate as contradições

Confesso que meu ânimo não é dos maiores diante da ideia de escrever mais um artigo. Redigir qualquer coisa que faça uma certa lógica. Podem esculhambar este desânimo, eu deixo. Jornalista tem mais é que dizer mesmo, meter informação em todo lugar onde ela for necessária. Por favor, também não se assombrem com o vocabulário. Simplesmente resolvi fazer jus ao que tenho visto, ouvido, lido por aí.

Tanta incoerência me causa dores terríveis no estômago. Todavia, meu estômago não chega a ser problema. Problema é estarmos presenciando um atentado à democracia da pior espécie. Atentado velado.

Qualquer ser que pense, imploro, seja atento: espalhar correntes na internet satanizando posições favoráveis ao aborto e à união civil estável entre pessoas do mesmo sexo para depois pronunciar-se em rede nacional tão favorável quanto os outros partidos a este mesmo tipo de união, além de omitir a normatização do aborto em casos de estupro e risco à vida da mãe durante a atuação no Ministério da Saúde não é incoerência? Fazer campanha senso comum, taxando brasileiros de palhaços bancadores de bolsas e prometer décimo terceiro para o Bolsa Família não é incoerência? Dizer que o atual governo é censor e ser apoiado por um jornal que demitiu uma funcionária por manifestar sua opinião de forma honesta e aberta não é incoerência?

Nada de pluralidade, nada de respeito, nada de ética

A dúvida é direito de todos e a considero saudável. O que não considero saudável é a conivência. Não podemos ser coniventes com candidato ou partido que faz alianças não assumidas. Que manipula e confunde discussões. Que se aproveita da simplicidade de uma população para rotular seu voto.

Mesmo que os maiores veículos de comunicação se empenhem de forma tamanha em uma campanha que prefiro chamar de golpe, ainda não consigo deixar de dizer o que querem calar. Liberdade de imprensa é diferente de liberdade de expressão e ambas exigem responsabilidade.

Repito, a sensação de nadar contra a corrente faz com que pensemos em nada dizer. Faz a gente desacreditar em um mínimo de análise, um mínimo de crítica. Apesar de ter o fôlego abalado, a fé e a vontade de apresentar os fatos tais como eles são relembram e cobram a verdadeira função do Jornalismo: informar com veracidade.

Neste segundo turno, me apanho numa inquietação. O que seria mais grave? Não explicitar o apoio e a opinião política dos veículos de comunicação fora de seus editoriais ou não debater a contradição da campanha tucana? Parece um jogo de tudo ou nada. As oligarquias têm e vêm com tudo, a democracia fica com o nada. Nada de pluralidade, nada de respeito, nada de ética.

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Estudante de Jornalismo da Universidade Norte do Paraná, Londrina