Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O crime escondido

Na quarta-feira (27/2) à noite, quando saia do trabalho na TV Cultura, bairro da Água Branca, em São Paulo, foi assassinado o jovem jornalista Alexandre Martins de Paula, de 25 anos. Três bandidos tentaram levar o seu carro, ele pediu socorro a uma patrulha que passava, os bandidos reagiram e o mataram com um tiro no peito. Um deles, menor de idade, foi preso com um revolver calibre 38.


No dia seguinte as rádios foram lacônicas, nenhum portal da internet destacou o crime e na sexta-feira (29), quando os jornais finalmente noticiaram o assassinato, foi enfiado no caderno local, sem qualquer destaque. Se fosse no Rio, seria assunto de primeira página. Em São Paulo, a imprensa sofre de pudores bairristas, por isso a população não tem idéia do grau de violência da cidade.


Até domingo (2/3), quatro dias depois, sequer sabia-se se o menor preso foi o autor do disparo – o assunto é tabu, pode levantar novamente a discussão sobre a questão da maioridade penal.


A mídia desempenha importante papel no combate à violência quando se dispõe a revelar suas dimensões. Se ela se retrai, descumpre sua parte no contrato com a sociedade. Neste caso, além disso, faltou solidariedade. Faltou humanidade.