Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Muita falatório, pouca investigação

Futebol e política são indissociáveis. Está em curso uma investigação do Ministério Público de Brasília que complicará ainda mais a vida do governador José Roberto Arruda. O diagnóstico inicial aponta para duas irregularidades envolvendo a candidatura de Brasília para abrigar jogos da Copa do Mundo de 2014 e o repasse indevido de dinheiro público no jogo amistoso entre a seleção do Brasil x Portugal, em 19 de novembro passado, no DF.


E o que faz a imprensa esportiva nacional diante desse e de outros escândalos que envolvem o esporte mais praticado no território nacional? Absolutamente nada.


Diariamente são apresentados programas esportivos tendo o futebol como tema central em praticamente todas as emissoras de TV, e o que vemos além de bate-boca entre os participantes, intermináveis e inúteis discussões sobre lances polêmicos, fofocas entre cartolas, gols da rodada e merchandising abusivo? Não vemos nada além disso.


Onde está a capacidade investigativa dos repórteres esportivos em ajudar a passar o futebol brasileiro a limpo?


Tempo medido


Não adianta nada dizer que os dirigentes da CBF e suas respectivas federações são péssimos administradores e incompetentes. Isso somente gera processos por calúnia e difamação, pois ninguém consegue provar nada e, como o ônus da prova cabe a quem acusa, antes de dizer algo é preciso provas cabais que somente são obtidas por meio de investigações sérias e imparciais.


É preciso informar ao distinto público torcedor o que está ou o que levou os clubes brasileiros a esse estado de insolvência em que se encontram. É preciso investigar a origem do dinheiro que mesmo assim os clubes conseguem captar para contratar jogadores renomados. Quem ganha com isso? As parcerias? O empresário? O jogador? O clube? O cartola? A resposta fica com a imprensa, pois eu só sei informar quem perde – ou seja, o torcedor e o futebol.


A cobertura do futebol situa-se muito antes do apito inicial do árbitro e muito depois do apito final. Ela não pode ter limites, ou pelo menos não deveria. Será que teremos que saber sobre as verdades que assolam o futebol brasileiro somente nas seções de política dos jornais escritos e falados? Ou o papel da imprensa esportiva resume-se somente durante os noventa minutos e seus acréscimos?

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Fisioterapeuta, Ivaté, PR