Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O caso do seqüestro em Campinas

Há um detalhe sobre o desfecho do seqüestro que me intriga. É sobre a foto em que o seqüestrador é preso, na saída na casa, levado pelos policiais. Na foto mostrada nos jornais, ele aparece quase com o calção caído, mostrando sua cueca. A primeira página do jornal O Globo de sexta-feira (27/4) corta a foto, mas a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo mostram a foto sem cortar.


Eu entendo que é um criminoso, mas não é humilhante? Tinha necessidade de mostrar o cara de cueca? É claro que a polícia deveria ter o bom senso de ter colocado uma camisa no rapaz, mas aqui tratamos de observar a imprensa. Será que se fosse um criminoso rico, a polícia e a imprensa teriam tido o mesmo comportamento?


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Os meios de comunicação têm grande importância e responsabilidade com a sociedade. Contudo, nem todos os jornalistas possuem a devida preocupação e objetividade com os fatos. A recente nota publicada pela revista Playboy do mês de abril, intitulada ‘Rádio Zona’, serve de exemplo. Nela, o jornalista Tom Cardoso afirma que ‘prostitutas da Bahia montam uma emissora… voltada exclusivamente ao meretrício’. [ver ‘Prostitutas vão administrar rádio FM em Salvador‘]


É necessário esclarecer que a Rádio Zona é um projeto que nasceu na Aprosba (Associação das Prostitutas da Bahia), com chancela do Ministério da Cultura, mas possui autonomia. Nossa equipe é formada não só por prostitutas, mas também por profissionais das áreas de comunicação, serviço social, direito e psicologia. A programação da rádio será voltada para a promoção dos direitos humanos junto à comunidade do Centro Histórico de Salvador e não só ao meretrício!


O texto também apresenta depoimentos atribuídos erroneamente à coordenadora geral da Aprosba, Fátima Medeiros: ‘ Será uma rádio de serviço. Mas é claro que terá muito sexo. Nós vamos criar a primeira rádionovela erótica do país’. É importante salientar que nossos programas terão conteúdos diversos, com o intuito de combater o machismo, o racismo, a homofobia, a estigmatização das prostitutas e qualquer outro tipo de discriminação por identidade e profissão.


Num país que carece de esclarecimento, diálogo e educação (principalmente no plano sexual), não precisamos de veículos de comunicação que não construam uma cultura baseada nos direitos humanos. Não nos esqueçamos que um dos principais papéis dos meios de comunicação é informar e não estigmatizar e aumentar o preconceito contra qualquer parcela da sociedade. (Marilene Silva, Associação das Prostitutas da Bahia, Salvador, BA)


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Estou revoltado com os gastos desnecessários feitos pelos governos nos três níveis. Pode parecer mesquinharia da minha parte, mas somos obrigados a enxergar que moramos num país pobre, e cada real mal empregado pode resultar num prejuízo de milhão no futuro. Essa marcha de prefeitos a Brasília, com a pretensão de mendigar migalhas, custou milhões aos cofres dos municípios. Basta responder uma simples conta: 3.000 prefeitos x R$ 1000 de diárias e hospedagem; não levo em conta secretários e vereadores). Podem dizer que no futuro esse 1% de aumento no Fundo de Participação dos Municípios resultará em benefício para a municipalidade. Não sou tão otimista, tenho quase certeza de que gastarão esse dinheirinho extra em mais marchas, diárias e outras mordomias, legais mais imorais.


Peço a vocês do Observatório que observem esse detalhe tão esquecido, mas importante das nossas finanças. Queria saber como funciona a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que recebe um bom dinheiro de seus associados e ninguém sabe como gasta, pois quando se tem um evento patrocinado por ela são os cofres municipais que pagam, apesar de a Confederação afirmar ter outros patrocinadores.


A imprensa, para realmente realizar um bom papel público, devia se ater a essas questões conjunturais que podem resolver alguns problemas nacionais. Mostrar onde e como os governos trabalham bem e onde e quanto são ineficientes; largar as manchetes e abraçar a analise. (Edilson Luiz da Silva, funcionário público, Sanharó, PE)


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O assunto Escola Base voltou à midia pois uma das diretoras tentou processar criminal e civilmente as duas mães que denunciaram a escola. Todos os meios de comunicação que deram a notícia explicaram que o processo se refere à denunciação caluniosa, quando uma pessoa ‘acusa’ a outra com intenção de prejudicar. Chegaram ao cúmulo de dizer que as mães eram ‘foragidas’, o que é mentira. Pois bem: a Justiça considerou que o que as mães fizeram foi correto, foram até a policia para que fosse feita uma investigação de forma correta, e que se alguém estivesse na situação delas faria o mesmo. Curioso é que nenhum, nem o menor e menos importante meio de comunicação, noticiou este fato. Senão a mídia se enrolaria mais uma vez neste assunto em que ela acha que aprendeu o que tinha para aprender. (Cesar Moreira, vendedor, São Paulo, SP)

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Estudante, Fortaleza, CE